Depois de sua melhor semana em mais de três meses, o Bitcoin (BTC) perde terreno pelo quarto dia seguido nesta terça-feira (12) em meio ao impacto dos ganhos do dólar nos mercados globais. O BTC é negociado com desvalorização de 3,7%, cotado a US$ 19.779,06, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum cai 6,6%, para US$ 1.067,62.
No Brasil, o Bitcoin recua 1,7%, para R$ 106.718,06, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins também registram perdas, como Binance Coin (-2,6%), XRP (-1,2%), Cardano (-3,2%), Solana (-4,9%), Dogecoin (-5,2%), Polkadot (-3%), Shiba Inu (-5,5%) e Avalanche (-4,9%).
Mergulhar abaixo da barreira dos US$ 20.000, vista como chave por muitos no mercado, parece não causar o mesmo pânico como no começo de junho, disseram analistas ao CoinDesk.
“Ouvi previsões de até US$ 8.000 por Bitcoin, mas já podemos ter visto o piso”, escreveu em nota Mati Greenspan, fundador da empresa de análise de criptomoedas e câmbio Quantum Economics.
Rumo do Bitcoin
Com o Bitcoin cerca de 70% abaixo da máxima em novembro passado, até investidores de longo prazo mais convictos sentem a pressão, aponta análise da Glassnode. Tanto detentores de longo prazo quanto mineradores estão no centro das atenções esta semana, enquanto o mercado busca encontrar um piso em meio à persistente incerteza macroeconômica.
Em outro relatório, a Glassnode destaca que as negociações estão concentradas entre o nível de resistência de US$ 21.000 e suporte de US$ 19.000 diante do baixo volume negociado em junho e menor liquidez nas exchanges. Além disso, investidores recuam e avançam nas apostas diante dos temores de recessão e impacto da inflação, à espera da reunião do Federal Reserve neste mês.
Um padrão gráfico do Bitcoin alerta investidores para mais perdas. O BTC mostra a chamada cunha ascendente, um período de calma antes de uma maior pressão vendedora, de acordo com a Bloomberg. Uma cunha ascendente também se formou entre maio e junho, o que derrubou o Bitcoin de US$ 30.000 para US$ 17.600, uma queda de 42%.
Dólar mais forte
O dólar se valoriza em relação a outras moedas com a expectativa da divulgação do relatório de preços ao consumidor nos EUA amanhã (13). Na segunda-feira (11), o euro chegou perto da paridade com a moeda americana, sob pressão da crise de energia e projeções de recessão na região. Análise do CoinDesk diz que traders estão atentos ao impacto nas valorações dos criptoativos e stablecoins atreladas ao euro.
Aliás, com a onda de calor no hemisfério norte, quase todos os mineradores de Bitcoin em escala industrial no Texas desligaram as máquinas, enquanto as empresas se preparam para um maior consumo que pode sobrecarregar a rede elétrica no estado americano, segundo a Bloomberg.
Crise de liquidez
Entre outras notícias de destaque no mercado cripto, a Voyager, que entrou com pedido de recuperação judicial na semana passada, garantiu aos clientes que seus depósitos em dólar segurados pela agência FDIC dos EUA serão devolvidos no valor total, antes do “processo de reconciliação e prevenção de fraudes”. No caso de investimentos em criptomoedas, ainda não está claro como os recursos de clientes travados na plataforma serão ressarcidos.
A plataforma de crédito cripto Celsius Network pagou US$ 95 milhões de sua dívida com os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) Aave e Compound. Com isso, a Celsius liberou US$ 172 milhões em garantias que estavam bloqueadas nessas plataformas, informou o CoinDesk.
O diretor financeiro da Vauld, Jatin Mazalcar, renunciou ao cargo na plataforma de empréstimos cripto sediada em Singapura, disseram duas fontes com conhecimento do assunto ao The Block.
Depois de suspender saques de clientes na semana passada, a Vauld divulgou uma carta a credores e compartilhada com o The Block informando um rombo da ordem de US$ 70 milhões. A plataforma disse que possui ativos em torno de US$ 330 milhões e passivos de cerca de US$ 400 milhões, mas os números ainda podem ser revisados devido a auditorias em andamento.
Estímulo à inovação
Editorial da Folha de S. Paulo argumenta que a forte desvalorização das moedas digitais não deve interromper a onda de inovações tecnológicas e comerciais nesse campo. A “bem-vinda filtragem”, segundo o artigo, abre espaço para os sobreviventes:
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“Foi assim nas etapas da revolução industrial e, na virada do milênio, com a popularização da internet. Dos escombros emergiram empresas como Google, Amazon e Facebook, com valor de mercado de centenas de bilhões de dólares.”
Outros destaques
O PicPay planeja incluir serviços de criptomoedas em seu aplicativo de pagamentos, seguindo os passos de outras concorrentes no mercado tradicional. Embora o PicPay ainda não tenha confirmado, fontes a par do negócio disseram ao Portal do Bitcoin que a empresa parceira é a Paxos, que opera os sistemas do Mercado Pago e do Nubank.
Na prática, isso significa que não será possível sacar os ativos para uma carteira individual. Além de permitir a compra e transações de criptomoedas, o PicPay também vai lançar sua própria stablecoin pareada ao real, a Brazilian Real Coin (BRC), segundo comunicado.
A Mysten Labs, fundada por ex- executivos da Meta Platforms, quer captar pelo menos US$ 200 milhões em um financiamento da Série B com valoração de US$ 2 bilhões, afirmaram fontes ao portal The Information. Os investidores, liderados pela FTX Ventures, se comprometeram com pelo menos US$ 140 milhões para esta rodada.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
A Binance teria permitido transações em sua plataforma por usuários no Irã mesmo após o país ter sido incluído na lista de sanções comerciais dos EUA em 2018, revela reportagem da Reuters. Em novembro daquele ano, a Binance informou a clientes no Irã que suas contas deveriam ser fechadas, mas sete traders disseram à agência que continuaram a negociar criptomoedas até perderem o acesso em setembro de 2021, um mês depois de a corretora apertar os controles contra lavagem de dinheiro. A Binance não respondeu às perguntas da Reuters sobre suas operações no Irã.
Em comunicado enviado à imprensa, a corretora disse que elabora um “programa regulatório e de compliance reconhecido globalmente”, que tem sido prioridade nos últimos 18 meses.
O Banco Central Europeu pediu urgência para a implementação de regras com foco em stablecoins. Em boletim publicado na segunda-feira (11), o BCE destacou que “os riscos para a estabilidade financeira na área do euro apresentados pelas stablecoins ainda são limitados, mas se as crescentes tendências continuarem no ritmo atual, isso pode mudar no futuro”.
Em artigo no New York Times, o economista Paul Krugman também defende regras para os criptoativos. Em referência ao alerta da vice-presidente do Fed, Lael Brainard, Krugman diz que a atual queda das criptomoedas oferece uma oportunidade – um momento em que a regulamentação efetiva se tornou politicamente possível para evitar uma ameaça à estabilidade financeira.
No Reino Unido, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse a parlamentares britânicos que os criptoativos têm valor “extrínseco” devido ao desejo das pessoas de colecionarem tokens, mas reiterou sua crítica de que carecem de valor “intrínseco”, conforme a Bloomberg.
Relatório conjunto do Banco de Compensações Internacionais (BIS), FMI e Banco Mundial divulgado na segunda-feira (11) defende a cooperação internacional para que as moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês) aperfeiçoem os pagamentos transfronteiriços e facilitem a conexão entre os países.
Na mesma linha, a IOSCO, associação que reúne reguladores de valores mobiliários em cerca de 130 jurisdições, está desenvolvendo recomendações de políticas para o setor de criptoativos. Dois grupos de trabalho – um liderado pela SEC dos EUA e outro pela FCA do Reino Unido – publicarão os primeiros relatórios até o fim de 2023.
Metaverso, Games e NFTs
A varejista de videogames americana GameStop lançou a versão beta de seu marketplace de NFTs baseado na rede Ethereum “Layer 2”, que permite a usuários realmente serem donos de seus ativos digitais, que são representados e protegidos na blockchain.
A plataforma de criptomoedas OKX será a parceira oficial do kit de treinamento do Manchester Cityna próxima temporada, e o logo da empresa estampado nos uniformes das equipes masculina e feminina. A parceria amplia um acordo de patrocínio fechado em março. Os valores não foram revelados, mas fontes disseram à Forbes que a nova aposta deve render mais de US$ 20 milhões ao Manchester City nesta temporada.
O token de utilidade Chiliz (CHZ), da Socios.com, apresenta valorização em sete dias na esteira do anúncio do primeiro tour internacional do Paris Saint Germain, que conta com Messi e Neymar em seu elenco. Serão ao todo três partidas com times tradicionais do Japão, e a equipe francesa irá comercializar os ingressos em tokens não fungíveis do próprio clube. A compra dos NFTs está disponível até esta quarta-feira, 13 de julho, no site oficial do evento PSG Japan Tour 2022.
Em entrevista ao O Globo, o presidente da CBF eleito em março, Ednaldo Rodrigues, afirmou que a confederação vai buscar uma maior proximidade com parceiros e patrocinadores e também um amplo engajamento do público por meio de redes sociais e novas tecnologias, como o metaverso.