As maiores criptomoedas perdem força nesta sexta-feira (31), que marca o fim de um trimestre de ganhos apesar da ofensiva regulatória nos EUA e crise bancária, que gerou a falência de importantes parceiros do setor de criptoativos.
Nas bolsas internacionais, investidores parecem ter superado os temores de contágio no setor financeiro, pelo menos por enquanto, e um índice global de ações caminha para fechar com valorização pelo segundo trimestre seguido.
No mercado americano, investidores também estão atentos ao cenário político, com o indiciamento do ex-presidente Donald Trump por suposto suborno de uma atriz pornô, o que pode sacudir a campanha presidencial em 2024. Trump é o primeiro ex-presidente dos EUA a enfrentar acusações criminais, segundo o New York Times.
O Bitcoin (BTC) opera em baixa de 2,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 27.867,61, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC recua 3,2%, negociado a R$ 143.252,48, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) mostra estabilidade nas últimas 24 horas, com preço de US$ 1.794,17.
As principais altcoins se alternam entre perdas e ganhos, com destaque para BNB (+0,5%), XRP (0,1%), Dogecoin (-0,7%), Polygon (-2,3%), Solana (-1,7%), Polkadot (+0,7%), Shiba Inu (-0,3%) e Avalanche (+0,3%).
ADA, token nativo da blockchain Cardano, sobe 2% nas últimas 24 horas. Usuários do Cardano em breve poderão acessar os contratos da Máquina Virtual do Ethereum por meio de qualquer carteira Cardano, expandindo a utilidade da rede para desenvolvedores e usuários, segundo o CoinDesk.
Bitcoin hoje
O Bitcoin começou a sessão da Ásia com estabilidade, mas acentuou a queda nesta manhã.
No entanto, o desempenho da maior criptomoeda neste trimestre surpreendeu traders e analistas, em meio ao maior escrutínio de reguladores nos EUA e colapso de bancos.
Com um ganho de aproximadamente 70%, o Bitcoin está perto de fechar seu melhor trimestre desde os três meses encerrados em março de 2021, quando subiu cerca de 103%, mostram dados da Bloomberg. O desempenho supera de longe o avanço de 5,5% no acumulado do ano do S&P 500 e a valorização de 19% do Nasdaq 100.
“O Bitcoin permaneceu resiliente por causa de melhorias fundamentais legítimas e seu papel único” como porto seguro em meio ao ceticismo sobre depósitos bancários e mais resgates por bancos centrais, disse Matthew Sigel, chefe de pesquisa de ativos digitais da VanEck.
Ofensiva dos EUA
Nesse contexto, bancos nos EUA estão ainda mais cautelosos em fornecer serviços ao setor cripto após a série de falências de bancos regionais e em meio ao maior escrutínio dos reguladores, de acordo com a Bloomberg.
Com o Silvergate Capital e o Signature Bank fora do espaço cripto, empresas da indústria têm enfrentado dificuldades para encontrar novos bancos que ofereçam serviços de depósito e pagamentos.
Segundo a reportagem, embora não haja proibição de atender clientes cripto, instituições financeiras estão impondo longos procedimentos, recusando empresas menores e algumas plataformas de varejo e, em alguns casos, fechando completamente as portas para companhias do setor, de acordo com participantes da indústria, investidores e executivos de bancos.
Cooper & Kirk, um escritório de advocacia de Washington, recomendou em relatório na quinta-feira (30) que o Congresso dos EUA “desempenhe seu papel de supervisão” e questione os reguladores do setor bancário sobre o que considera uma proibição ilegal das atividades cripto no mercado americano.
Em editorial, o editor-chefe do CoinDesk, Kevin Reynolds, argumenta que as ações recentes do governo federal dos EUA contra cripto são – com ou sem razão – amplamente percebidas como uma tentativa coordenada de “mutilar” os ativos digitais. Essa abordagem, no entanto, arrisca enviar “uma indústria vital para o exterior sem realmente proteger os investidores”, afirma.
Em contraste, na França, empresas cripto têm maior probabilidade de serem recebidas com tapete vermelho, destaca o colunista da Bloomberg Lionel Laurent, que chama a atenção para a disposição do governo francês em se tornar um hub de ativos digitais, apesar do risco de uma reação negativa da sociedade em caso de colapsos como o da exchange FTX.
Jeremy Allaire, CEO da Circle, descreveu a recente ofensiva ao colunista como um “Game of Thrones regulatório”, onde se vence ou morre.
O CEO da SushiSwap, Jared Gray, disse que já não se sente “inspirado” diante da repressão regulatória nos EUA, que inclui sua exchange descentralizada (DEX), de acordo com comentários em sessão de perguntas e respostas no Discord, acompanhada pelo CoinDesk na quinta-feira.
Ações contra o ChatGPT
O Centro para Inteligência Artificial e Política Digital apresentou uma queixa formal à Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA, acusando a OpenAI – que criou o popular ChatGPT – de violar a seção cinco da lei que visa práticas enganosas e injustas. “A FTC tem uma clara responsabilidade de investigar e proibir práticas comerciais desleais e enganosas”, disse o fundador e presidente do centro, Marc Rotenberg, em comunicado divulgado pelo Decrypt.
“Acreditamos que a FTC deve olhar atentamente para a OpenAI e GPT-4.” Enquanto isso, gigantes como a Microsoft, que está entre os investidores da OpenAI, continuam apostando no setor, com o desenvolvimento de um sistema de segurança cibernética que utiliza IA.
Ontem, o bilionário Elon Musk e mais de 2 mil líderes, pesquisadores, empresários e celebridades assinaram uma carta aberta pedindo uma pausa temporária de seis meses no desenvolvimento de novas versões do ChatGPT. De acordo com o texto, “a competição de inteligência com os humanos pode representar riscos profundos para a sociedade e a humanidade”.
Leia Também
Além do empresários dono do Twitter, Tesla e Space X, assinam o texto nomes como Steve Wozniak, cofundador da Apple.
“A IA avançada pode representar uma mudança profunda na história da vida na Terra e deve ser planejada e gerenciada com cuidado e recursos proporcionais. Infelizmente, esse nível de planejamento e gestão não está sendo adotado”, afirma a carta, de acordo com a Exame.
Estratégia da Huobi na China
Na China, o governo fechou as portas para a indústria cripto em 2021, quando proibiu a negociação de criptoativos dentro de suas fronteiras, embora a medida não se aplique a chineses que vivem no exterior.
Sediada atualmente em Seychelles, a exchange cripto Huobi, fundada em Pequim há quase uma década, transferiu grande parte de suas operações para Singapura, parou de inscrever clientes da China continental e disse que suspenderia todas as contas existentes logo após a proibição.
Agora, Justin Sun, fundador da rede Tron que se identifica apenas como consultor da Huobi – embora seja visto na prática como dono da empresa – tem um plano polêmico para ganhar participação de mercado e atrair clientes chineses, apurou a Bloomberg.
Alguns funcionários da Huobi disseram à agência, em condição de anonimato, que estão preocupados que controles insuficientes para impedir que pessoas na China negociem na plataforma resultem em reprimendas de autoridades e os coloquem em risco.
Um exemplo: traders chineses podem se registrar no aplicativo da corretora com nacionalidade dominicana. Cidadãos dos outros oito países listados como proibidos de usar a Huobi no contrato de usuário não recebem imediatamente a mesma opção, de acordo com a reportagem.
Em resposta à Bloomberg, a empresa disse que cumpre com as regulações da China e que não atende a clientes no país.
Reportagem recente do Financial Times também alegou que a Binance teria burlado os controles da China para conseguir atuar no país.
Mas essas estratégias não passam despercebidas das autoridades chinesas.
A China vai fortalecer a supervisão regulatória da economia digital, já que novas tecnologias, especialmente novas formas de financiamento, não devem ser aceitas e reconhecidas cegamente, disse nesta sexta-feira um vice-presidente do banco central chinês durante o Fórum Boao, na província de Hainan.
Xuan Changneng afirmou que moedas digitais e tokens recém-emitidos, em vez de resolver problemas nas finanças, podem, na verdade, criar desafios, conforme a Reuters.
Ele não especificou quais medidas serão adotadas para reforçar a supervisão.
Regulação no Brasil
No mercado brasileiro, elogiado por players estrangeiros pela abordagem adotada para o setor de criptoativos, investidores aguardam detalhes sobre as competências para a supervisão da indústria entre o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários.
Em evento da Uqbar na quinta-feira, o presidente da CVM, João Pedro Barroso do Nascimento, disse que a autarquia está na expectativa de que o Executivo publique um decreto regulatório sobre o tema, de acordo com o Valor Econômico.
Para o presidente da CVM, “não existe vácuo legislativo” sobre criptoativos no Brasil, mesmo sem o decreto do Executivo.
No campo da inovação, o Brasil segue avançando. Ao Portal do Bitcoin, Gladstone Arantes, chefe de iniciativas de blockchain do BNDES, disse que o piloto da Rede Blockchain Brasil (RBB) deve começar a rodar ainda este ano e tem como objetivo reduzir os custos de inovação para atividades que tenham interesse público.
Outros destaques das criptomoedas
O MB (Mercado Bitcoin) lança nesta sexta-feira (31) o MB Pass, que oferece benefícios exclusivos dentro da comunidade web3 da exchange no Discord. Nesta semana, membros com o cargo MB List cadastraram sua carteira para fazer o “Mint do MB Pass” e ter acesso às vantagens. O MB Pass dará direito a sorteios e airdrops (distribuição de tokens) especiais para usuários, além de uma carteira de recomendação de criptomoedas elaborada por André Franco, chefe de pesquisa do MB.
A companhia aérea argentina de baixo custo Flybondi está integrando a tecnologia web3 em seu processo de emissão de bilhetes eletrônicos como tokens não fungíveis (NFTs), informou o CoinDesk. A nova integração anunciada na quinta-feira, chamada Ticket 3.0, é uma expansão de seu relacionamento existente com a TravelX, empresa de emissão de bilhetes NFT, lançada em setembro de 2022.
A tecnologia de emissão de bilhetes NFT, construída na blockchain da Algorand, permite que os passageiros mudem de nome, transfiram ou vendam seus “NFTickets” de forma independente.
A Ledger, uma startup que fabrica carteiras de hardware para investidores armazenarem ativos digitais, levantou a maior parte de sua rodada de financiamento de 100 milhões de euros (US$ 109 milhões) no primeiro fechamento da captação, segundo a Bloomberg. A operação avalia a Ledger em 1,3 bilhão de euros, aproximadamente o mesmo valor atribuído pelos investidores em sua última rodada, em junho de 2021, disse a empresa com sede em Paris. Um segundo fechamento está previsto para meados de abril e um terceiro também deve ocorrer devido ao grande interesse dos investidores, afirmou.
A empresa de mineração de Bitcoin TeraWulf registrou aumento de 146% no quarto trimestre de 2022 em relação aos três meses anteriores, como resultado da expansão das operações com a instalação de máquinas, de acordo com relatório trimestral publicado na quinta-feira (30). A receita totalizou US$ 9,6 milhões nos últimos três meses do ano passado. O custo das operações foi de US$ 17,7 milhões, 46% acima do terceiro trimestre.
- Não perca dinheiro. No Mercado Bitcoin, você pode fazer staking de Ethereum de maneira segura e simples. Abra sua conta agora e comece a ganhar recompensas sobre seus investimentos em criptomoedas