O colapso da stablecoin da blockchain Terra continua a fazer estragos, mas as duas maiores criptomoedas reduzem o ritmo de perdas nesta quarta-feira (11). Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) mostra alta de 0,9%, cotado a US$ 31.861, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) opera em alta de 2,5%, negociado a US$ 2.439.
No Brasil, o Bitcoin recua 1,2%, para R$ 162.620, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Volume em alta
As incertezas em relação ao cenário macroeconômico e geopolítico ainda dominam as negociações. Quando o Bitcoin desabou para US$ 30 mil na segunda-feira (9), as corretoras brasileiras registraram o maior volume de negociação de BTC desde janeiro, totalizando quase RS$ 280 milhões, segundo dados monitorados pelo IPB. O mercado de criptoativos encolheu cerca de US$ 800 bilhões no último mês, atingindo US$ 1,4 trilhão na terça-feira, de acordo com o CoinMarketCap.
Na visão de André Franco, head de research do Mercado Bitcoin, foi a demanda vindo das duas pontas, compra e venda, que resultou no aumento do volume.
À medida que o mercado cripto amadurece e mais capital institucional entra no setor, fica cada vez mais evidente que este responde a choques macroeconômicos e condições monetárias mais apertadas, aponta relatório da Glassnode.
E justamente devido a essa maior presença de investidores institucionais, a queda atual pode ser um divisor de águas, destaca análise do Wall Street Journal. “Sobretudo, o Bitcoin é um ativo sem rendimento em um momento em que as taxas reais estão subindo. Esse é um ambiente difícil”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers.
Sosnick observa que o BTC ainda é negociado cerca de 300% acima da cotação no fim de 2019.
Dados da Bloomberg apontam que, considerando o histórico de quedas do Bitcoin de acordo com a média móvel de 200 dias desde 2014, o piso de US$ 20.000 poderia ser uma meta realista.
LUNA em queda livre
As criptomoedas da blockchain Terra continuam sob pressão nesta quarta-feira, após uma série de saques do Anchor Protocol, uma espécie de banco descentralizado para investidores cripto. A stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) mostra queda de 39% nas últimas 24 horas, cotada a US$ 0,54, segundo o CoinGecko. Terra (LUNA), o token que dá suporte à UST, tem desempenho ainda pior, com desvalorização de 86% no período.
Estimativas apontam que a Luna Foundation Guard, organização da rede Terra apoia os tokens, gastou cerca de US$ 3 bilhões em bitcoins desde o fim de semana. Com isso, diminuiu em 95% suas reservas em BTC. Traders de futuros perderam US$ 106 milhões com apostas no LUNA em 24 horas, de acordo com o CoinDesk.
A LFG estaria em contato com grandes investidores cripto na esperança de arrecadar mais de US$ 1 bilhão para sustentar a UST, disseram fontes a par do processo ao The Block.
O colapso da stablecoin levou a uma a guerra de narrativas no Twitter entre os principais ícones da comunidade: contra, a favor, algumas mensagens de vingança e outras de “eu avisei”.
Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, disse na terça-feira (10) que stablecoins precisam ser regulamentadas ainda este ano. Durante audiência, Yellen afirmou que, apesar de ativos digitais terem a capacidade de “promover a inovação”, também podem “apresentar riscos ao sistema financeiro”.
Retorno de Trump
Dogecoin, o token preferido de Elon Musk, cai 4,4% nas últimas 24 horas e acumula baixa de 17% em sete dias. O provável futuro dono do Twitter disse na terça-feira que pretende reverter o banimento permanente de Donald Trump da rede social caso consiga concluir a compra.
Outras altcoins também operam em terreno negativo nesta quarta-feira como Binance Coin (-2,1%), XRP (-0,9%), Solana (-5,5%), Cardano (-2,5%), Polkadot (-7,9%), Avalanche (-14,2%) e Shiba Inu (-5,8%), segundo dados do CoinGecko.
Balanço da Coinbase
A maior exchange de criptomoedas dos EUA disse que está perdendo usuários e divulgou prejuízo de US$ 429,7 milhões no primeiro trimestre. “O Nasdaq está em baixa, o Bitcoin está em baixa. E isso fez com que cada vez menos dólares fossem investidos em criptomoedas”, disse Alesia Haas, diretora financeira da Coinbase, cuja ação acumula baixa de 71% desde janeiro.
Os papéis de outras empresas cripto listadas em bolsa também registram fortes perdas no ano, como os da Silvergate Capital (-42%), Marathon Digital (-64%), Riot Blockchain (-66%) e TeraWulf (-80%), de acordo com o Wall Street Journal.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, frisou que a exchange “não corre risco de recuperação judicial”, conforme a Reuters. Para cumprir determinações da SEC, a empresa esclareceu no balanço que, no caso de que enfrente esse processo, os criptoativos mantidos na exchange poderiam ser considerados propriedade, e os clientes seriam classificados como credores não garantidos, ou seja, os últimos a receber no caso de uma renegociação.
Impacto em NFTs
Coleções de tokens não fungíveis famosas, como o Bored Ape Yacht Club, estão sendo mais atingidas do que as criptomoedas na atual onda vendedora. O preço médio de venda do BAYC despencou 29% nos últimos sete dias em dólares, enquanto as transações caíram 21% e o número de usuários encolheu 27%, de acordo com dados da Price Floor e DappRadar citados pela Bloomberg.
Outros destaques
Talos, uma plataforma de negociação de criptomoedas, levantou US$ 105 milhões em uma rodada de financiamento da Série B que contou com grandes investidores dos EUA como Citigroup, Wells Fargo e BNY Mellon, conforme o Financial Times.
Com previsão de lançamento no segundo semestre, um novo token promete transformar os passos dos usuários em criptomoedas: o SWEAT, criado pelo aplicativo fitness Sweatcoin em parceria com a blockchain Near Protocol (NEAR), segundo o InfoMoney.
O valor transacionado em cartões no primeiro trimestre deste ano chegou a R$ 758,6 bilhões, uma alta de 36% na comparação anual, mostra levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) publicado pelo Valor Investe. Rogério Panca, presidente da Abecs, disse que está monitorando iniciativas em criptomoedas para o futuro, mas que por enquanto não pode dar detalhes.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
O presidente do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi), o alemão Marcus Pleyer, virá ao Brasil na próxima semana para participar de um congresso em São Paulo, informou o Estadão.
Em entrevista ao jornal, o economista Bernardo Mota, presidente do Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (IPLD), disse que o Congresso deveria “acelerar” a regulamentação do mercado de criptomoedas. “(…) O Gafi não considera projeto de lei como solução, o que ele considera é a lei aprovada e já em vigor.”
A Rede Blockchain Brasil tem como objetivo melhorar a transparência dos gastos públicos no país. Além de promover a inovação no uso de blockchain para as aplicações de interesse público, a rede também vai estimular o uso de tecnologia na administração pública, disse um porta-voz do Tribunal de Contas da União à Exame.
A Câmara de Comércio Exterior (Gecex) do Ministério da Economia zerou a alíquota de imposto cobrado para importação de equipamentos voltados para mineração de Bitcoin. A informação foi divulgada na segunda-feira (9) em edição do Diário Oficial da União.
Um grupo de organizações não governamentais está pedindo ao governo Biden e autoridades estaduais dos EUA que implementem regras para frear o impacto da mineração de Bitcoin nas comunidades e ecossistemas locais, aponta o CoinDesk.
Uma proposta da União Europeia para proibir provedores de criptomoedas de oferecerem serviços a partir de paraísos fiscais e de lavagem de dinheiro levanta “sérias dúvidas” e pode violar as regras comerciais globais, de acordo com um documento da Comissão Europeia visto pelo CoinDesk.
O presidente da SEC, Gary Gensler, voltou a elevar o tom contra exchanges de criptomoedas, dizendo em entrevista à Bloomberg que algumas plataformas estão burlando as regras e podem estar apostando contra seus próprios clientes.
A Superscript, uma startup do Reino Unido e corretora de seguros do Lloyd’s of London, lançou o “Daylight”, um produto para empresas de criptomoedas que oferece proteção contra ataques de ransomware até violação não intencional de direitos autorais.
O futuro centro cultural do metaverso pode estar a muitos quilômetros de distância de Hollywood e do Vale do Silício, em um armazém centenário de tijolos e madeira em Burlington, Vermont, destaca a Forbes. Paul Budnitz e alguns designers passaram cinco anos criando uma lista de personagens digitais e histórias complexas construídas para atrair milhões de fãs.