O mercado de criptomoedas dá continuidade aos ganhos nesta terça-feira (29), embora em ritmo menos acelerado. O Bitcoin (BTC) tem alta de 0,8% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 47.519, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) opera com ganho de 3,1%, negociado a US$ 3.422.
No Brasil, o Bitcoin avança 1,6%, para R$ 228.064, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As bolsas europeias e os futuros dos EUA apontam valorização com a expectativa de negociações para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia na Turquia, além da queda do petróleo antes da reunião da Opep e perspectiva de menor consumo na China.
Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin, disse ao Valor que, embora as negociações entre Rússia e Ucrânia estejam longe de acabar e as incertezas globais pareçam persistir, o Bitcoin começa, novamente, a decolar.
Fatores como o interesse de investidores institucionais nas últimas duas semanas, comentários positivos da secretária do Tesouro dos EUA e maior demanda por criptomoedas como reserva de valor podem explicar em parte o bom momento do Bitcoin, apontam observadores do mercado. As moedas digitais conseguiram se descolar um pouco das bolsas americanas, cujos índices tiveram ganhos modestos na segunda-feira.
Investidores também vêm aumentando as apostas na LUNA, um dos dois tokens da rede Terra, que sobe 9% nas últimas 24 horas e se valorizou mais de 86.000% desde a mínima em março de 2020, destaca o CoinDesk. Grande parte da alta é puxada pela Luna Foundation Guard (LFG), uma ONG com sede em Singapura que está comprando mais de US$ 3 bilhões em Bitcoin como reserva para a UST, a stablecoin descentralizada atrelada ao dólar da Terra.
Alguns especialistas acreditam que a demanda da LFG por Bitcoin seria uma das razões por trás dos ganhos da maior criptomoeda, que atingiu o nível mais alto do ano na segunda-feira. Do Kwon, cofundador e CEO da empresa por trás da Terra, confirmou à Bloomberg que comprou mais de US$ 1 bilhão em Bitcoin desde o fim de janeiro, sendo US$ 135 milhões em quatro compras na segunda-feira.
Outro destaque é a Cardano, que ganha 3,2%. Entre as dez maiores criptomoedas do mercado, a ADA é a que mais sobe em sete dias, com valorização de 33%. O token deu início ao movimento de alta na última quinta-feira (24), impulsionado pela decisão da Coinbase de lançar serviço de “staking” de ADA em sua plataforma.
Outras criptomoedas mostram desempenho misto nesta terça-feira, com alta para Binance Coin (+0,7%), XRP (+1,3%), Avalanche (+2,4%), Solana (+1,2%) e Shiba Inu (+3,5%). Dogecoin (-3%) e Polkadot (-2%) operam em terreno negativo, segundo dados do CoinGecko.
Outros destaques
Fundos cripto: Depois de duas semanas de saídas, US$ 193 milhões foram aplicados em fundos cripto na semana encerrada em 25 de março, aponta relatório da CoinShares. É o maior volume desde meados de dezembro de 2021. A maioria das entradas veio da Europa, com US$ 147 milhões, enquanto fundos das Américas injetaram US$ 45 milhões. Solana recebeu o maior volume semanal já registrado para o token, de US$ 87 milhões.
Código do Bitcoin: Vários grupos ativistas do clima, incluindo o Greenpeace e o bilionário cripto Chris Larsen, estão lançando a campanha “Change the Code, Not the Climate”, com o objetivo de pressionar a comunidade de Bitcoin a alterar a maneira como ordena transações e, assim, reduzir o consumo de energia. Em cinco anos, o BTC pode consumir tanta energia quanto o Japão, disse Larsen em entrevista à Bloomberg. Nos próximos dias, a campanha publicará anúncios em veículos como New York Times, Politico e Wall Street Journal.
Criptomoeda ‘agro’: O Banco Central deverá implementar até o fim do próximo mês de julho uma criptomoeda desenvolvida por um grupo de empresas privadas e voltada ao financiamento de pequenos e médios produtores rurais do país. A plataforma DuAgro, a VERT, a Digital Asset e a consultoria Oliver Wyman estão no projeto, de acordo com o Valor.
Troca via Pix: A Smartpay, empresa de soluções de pagamento, anunciou na segunda-feira, 28, o “swapix”, ferramenta que faz a troca da stablecoin Tether (USDT) para o real usando a API do Pix de forma rápida e sem a necessidade de criação de conta, conforme a Exame. A primeira parceira da empresa brasileira será a corretora Bitfinex, controladora da Tether.
Efeito da guerra: Em pesquisa da plataforma OSL publicada pelo Estadão, 57% dos investidores institucionais entrevistados apontaram que o Bitcoin vai ser buscado como um porto seguro em caso de piora do conflito entre Rússia e Ucrânia. O restante (43%) espera que a criptomoeda se comporte como um ativo de risco e acompanhe uma eventual queda no mercado acionário.
Hubs em Dubai: As exchanges de criptomoedas Bybit e Crypto.com anunciaram planos para estabelecer operações em Dubai, que tem atraído um número cada vez maior de empresas do setor, segundo a Bloomberg. As exchanges seguem os passos de rivais globais como Binance e FTX nos Emirados Árabes Unidos, que buscam criar um ambiente favorável para investimentos em criptoativos.
Regulação, Segurança e CBDCs
Iene digital: Por enquanto, o Banco do Japão não tem planos de emitir uma moeda digital, mas quer se preparar “minuciosamente” para responder a mudanças das circunstâncias que poderiam exigir isso no futuro, disse na terça-feira o presidente do BC japonês, Haruhiko Kuroda, segundo a Reuters.
eCash dos EUA: Um grupo de legisladores dos Estados Unidos diz que o Departamento do Tesouro do país pode ser a entidade mais adequada para criar um dólar digital, e não o Federal Reserve. Um projeto de lei apresentado na segunda-feira (28), o “Electronic Currency And Secure Hardware Act” (ou “eCash Act”), pede para que o Tesouro dos EUA desenvolva e emita uma versão eletrônica do dólar com o objetivo de “preservar a privacidade e o anonimato nas transações”, noticiou o CoinDesk.
Faraó dos bitcoins: A Justiça do Paraná ordenou na semana passada o bloqueio de R$ 7,2 milhões em sete corretoras de criptomoedas no exterior associados à GAS Consultoria, empresa de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”. Segundo O Globo, o bloqueio diretamente nas exchanges estrangeiras — Bittrex, Poloniex, PrimeBit, BitFinex, BitMex, BitStamp e Binance — poderia criar jurisprudência para outros processos que envolvam criptoativos armazenados fora do país.
Após publicação deste texto, a Binance enviou a seguinte nota:
“A Binance informa que segurança é prioridade para a empresa e que atua em total colaboração com as autoridades locais para desenvolvimento e regulação do mercado, bem como em casos de eventuais investigações policiais para coibir que pessoas mal intencionadas utilizem a plataforma”
Evasão fiscal na Índia: Na segunda-feira, a agência equivalente à Receita Federal da Índia confiscou o equivalente a US$ 12,6 milhões de 11 exchanges de criptomoedas por suposta evasão fiscal. Em janeiro, a agência DGGI já havia confirmado a apreensão de fundos de seis exchanges, incluindo as maiores da Índia: WazirX, CoinDCX, BuyUCoin e Unocoin, segundo o CoinDesk.
Metaverso, Games e NFTs
NFTs da Forbes: A Forbes USA está lançando sua primeira coleção em tokens não fungíveis. Disponível a partir de abril, a Virtual NFTs Billionaires terá uma edição inicial de 100 tokens. Os bilionários virtuais da Forbes NFT terão sua própria página de perfil na Forbes.com com uma foto de rosto personalizada pela Goodog & ItsACat, anunciou a revista.