arte 3D mão segurando celular com criptomoedas
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A emissão desenfreada de criptomoedas continua em pleno inverno cripto — só neste ano, mais de 5 mil novas moedas virtuais foram lançadas no mercado, totalizando 21.600 ativos no mercado, segundo dados desta terça-feira (01) no site CoinMarketCap.

O levantamento do Finbold aponta um crescimento de 32% de emissões em relação aos 16.238 tokens registrados em 1º de janeiro de 2022, sugerindo que a tentativa de criação de uma criptomoeda que alcance as massas como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) continua, independente da condição atual do mercado cripto.

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A facilidade da criação de um token é o principal combustível nesse quesito. Quando o setor dependia exclusivamente da rede Ethereum para lançar novos tokens, o mercado não estava tão inflado como atualmente.

Com a chegada da BNB Chain, a blockchain criada pela corretora Binance, a criação de tokens se tornou ainda mais fácil e, todos os dias, são lançadas novos ativos digitais no mercado. Muitos deles, no entanto, caem na categoria de shitcoins, ou seja, moedas sem fundamentos que garantam seu sustento ao longo prazo.

O serviço de rastreamento das criptomoedas é feito por várias plataformas, sendo as mais conhecidas CoinMarketCap e CoinGecko. Contudo, nem todas as criptomoedas que já foram criadas estão por lá, pois essas plataformas exigem documentação e análise do projeto e, assim, nem todos passam pelo processo.

Por conta disso, é possível supor que já existiram muito mais criptomoedas do que as listadas atualmente.

Uma estimativa feita pelo portal CryptoBriefing, citando o agregador de preços CoinGoLive, diz que 95% das criptomoedas lançadas já perderam 99,99% de seu valor desde o seu recorde de preço. Na prática, esses tokens morreram, com seus preços sendo reduzidos a zero.

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Mas por que, em meio a essa alta “taxa de mortalidade”, as criptomoedas continuam a se reproduzir no mercado? Veja o que disseram esses especialistas.

“Incentivo perverso”

O analista de criptomoedas e trader, Marcel Pechman, disse ao Portal do Bitcoin em reportagem de junho, que a emissão de novas criptomoedas ainda vai perdurar por muito tempo.

“O motivo? Simples: criar e listar um ativo digital ‘pendurado’ em uma rede blockchain já existente custa 0 e leva menos de 3 minutos. É óbvio que as exchanges, e os promotores de shitcoins, querem fingir que é tudo a mesma coisa, mas não é”, disse Pechman.

Ele explicou que existe uma grande diferença entre criptomoeda e token:

“Uma criptomoeda possui seu próprio banco de dados blockchain, e isso demanda uma rede de validadores e usuários próprios. Por mais que a Dogecoin, por exemplo, não tenha grande utilidade, são seus usuários, as pessoas rodando o software, que armazenam o registro histórico e verificam se os mineradores estão sendo honestos. O mesmo pode ser dito sobre Ethereum, Litecoin, Cardano, Solana e Monero, enfim, nenhuma dessas depende da rede de usuários e validadores de outra criptomoeda”.

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Já os tokens, são ativos criados dentro de uma rede que já existe, baseados em padrões como ERC-20 (Ethereum) e BEP-20 (BNB Chain).

Pechman também comenta que existe um “incentivo perverso” no mercado.

“Existe um incentivo perverso para os emissores de shitcoins firmarem parcerias com os fundos de risco (venture capital), influencers, e as próprias exchanges, para afirmar que seu projeto “resolve” determinado problema, ou que o token é extremamente necessário em determinado ecossistema, tipo um vale BigMac. Sim, de fato eu pagaria R$ 12 no vale BigMac, porque o lanche custa R$ 13, mas qual a necessidade de tokenizar isso? E por que alguém guardaria esse ativo digital ao invés de converter por uma moeda forte?”, questionou o analista.

Ele concluiu: “Enquanto o incentivo for desbalanceado, leia-se, houver comprador final para ICOs, vão surgir novas shitcoins. Ou seja, isso não deve acabar nos próximos oito anos, pois o mercado ainda é imaturo e as pessoas são gananciosas”.

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