Machankura: conheça o serviço que permite comprar Bitcoin sem uso da Internet na África  

A ferramenta criada para fornecer bitcoin aos “desBitcoinizados” aumentou sua base de usuários em 10 vezes em menos de um ano
Imagem da matéria: Machankura: conheça o serviço que permite comprar Bitcoin sem uso da Internet na África  

Acesso é feito por celulares antigos (Foto: Shutterstock)

Como quase 3 mil africanos adotaram o Bitcoin — muitas vezes chamado de “a internet do dinheiro” — sem realmente ter acesso à internet?

A resposta está na Machankura, uma ferramenta construída pelo desenvolvedor de software Kgothatso Ngako para permitir o uso de Bitcoin com nada além de um celular básico. Nenhum computador, smartphone ou serviço de internet é necessário. 

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“Eu tinha configurado um raspberry pi executando um Nó Bitcoin e Lightning e estava tentando descobrir o que eu poderia construir em cima dele”, disse Ngako ao Decrypt via mensagem direta.

“Um projeto USSD foi intrigante porque muitos bitcoiners africanos já estavam falando sobre a construção de uma carteira para usuários de celulares básicos.”

USSD significa Dados de Serviço Suplementar Não Estruturados, um protocolo usado em redes de telecomunicações para enviar mensagens de texto curtas. É semelhante à Resposta Interativa de Voz, com a qual o serviço de atendimento ao cliente de uma operadora de rede móvel pode informar quais números pressionar para acessar um determinado serviço, mas em forma de texto.

O desafio foi aceito no Twitter.

Com a Machankura, os utilizadores de celulares de vários países africanos podem acessar o app discando um código específico, dependendo da sua localização e do serviço que desejam acessar. Seus serviços incluem enviar ou receber bitcoin; verificar o saldo; ou até mesmo trocar bitcoin por bens e serviços na Bitrefill.

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Interação com a Lightning Network

A ferramenta pode até interagir com a Lightning Network, um sistema de pagamentos de segunda camada que permite transações instantâneas e virtualmente gratuitas de bitcoin.

Ngako escolheu uma solução UX chamada The Lightning Address para permitir que os usuários de celulares identifiquem facilmente os endereços lightning para envio e recebimento de satoshis. As faturas padrão da lightning parecem longas sequências aleatórias de texto que devem ser copiadas e coladas, uma função que os usuários de telefones não possuem.

O desenvolvedor disse que existem agora 2,9 mil pessoas usando a Machankura, espalhadas por oito países em que a ferramenta está ativa: Gana, Quênia, Malawi, Namíbia, Nigéria, África do Sul, Uganda e Zâmbia.

Indo por números publicados anteriormente na página do aplicativo no Twitter, isso representa um aumento de 10 vezes desde agosto.

À medida que a adoção do bitcoin cresce, ferramentas como a Machankura podem se expandir para servir às cerca de 2,9 bilhões de pessoas no mundo que ainda não têm acesso à internet.

“Eu acredito que a ferramenta poderia ajudar a “fornecer bitcoins aos ‘desBitcoinizados'”, opinou Ngako. “A tecnologia de pagamento depende muito dos efeitos da rede. Tanto o destinatário como o remetente precisam da capacidade de enviar e receber para que a tecnologia de pagamento seja adotada.”

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.