Nos meses que antecederam o espetacular colapso da FTX, relatórios revelaram que a exchange de criptoativos desviou secretamente cerca de US$ 4 bilhões em fundos da empresa para amparar sua subsidiária em dificuldades, a Alameda Research.
Agora, uma imagem mais clara—e estranha—está começando a se formar, explicando para onde esse dinheiro pode ter ido.
Na terça-feira (6), o jornal Financial Times detalhou cerca de US$ 5,4 bilhões da carteira de investimentos da Alameda. São mais de 500 investimentos sem liquidez feitos pela empresa em 10 holdings no início do mês passado.
Embora a maioria das empresas listadas fossem empreendimentos financeiros cripto e descentralizados, os documentos revelam que a Alameda também distribuiu somas exorbitantes a projetos e empresas muito fora da área de Web3.
A Alameda, por exemplo, investiu US$ 25 milhões na 80 Acres, uma empresa de produção especializada no cultivo e venda de alface e morangos na região de Ohio, em troca de uma participação não revelada no controle da empresa.
Ela também destinou US$ 500 mil à Equator Therapeutics, uma empresa que desenvolve um medicamento para perda de peso, e US$ 1,5 milhão à Ivy Natal, uma companhia de fertilidade com sede em São Francisco.
Alguns investimentos estavam ainda mais fora do caminho comum: a Alameda desembolsou US$ 1 milhão por uma participação de 5% na Fern Labs Inc., uma empresa química com sede em Nova York, que parece estar vendendo versões falsas de loções, uma vez vendidas pela marca de cosméticos Goubaud de Paris—fora do mercado há alguns anos.
A Alameda também parecia ter um apetite particular pelas empresas de mídia Chinesas. A empresa gastou US$ 5 milhões em uma participação de 25% no site chinês de notícias sobre criptomoedas, o ODaily, e US$ 3,56 milhões por uma participação de 30% na BlockBeats, outra publicação digital Chinesa de notícias Web3.
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A empresa também investiu US$ 1,2 milhão na Trustless Media, a empresa por trás da Coinage, um programa de notícias apoiado por NFTs.
Derretimento da FTX
A Alameda sofreu enormes perdas após o crash cripto de maio, que o então CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, tentou encobrir com infusões secretas de fundos da FTX. Ainda não está claro quanto dinheiro também foi perdido pela Alameda ao longo dos anos, através de seus inúmeros investimentos mais não convencionais—para dizer o mínimo.
Na sequência do colapso da FTX e da Alameda, Bankman-Fried—fundador de ambas as empresas—afirmou que não tinha qualquer envolvimento nas decisões de investimento da Alameda. Ainda assim, dados da blockchain revelam que as duas empresas há muito misturaram fundos a um nível que seria difícil de ignorar.
Segundo Bankman-Fried, as decisões financeiras da Alameda foram supervisionadas exclusivamente pela CEO da empresa, Caroline Ellison.
Ellison, que já namorou várias vezes Bankman-Fried, morou com ele e outros oito executivos da FTX e da Alameda em uma cobertura nas Bahamas, até que ambas as empresas entraram em colapso no mês passado. Desde então, usuários do Twitter a viram em Nova York.
Um blog ligado a Ellison anteriormente descreveu criptoativos como algo “na maior parte feito de memes e golpes”; também explorou campos desacreditados da ciência racial e promoveu o poliamor modelado em uma estrutura parecida com um “harém imperial Chinês.”
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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