Justiça bloqueia bens de advogado da Bluebenx para pagar vítimas

Juíza aponta que existem indícios de que advogado atuava como laranja da Bluebenx e determinou o bloqueio dos bens do profissional
Moeda de bitcoin sob base de martelo de juiz

Shutterstock

A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de bens do advogado Assuramaya Kuthumi Meichizedek Nicola dos Anjos, após serem identificados indícios de seu envolvimento em atos ilícitos relacionados à Bluebenx, empresa acusada de operar um esquema de pirâmide financeira com criptomoedas.

A decisão foi da juíza Luciane Cristina Silva Tavares, da 3ª Vara Cível de São Paulo, e depois confirmada pelo Tribunal de Justiça em segunda instância. 

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A defesa da vítima autora da ação alega que Assurayama teria contribuído supostamente para ocultação de valores e bens dos sócios da Bluebenx por meio de seu escritório de advocacia. 

Além disso, a defesa aponta que em inquérito policial em ação que tramita na 2ª Vara de Crimes Tributários de São Paulo está indicado que houve expressamente transferência de valores da pirâmide para Assurayama, o que o coloca como um suposto laranja do esquema. 

Vitor Gomes Rodrigues de Mello, advogado que representa um dos credores na ação, avaliou a decisão como essencial para a proteção dos direitos dos investidores lesados. “O bloqueio dos bens é uma medida crucial para garantir que as vítimas possam, ao menos, ter a chance de recuperar parte dos valores investidos. É fundamental que o Judiciário seja ágil e rigoroso nesse tipo de caso para coibir práticas ilícitas que afetam tantas pessoas”, afirmou.

O criador da pirâmide financeira BlueBenx, Roberto Cardassi, foi detido em julho de 2024 pela Polícia Judiciária na cidade de Braga, Portugal. Após ser levado às autoridades judiciais, ficou decidido na ocasião que o suspeito teria que se apresentar a cada três semanas no Tribunal da Relação de Guimarães, enquanto aguarda processo de extradição para o Brasil.

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Segundo informações de dentro do Ministério Público de São Paulo, o processo de deportação agora aguarda a informação sobre onde Cardassi será mantido preso no Brasil. Ainda faltam algumas etapas administrativas para a deportação ocorrer e o processo está em vias de ser cumprido.

Como a Bluebenx funcionava

A BlueBenx se definia em seu site — atualmente fora do ar — como uma plataforma cripto de “alta performance” que oferecia pagamentos regulares de rendimentos aos clientes. Na página, a empresa afirmava ser capaz de entregar retorno de +1800% sobre o dinheiro investido até 2025.

Em 11 de agosto de 2022, os clientes da BlueBenx foram surpreendidos ao descobrirem que não poderiam mais sacar o dinheiro depositado na plataforma.

Na ocasião, a empresa bloqueou os saques alegando ter sido vítima de um ataque hacker “extremamente agressivo”, mas não deu qualquer detalhe sobre como o hack teria acontecido. Os funcionários foram então demitidos em massa.

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O advogado da companhia, Assuramaya Kuthumi, afirmou na época estimar que a empresa havia perdido R$ 160 milhões no suposto ataque.

Para tentar recuperar o dinheiro, as vítimas começaram a recorrer à Justiça. O Tribunal de Justiça de São Paulo viu indícios de fraude na BlueBenx e chegou a acatar pedidos de bloqueio de bens e valores dos líderes da empresa, mas as contas da empresa já haviam sido esvaziadas.