Faz dias que estou tentando escrever este editorial. Foi difícil coordenar o teclado com o meu sentimento. Cheguei ao Portal do Bitcoin mandando um email aleatório em janeiro de 2018 e, cá estou, me despedindo quase seis anos depois.
Não foi fácil o que muitos colegas e eu fizemos. O jornalismo, a credibilidade, a competição, as variações malucas de audiência. A designer portuguesa que nos cobrou em ethereum para fazer o novo logo do site. A pandemia que estraçalhou nosso evento presencial.
Foram muitas batalhas, tanto esforço e tanto trabalho para colocar de pé o maior e melhor site de criptomoedas que era possível fazer. Foi árduo fazer nascer o valor mais precioso dentro do jornalismo: a credibilidade.
E, em alguns momentos, perigoso também. Cobrimos empresas de maneira crítica e documentamos diversos tipos de golpes que hoje são praticamente a base da CPI das Pirâmides.
Nunca fomos justiceiros. Sempre fizemos jornalismo dentro das regras do jogo — mesmo quando o jogo dos outros não tinha nenhum respeito pelo nosso.
Um pequeno site de nicho foi capaz de antecipar e revelar diversos casos que muito mais tarde explodiram na imprensa nacional.
Não desistimos do mercado de criptomoedas mesmo no longo bear market de 2018 e 2019. Quem queria saber de Bitcoin depois que o ativo foi de US$ 19 mil para menos de US$ 4 mil?
Nós queríamos.
O que podia ser piada para muitos, sempre foi algo sério para nós. Sério para mim. Sério a ponto de eu decidir dedicar minha vida para esse mercado maluco.
Sério a ponto de eu ter feito as pazes com a minha própria trajetória profissional e encontrado a felicidade de saber que tinha feito a aposta certa.
Eu estou saindo, mas o Portal do Bitcoin fica. Boa parte deste texto está no plural, porque o Portal é muito maior do que eu. É a chama viva do bom jornalismo guardado no espírito de cada integrante da equipe.