A empresa portuguesa de energia EDP, que também opera no Brasil, entrou para a lista global de companhias que já foram alvo de ataque de hackers em troca de criptomoedas como resgate.
O ataque ocorreu na última segunda-feira (13) na matriz da companhia, em Lisboa. Segundo o diário português Jornal de Notícias, os hackers disseram ter conseguido roubar 10 terabytes em informação sensível da empresa. E ameaçam divulgar o conteúdo, caso não seja pago um resgate em 1.580 bitcoins — o que equivale a quase 10 milhões de euros na cotação atual.
De acordo com o jornal português Expresso, entre os dados obtidos pelos cibercriminosos estão informações sobre finanças, recursos humanos, credenciais de acesso e de gestão.
Os hackers deram à empresa de energia um prazo de 20 dias para o pagamento do resgate. Do contrário, dizem que vão divulgar os dados roubados por sites diversos e junto a concorrentes da EDP.
Ainda não se sabe como os cibercriminosos conseguiram invadir o sistema de informática da empresa e chegar a um dos servidores, de onde foram roubados os dados.
Procurada pela mídia portuguesa, a EDP confirmou o ataque. Ela informou que até o momento “não se regista qualquer impacto na continuidade do fornecimento de energia”. No entanto, admitiu também que foram registradas restrições ao funcionamento normal de sistemas corporativos.
Sobre uma resposta ao ataque em si, a empresa informou apenas que “a atuação do grupo EDP será articulada com as entidades competentes”. Também disse desconhecer qualquer pedido de resgate por parte dos autores da ação.
Efeitos no Brasil
A EDP tem atuação em 19 países, incluindo o Brasil — a empresa é a responsável pelo fornecimento de energia a 70 dos 78 municípios do Espírito Santo. E o ataque também tem seus reflexos do outro lado do Atlântico.
O jornal Folha Vitória cita que algumas consultas no portal da EDP Brasil, como segunda via da fatura, por exemplo, estão temporariamente indisponíveis.
Além do Espirito Santo, a EDP tem operações em outros dez Estados Brasileiros. Em São Paulo, por exemplo, é responsável pela energia de cidades do interior e litoral norte.
Situação cada vez mais comum
Os ataques cibernéticos expõem uma situação que tende a se tornar cada vez mais comum, independente do local e do tamanho da empresa ou instituição. E que demanda atenção e ações constantes de aprimoramento de segurança digital.
Segundo especialistas já ouvidos pela reportagem sobre outros ataques, a preferência pelo Bitcoin como moeda de resgate se deve ao fato de ser a criptomoeda mais conhecida e por funcionar como “dinheiro físico” nesses casos.
No entanto, o próprio caráter do bitcoin, por se assentar em uma tecnologia blockchain, permite que tais recursos sejam rastreados —especialmente quando o criminoso quiser materializar a criptomoeda fruto do roubo.
Ao longo de 2019, segundo a consultoria Chainalysis, operações fraudulentas movimentaram um total de US$ 2,8 bilhões em bitcoin que passaram por exchanges.
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