Genesis deve bilhões e falência pode afetar corretora de alto volume no Brasil, indicam documentos

Plataforma de crédito entrou com pedido de falência e documentos mostram que deve R$ 140 milhões para Ripio, dona de exchange no Brasil
Celular com gráficos de ações e criptomoedas em queda no fundo

Shutterstock

A plataforma de crédito cripto Genesis Global Capital entrou na sexta-feira (20) com pedido de proteção contra credores sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA, depois de ser atingida pelo colapso da FTX em 2022. Para iniciar o processo, enviou documentos para a Justiça que mostram o tamanho do estrago: a empresa deve bilhões de US$ 5,1 bilhões de dólares para diversos credores.

Umas das companhias afetadas é a Ripio, que tem US$ 27 milhões (R$ 140 milhões) para receber da Genesis. A informação está na petição apresentada plataforma de crédito. O documento mostra que essa dívida é por conta de um empréstimo feito pela Ripio.

Publicidade

Os desdobramentos desse episódio podem afetar o mercado brasileiro. A Ripio adquiriu em dezembro de 2020 a corretora argentina Bitcointrade. A exchange é uma das que mais transacionam criptomoedas no Brasil.

Petição da Genesis mostra longa lista de dívidas multimilionárias

Dívida de R$ 3,9 bilhões

A lista de credores da Genesis assusta. A empresa deve US$ 765 milhões (R$ 3,9 bilhões) para a Gemini, corretora dos irmãos Winklevoss e que travou os saques de seus clientes desde novembro.

Maior dívida é com a corretora Gemini, dos irmãos Winklevoss

Cameron Winklevoss foi ao Twitter na sexta-feira (20) comemorar a decisão da Genesis de iniciar o processo da falência. Segundo o empresário, “é um passo crucial para que possamos recuperar os seus [clientes] ativos”.

O executivo afirmou que o processo de falência irá permitir que se possa descobrir quais operações fizderam a situação chegar ao ponto que se encontra. “Nós vamos usar todas as ferramentas disponíveis no tribunal de falências para maximizar a recuperação dos clientes”, disse.

Publicidade

A Genesis é uma empresa do conglomerado Digital Currency Group (DCG), que agora vem tentando se salvar. O problema com a Genesis teve como gatilho a quebra da FTX e agora ameaça acabar com todo o grupo. Em busca de liquidez, a DCG quer vender o portal Coindesk e um grupo financiado pela Binance já demonstrou interesse em comprar.

O criador da Gemini vem há semanas fazendo publicações contra a DCG, cobrando respostas e ameaçando medidas mais severas. O pedido de falência não fez com que ele abaixasse o tom: “”A decisão da Genesis de inicar o processo de falência não inviabiliza a DCG de ser responsabilizada”.

Foram afetados 340 mil clientes da Gemini, conforme informação do próprio Cameron.

5/ We have been preparing to take direct legal action against Barry, DCG, and others who share responsibility for the fraud that has caused harm to the 340,000+ Earn users and others duped by Genesis and its accomplices.

— Cameron Winklevoss (@cameron) January 20, 2023

Procurada, a Rípio mandou a nota abaixo:

Baseado em nosso longo relacionamento com o DCG e todas as suas subsidiárias, incluindo Coindesk, a Ripio confiou uma parte de seus recursos de tesouraria à Genesis. Os produtos da Ripio e os fundos dos usuários não foram comprometidos de forma alguma por esta situação. O montante não afeta nossos planos para o futuro e estamos trabalhando incansavelmente com todas as partes interessadas para uma resolução rápida do problema.

*Atualização: a reportagem foi alterada para constar o posicionamento da Rípio.