“Gastar Bitcoin hoje não tem sentido”, afirma Fernando Ulrich

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(Foto: Shutterstock)

O economista Fernando Ulrich iniciou ontem (30) uma thread (uma espécie de “linha de discussões” feita no Twitter), na qual diz não ver sentindo em gastar Bitcoin. A ideia é que a criptomoeda precisa se tornar “uma boa reserva de valor” para “naturalmente ser usada como meio de troca no futuro”.

https://twitter.com/fernandoulrich/status/1023941652468195330

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A postagem feita no Twitter por Ulrich, que também é analista de criptomoedas da XP Investimentos, reproduz trechos de seu artigo “Por que dinheiro tem valor e gastar Bitcoin não faz sentido” (tradução livre do original em língua inglesa “Why money has value and spending Bitcoin is senseless”). O texto foi também publicado ontem (30), na plataforma Medium.

O autor do livro “Bitcoin – a moeda na era digital” afirma que o Bitcoin para se tornar moeda tem de passar por três estágios. E o primeiro deles é o de reserva de valor, apesar de “a essência do dinheiro é a de ser usada como meio de troca”.

“Para que algo se torne dinheiro, ou um meio de troca (MoE – sigla para o termo em inglês Medium of  Exchange) universalmente aceito, ele deve primeiro seguir os estágios evolucionários. Primeiro, vem a reserva de valor (Store of Value – SoV), segundo, MoE e terceiro, unidade de conta (Unit of Account – UoA)”, diz o economista.

Ulrich afirma que apesar de não haver diferença clara entre meio de troca e reserva de valor quando se analisa o “fenômeno monetário”, a reserva de valor é o estágio que precede sobre a reserva de valor e “pode ser considerado predominante nos estágios iniciais da monetização de uma commodity”.

Para isso ocorra, entretanto, as pessoas precisam ter interesse em possuir essa moeda criptografada, primeiramente, diz o economista sob a ótica de que não há como estabelecer uma troca oferecendo algo que as outras pessoas não desejem receber.

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“À medida que sua proposição de valor é mais apreciada, aumenta sua demanda; à medida que os saldos de caixa aumentam marginalmente, sua liquidez aumenta, enquanto a volatilidade diminui. Os efeitos de rede exercem um ciclo de feedback positivo, melhorando a liquidez do Bitcoin, estabilizando o preço, reduzindo os custos totais de taxas”, afirma.

Fernando Ulrich, sob esse aspecto, diz que isso ainda levará tempo e não será da noite para o dia que o Bitcoin vai ser usado como meio de troca, pois isso dependerá de sua escassez a qual virá “progressivamente mais tarde, gradualmente, por um longo período”.

Entre o objetivo e a realidade

Em outra publicação, “Defendendo o Bitcoin em Mordor”, especialista havia dito que o Bitcoin surgiu com o objetivo de se trazer uma moeda digital com as mesmas características do “dinheiro vivo”:

“O objetivo era conceber um dinheiro puramente eletrônico, digitalizando as propriedades do dinheiro em espécie (o “cash”, em inglês). Mais especificamente, o objetivo era criar uma moeda digital que apresentasse as mesmas características do dinheiro vivo, a saber: ser um ativo ao portador; possibilitar transações sem intermediários e irreversíveis; e ter ampla privacidade”, afirma.

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A questão é que esse atrigo era uma adaptação de sua participação em Brasília sobre a discussão da regulação de moedas criptografadas por meio do projeto de Lei nº 23.03/15 que aconteceu em 05 de julho de 2017.

Naquele tempo, Ulrich apontou como o caminho a “prudência” e que fosse dado “tempo ao tempo” para que não fosse sufocada “essa grande invenção tecnológica ainda no berço somente privará a sociedade do enorme potencial que nem sequer podemos prever em sua plenitude”.

Hoje, o discurso parece ser igual apesar de não dirigido aos reguladores, mas aos usuários das moedas criptografadas. Para o economista esse objetivo do Bitcoin se tornar “um dinheiro puramente eletrônico” ainda deve demorar um pouco para ser alcançado, mas enquanto isso, ele diz:

“O Bitcoin deve manter sua utilidade como uma boa reserva de valor”.


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