Depois da grande expectativa pelo lançamento dos ETFs de Bitcoin à vista nos EUA puxar uma grande captação dos fundos de criptomoedas nas últimas semanas, parece que o humor virou totalmente. Mas enquanto os fundos da maior parte do mundo registram fortes saídas de recursos, a festa continua no Brasil.
Dados da Coinshares referentes ao período entre 20 e 26 de janeiro, mostram que os fundos expostos a criptoativos do Brasil tiveram captação de US$ 10,3 milhões (cerca de R$ 50,9 milhões), enquanto o somatório do mundo todo registrou uma forte saída de US$ 499,7 milhões (R$ 2,47 bilhões).
Dos principais países acompanhados pela empresa de dados, além do Brasil, apenas a Austrália (US$ 300 mil) e a França (US$ 100 mil) tiveram saldo positivo na semana passada – e ainda bem abaixo do resultado brasileiro.
Vale destacar que na semana anterior, o Brasil já havia ficado atrás apenas dos EUA em captação dos fundos, e com um resultado menor (US$ 6,8 milhões) do que obteve agora.
Ao Portal do Bitcoin, gestores de fundos brasileiros explicaram que nos dias após a aprovação dos ETFs nos EUA houve um fluxo muito forte de recursos nos produtos nacionais. “Definitivamente, a aprovação do ETF nos EUA despertou o interesse dos investidores por aqui”, disse João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex.
Já Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, avaliou que o aumento da entrada de recursos “responde de maneira efetiva às preocupações sobre uma possível concorrência dos ETFs spot americanos com os brasileiros. “O movimento observado indica que a notícia da aprovação pela SEC renovou o interesse do investidor brasileiro nos produtos disponíveis na B3”, afirmou.
Com o desempenho dessas primeiras semanas, o Brasil segue isolado na segunda colocação de países com maiores entradas em fundos, com US$ 27,6 milhões até agora, atrás apenas dos EUA, que possuem um saldo positivo de US$ 1,22 bilhão.
Saques da Grayscale diminuem
As saídas de quase US$ 500 milhões dos fundos foram lideradas principalmente pelos EUA, que tiveram um fluxo negativo de recursos de US$ 409 milhões, seguidos pela Suíça (US$ 60 milhões) e Alemanha (US$ 32 milhões), e dentro dos produtos específicos, a maior “culpada” pelo resultado foi a Grayscale.
Só o ETF da gestora registrou uma saída de US$ 2,23 bilhões na semana passada, levando o resultado do fundo até o momento no ano para US$ 5,04 bilhões negativos. Por esse ser um produto que já existia antes e foi transformado em ETF, especialistas explicaram que os investidores aproveitaram o lançamento dos ETFs para trocarem de fundo em busca de taxas melhores.
Apesar do resultado, a equipe da Coinshares apontou que os dados sugerem que as saídas estão começando a diminuir à medida que o total diário continuou a cair ao longo da semana passada.
Para compensar o resultado, os ETFs da BlackRock e da Fidelity tiveram entradas de US$ 744,6 milhões e US$ 643,2 milhões na semana passada, respectivamente. No total, os ETFs americanos de Bitcoin tiveram entrada de US$ 1,8 bilhão.
Bitcoin lidera saídas
Sem grandes surpresas, a principal criptomoeda do mundo, Bitcoin (BTC), foi quem dominou os movimentos, até por ser o ativo alvo dos ETFs. Foram US$ 479 milhões em saídas na semana, com o resultado do ano ainda positivo em US$ 791,4 milhões.
Enquanto isso, os fundos que operam vendidos (short) em BTC tiveram entrada de US$ 10,6 milhões.
Entre as altcoins, a semana também foi dominada por saídas de recursos, com o Ethereum (ETH) tendo resultado negativo de US$ 39 milhões, enquanto Polkadot e Chainlink tiveram saídas de US$ 700 mil e US$ 600 mil, respectivamente.
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