A Human Rights Foundation (HRF) anunciou que vai doar 3 bitcoins para três projetos que viabilizam o uso das criptomoedas para causas humanitárias. Os desenvolvedores Openoms, Evan Kaloudis e Fontaine receberão uma unidade cada.
De acordo com a entidade internacional, os projetos apresentados por esses desenvolvedores irão “melhorar a usabilidade do Bitcoin, do Lightning Network e do JoinMarket”. O resultado prático, portanto, será a maior facilidade e privacidade de pessoas em transacionarem criptomoedas pelo mundo.
Alex Gladstein, diretor de estratégia da HRF, disse que a entidade planeja premiar outros desenvolvedores que melhorarem o sistema do Bitcoin.
Gladstein mencionou que mais suporte aos desenvolvedores ajuda a continuidade do trabalho de ativistas pelos direitos humanos. A medida, ele acredita, pode ser uma ferramenta de auxílio ao trabalho dessas pessoas pelo mundo:
“Este programa pode ajudar os defensores dos direitos humanos, ajudando a tornar a rede Bitcoin mais privada, utilizável e resiliente, dando-lhes uma ferramenta financeira mais forte”, disse à reportagem.
Bitcoin para causa humanitária
A Openoms criou uma interface gráfica chamada JoinInbox pela qual os usuários podem transferir e receber o criptoativo com muito mais privacidade.
“Com o JoinInbox, os indivíduos podem usar um microcomputador Raspberry Pi para enviar e receber Bitcoin por meio do JoinMarket, melhorando drasticamente sua privacidade”, disse.
O projeto facilita ainda a negociação entre os usuários nos mercados CoinJoin, uma vez que eles ao ofertarem seus bitcoins a outros acabam expandindo o pool de liquidez.
A Evan Kaloudis, por sua vez, irá receber o prêmio por ter criado um aplicativo iOS e Android chamado Zeus. O aplicativo também ajuda na privacidade dos usuários de criptomoedas.
Por meio do Zeus, pessoas podem usar o respectivo nó Lightning a partir de seus telefones. Isso permite que os usuários façam ou recebam micropagamentos de qualquer lugar. A privacidade é garantida tendo em vista que Zeus usa uma VPN ou Tor (The Onion Router) para se conectar com seu nó, tornando suas interações o mais privadas possível.
Mais privacidade
O terceiro projeto premiado é o Fully Noded criado pela Fontaine. Trata-se de um um aplicativo iOS de código aberto que permite que os indivíduos interajam e usem seu Bitcoin Node em seus telefones celulares.
A Human Rights Foundation irá dar apoio à Fontaine para que esse aplicativo ganhe uma versão web para que se alcance um público mais amplo. A privacidade não será problema, uma vez que o aplicativo terá como base o Tor, o que dificultará a identificação dos usuários.
O dinheiro doado é de um fundo lançado em junho de 2020. O Bitcoin Development Fund vive de doações e busca, segundo a entidade, apoiar desenvolvedores de software que estão melhorando a rede Bitcoin a fim de “servir melhor como uma ferramenta financeira para ativistas de direitos humanos, organizações da sociedade civil e jornalistas em todo o mundo”.
Fundo de Bitcoin da HRF
A primeira doação do fundo foi feita em junho, na época em que o Bitcoin Development Fund foi criado. Chris Belcher havia recebido da HRF uma doação “por seu trabalho no CoinSwap para ajudar a derrotar a análise da cadeia e a vigilância financeira”.
Na época, Gladstein afirmou que “defensores de direitos humanos e repórteres em todo o mundo enfrentam uma repressão financeira crescente na forma de contas bancárias congeladas”.
Segundo o ativista, essas pessoas ainda sofrem com restrições a financiamento estrangeiro. “Há vigilância de pagamentos e dificuldade geral em obter renda ou receber doações”.
Ele afirmou ainda que o autoritarismo e a vigilância vem aumentando em muitos países e que o uso da rede Bitcoin, ao lado de aplicativos de mensagens criptografadas como Signal e projetos como o Tor Browser e SecureDrop, “pode ser uma ferramenta poderosa” para esses defensores de direitos humanos.