O Tribunal de Falências de Delaware, nos EUA, recebeu na última quarta-feira (27) uma moção dos devedores da falida corretora de criptomoedas FTX que buscam uma aprovação para estimar os valores dos ressarcimentos dos clientes com base na data de falência da empresa, ou seja, 11 de novembro de 2022.
Desta forma, os credores de Bitcoin (BTC), por exemplo, receberiam seus ativos calculados em cima de US$ 16.871 — menos da metade do valor atual, de cerca de US$ 42 mil. A discrepância entre os valores atuais e os da data de falência da FTX se deve ao aumento significativo do mercado depois da quebra da corretora.
De acordo com o documento, os devedores da FTX argumentam que sua estimativa reflete os preços “justos e razoáveis” e que liquidações por meio de reivindicação individual em relação a um ativo digital seriam impraticáveis e desnecessárias, pois atrasaria todo o processo.
Conforme revela a tabela de preço formulada pelos devedores da FTX, a proposta também estima o preço do Ethereum em US$ 1.258, ante ao valor atual de US$ 2.300; Solana, que vale atualmente US$ 105 a US$ 16, e até mesmo centavos a menos no prelo de algumas stablecoins, como a tether (USDT), a US$ 0,9975910.
De acordo com uma publicação do site Cryptoslate, a moção atraiu críticas dos credores da FTX. Eles descrevem como mais um roubo e instam as pessoas a se oporem ao plano.
Sunil Kavuri, um dos credores mais proeminentes da falida corretora, observou que a proposta subestima grosseiramente o valor dos ativos e pede que os demais clientes lutem contra a moção. Um grupo de credores da FTX — chamado “FTX 2.0 Coalition” — também fez o mesmo aconselhamento, inclusive instando os clientes a escreverem uma carta ao juiz responsável.
“Qualquer pessoa pode enviar uma carta assinada endereçada ao tribunal de falências de Delaware. Não é necessário advogado”, disse o grupo, segundo o Cryptoslate. O site ressalta ainda que os clientes que discordarem da moção terão até 11 de janeiro para se oporem ao plano.
FTX pode voltar
No início de novembro de 2022, uma das maiores exchanges do mundo, a FTX, entrava em uma espiral de problemas após a suspeita de que a exchange usava ilegalmente fundos de clientes.
Após dias de pânico, um possível resgate pela Binance trouxe esperança ao mercado, mas no dia 9 de novembro a corretora chinesa desistia do negócio e fazia ruir de vez qualquer tentativa da FTX sobreviver.
Dois dias depois, a empresa entraria com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos para pregar o último martelo do seu próprio caixão.
Hoje, todo o grupo FTX — incluindo a empresa irmã Alameda Research — está quebrado e seu fundador, Sam Bankman-Fried, está preso e condenado em sete acusações criminais.
Apesar disso, o tempo jogou uma luz nas esperanças do negócio voltar a ativa e começam a surgir tentativas mais concretas para retomar o que um dia já foi a segunda maior exchange de criptomoedas do mundo.
Agora, a disputa para “reviver” a FTX está entre a Bullish do ex-CEO da NYSE, a fintech Figure Technologies e a empresa de investimentos Proof Group.
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