Imagem da matéria: Forte acumulação de bitcoin pode sinalizar o fim do mercado de baixa, aponta Glassnode
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O mercado do Bitcoin (BTC) teve uma semana mais forte, recuperando-se das baixas de US$ 40.710 e saindo da faixa de consolidação para registrar uma alta local de US$ 47.649. Foi o primeiro rali contínuo após muitos meses de ação de preço instável e lateral.

Nos últimos meses, a Glassnode destacou diversos casos e ângulos que indicavam um provável mercado de baixa do bitcoin, que começou em maio de 2021.

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No entanto, é como diz o ditado: “mercados de baixa criam os ‘touros’ seguintes”.

Geralmente, o processo de formação de fundos e capitulação (desistência dos ganhos ao vender posições em épocas de queda) por investidores em um mercado de baixa é um processo longo e doloroso e, de forma alguma, o bitcoin está livre de perigo.

No entanto, nesta edição, a Glassnode vai mais além, em uma tentativa de identificar métricas que indicam se uma recuperação positiva está a caminho no longo prazo.

Síntese desta análise

– A proporção do fornecimento de moedas inativas há mais de um ano está rapidamente se aproximando de altas recordes à medida que moedas acumuladas no ciclo de alta do primeiro trimestre de 2021 ainda não foram gastas nas carteiras de investidores;

– Isso significa que investidores em bitcoin mantêm uma forte convicção no ativo apesar dos diversos obstáculos macro e geopolíticos;

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– Ao comparar essas dinâmicas de fornecimento a ciclos passados, é mais provável que o bitcoin esteja bem na segunda metade do mercado de baixa;

– No entanto, existem gastos modestos sendo realizados por donos de moedas mais antigas (possivelmente em desinvestimentos de “smart money”). Porém, a forte acumulação parece ter acontecido entre US$ 35 mil e US$ 42 mil, absorvendo a pressão de venda.

Preço do bitcoin na décima terceira semana do ano (Imagem: Glassnode)

Antigo fornecimento atinge novos recordes

Uma das ferramentas fundamentais usadas para avaliar a convicção de investidores na análise em blockchain é a vida útil de moedas (ou idade das moedas).

O tempo de vida é definido como o período de tempo desde que a moeda foi movimentada pela última vez (o período desde a criação da transação não gasta, ou UXTO).

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Em termos estatísticos, quanto mais tempo a moeda permanecer inativa, mais provável é que ela se mantenha inativa.

Dada a volatilidade característica do bitcoin, investidores que armazenam moedas por um período extenso de tempo são mais propensos a vivenciar drásticas oscilações de preço e, portanto, são mais propensos a serem HODLers com mais experiência e alta convicção.

Conforme nos aproximamos do fim do primeiro trimestre de 2022, é possível ver um aumento extraordinário na proporção de moedas inativas há mais de um ano, que subiu 9,4% do fornecimento em circulação nos últimos oito meses.

Essas moedas refletem bastante o volume de bitcoins acumulados na fase do ciclo de alta do primeiro trimestre de 2021 e os detentores, portanto, mantiveram as moedas ao longo de duas quedas superiores a 50% e três altas recordes.

Essa recuperação é bem similar em termos de escala e duração à recuperação entre 2018 e 2019.

Porcentagem de fornecimento em bitcoin ativo, pela última vez, há mais de um ano (Imagem: Glassnode)

Embora o gráfico acima mostre o volume de bitcoins inativos há mais de um ano como uma proporção do fornecimento em circulação, é útil saber quanta “riqueza” denominada em dólares está alocada nessas moedas.

A realidade é que muitos investidores tomam decisões de alocações de portfólio em relação ao seu valor denominado em moeda fiduciária e na base de custo. Por isso, o valor proporcional em dólares é muito relevante.

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As faixas de HODL por capitalização realizada são a ferramenta ideal para essa avaliação e o gráfico abaixo filtra essas mesmas moedas inativas há mais de um ano. É possível observar que:

o segundo e o quarto trimestre de 2021 possuem muitas similaridades a outros mercados de baixa, quando a riqueza total mantida em moedas inativas há mais de um ano atingiu um ciclo mínimo, entre maio e dezembro de 2021;

1ª fase de baixa: Quando uma baixa proporção de riqueza é mantida por investidores mais antigos e experientes, significa que o inverso é verdadeiro, e grande parte da riqueza é detida por investidores mais novos e menos experientes, o que é uma formação de topo e material de mercado de baixa.

2ª fase de baixa: Essa disparidade de riquezas está se recuperando intensamente à medida que moedas migram para as faixas de duração acima de um ano, e existe mais riqueza, conforme uma base de custo maior está em HODL (estabelecendo um valor mínimo maior do que o do último ciclo).

O mercado atual está no processo de recuperação (2ª fase). No entanto, assim como em ciclos passados, esse processo pode demorar vários meses para que um preço mínimo se forme completamente e encontre um impulso de alta contínuo.

Ondas de HODL com capitalização realizada em bitcoin (moedas com vida útil superior a um ano) (Imagem: Glassnode)

Analistas on-chain geralmente consideram uma abundância de “moedas mais antigas” como um sinal de força e convicção do mercado pelos seguintes motivos:

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– aumentos macros na vida útil agregada do fornecimento de moedas demonstram um desejo de segurar BTC, apesar das voláteis oscilações de preço, sugerindo uma alta convicção de investidores e futuras expectativas de valor;

– reflete uma redução geral no fornecimento de moedas “líquidas” disponíveis para a aquisição de compradores à margem como consequência histórica por compradores de “smart money”.

A proporção de HODL Realizado (RHODL) capta essa atitude em um único oscilador refinado. É calculado como a proporção de faixas de ondas HODL por capitalização realizada de moedas entre uma semana e um ano.

Ele atingirá um pico quando uma riqueza máxima em dólares for mantida por novos investidores (topos do mercado) e uma queda quando mais da riqueza for mantida por faixas superiores a um ano (fundos do mercado).

É possível ver que existe uma tendência de baixa macro, refletindo o crescimento de moedas superiores a um ano se movendo ao denominador da métrica.

Atualmente, RHODL descreve um equilíbrio entre HODLers novos e experientes, coincidindo com mercados de baixa em estágio final, além de mercados de alta em estágio inicial.

Porém, note que, apenas em 2012, RHODL registrou uma tendência de baixa macro enquanto a precificação de mercado estava em um ciclo de alta.

Proporção de HODL realizado em bitcoin (Imagem: Glassnode)

Outro oscilador que captura uma quantidade impressionante da psicologia de investidores em uma curva refinada é o Risco de Reserva.

Essa métrica registra níveis baixos quando existe uma forte acumulação de investidores e HODLing é a estratégia preferencial do mercado.

Por outro lado, é extremamente reflexivo para o lado positivo (requer uma escala logarítmica) quando esses investidores experientes encerram suas posições.

Historicamente, o Risco de Reserva está precificado em níveis subvalorizados por 77 dias até agora, apesar de ser um nível bem mais curto do que em períodos registrados entre 2015 e 2017, bem como entre 2018 e 2020.

Porém, é preciso mencionar que o Risco de Reserva geralmente sinaliza uma subvalorização bem no mercado de baixa, pois HODLers começam a distribuição apenas depois de uma nova alta recorde ser definida.

Risco de Reserva em bitcoin (Imagem: Glassnode)

Suporte a curto prazo encontra gastos a longo prazo

Conforme evidenciado pelas métricas acima, a transição de mercado de baixa para um de alta raramente é óbvia no momento e, geralmente, demora longos períodos de tempo para acontecer.

Um motivo principal para isso é que mesmo os investidores de mãos mais firmes podem remover a liquidez durante ralis de mercado de baixa para conservar e maximizar a eficiência de capital.

Ao analisar as Faixas de Volume Gasto por Duração (SVAB), é possível ver que uma porção considerável das moedas movimentadas pela última vez há mais de seis meses aumentou seu gasto ao longo de março.

Cerca de 2% de todo o volume transacionado on-chain está associado a essas moedas, o que é relativamente significativo.

Faixas de volume gasto em bitcoin por duração (SVAB) (média móvel exponencial de 14 dias) (Imagem: Glassnode)

Esse dado é confirmado pela análise do Fornecimento Renovado superior a um ano, demonstrando que entre 7 mil e 10 mil bitcoins movimentados há mais de um ano foram gastos diariamente nos últimos 30 dias. Isso fornece duas interpretações principais:

– moedas mais antigas estão sendo movimentadas durante essa consolidação de preço, sugerindo que existe um grau de incerteza por investidores e um desinvestimento de risco. Isso provavelmente acontece para criar uma oferta elevada e que precisa ser absorvida;

– preços de mercado não registraram novas baixas apesar dessa pressão adicional de vendas, sugerindo que existe demanda suficiente para absorver esses gastos.

Fornecimento renovado de bitcoins ativos pela última vez há mais de um ano (média móvel exponencial de 14 dias) (Imagem: Glassnode)

Voltando às faixas de HODL por capitalização realizada, agora são analisadas as faixas de moedas mais novas, inferiores a um mês.

Aqui, podemos ver que cerca de 16,23% da riqueza em dólares e armazenada em bitcoin é mantida nessas faixas de moedas mais novas. Essas faixas só vão aumentar quando as moedas mais antigas forem gastas e passarem para compradores mais novos.

Durante ciclos de baixa em estágio final, essas faixas de duração tendem a atingir valores relativamente mínimos, pois todos os especuladores restantes e turistas do mercado saem do setor e o “smart money” acumula moedas a preços mais baratos.

A proporção de valor mantido nessas faixas de duração é similar aos períodos de “descrença e remoção de liquidez” em 2012, 2016, bem como entre 2019 e 2020.

Faixas de HODL por capitalização realizada em bitcoin (moedas mais novas do que um mês) (Imagem: Glassnode)

Para apoiar as observações acima, existe a Distribuição Realizada de Preço das atuais UTXO (que registra o perfil do volume em blockchain).

Essa é uma versão não lançada da distribuição de preço realizado de transações não gastas (URPD), dividida entre grupos de holders a longo prazo e holders a curto prazo.

Existem duas observações importantes:

1. Holders a longo prazo ainda têm uma enorme proporção do fornecimento adquirido a preços mais altos (acima de US$ 45 mil). Essas moedas são mantidas a um prejuízo não realizado – provavelmente há diversos meses. É importante destacar que esses investidores ainda não liquidaram, sugerindo que um forte sentimento persiste.

2. Holders a curto prazo acumularam uma enorme proporção do fornecimento entre US$ 38 mil e US$ 45 mil. Indica que muitos investidores consideram a atual faixa de consolidação como uma zona de valor e tem características similares à faixa entre US$ 30 mil e US$ 40 mil registrada entre maio e julho de 2021.

O risco é que esses compradores podem estar sensíveis a qualquer volatilidade de baixa.

Porém, o grau de acumulação que parece ter acontecido durante essa faixa de consolidação, principalmente em face dos riscos macro e geopolíticos capazes de mudar o mundo, é um sinal de força e convicção no bitcoin.

Distribuição de preço realizado e não gasto ajustado por entidades (Imagem: Glassnode)

Dores no curto prazo para ganhos no longo prazo

Historicamente, mercados de baixa do bitcoin terminam com um grande êxodo final, um evento de capitulação que abala até os HODLers mais “calejados”.

Exemplos incluem os períodos de janeiro de 2015, novembro de 2018 e março de 2020 – em todos, o preço do bitcoin despencou mais de 50% em poucos dias.

Durante esses eventos, todos os vendedores restantes foram esgotados e tanto moedas rentáveis como moedas desvalorizadas foram vendidas em grande escala.

O gráfico abaixo apresenta o grau de lucro/prejuízo realizado em moedas, especificamente as enviadas para corretoras (provavelmente, para venda).

Nos últimos 12 meses, houve dois eventos de queda drástica, que tiveram uma magnitude bem menor do que no ciclo de baixa entre 2018 e 2020.

Dadas as duas quedas superiores a 50% desta vez, é mais provável que isso reflita uma crescente confiança de investidores no bitcoin como um ativo viável no setor macro.

Lucro e prejuízo por faixas de rendimento em bitcoin (para corretoras (média móvel de 30 dias) (Imagem: Glassnode)

O conceito de “valor realizado” é capturado completamente na capitalização realizada, que reflete uma base de custo agregada para investidores dos grupos de holders a curto prazo e holders a longo prazo. O gráfico abaixo mostra:

a capitalização realizada por holders a curto prazo (cor de rosa) é mais volátil e, geralmente, fornece resistência em um mercado de baixa (investidores que vendem pela sua base de custo). Atualmente, está precificada em US$ 45,9 mil. Esse é um nível principal para observar, caso o mercado possa ultrapassá-lo e mantê-lo, podendo sugerir um regime em direção a cenários mais positivos.

a capitalização realizada por holders a longo prazo (cor azul) está se movendo mais devagar, atrasando o preço realizado (cor laranja) em 155 dias, e raramente tende para baixo.

Uma tendência de baixa na capitalização realizada por holders a longo prazo indica que a base de custo agregada por holders a longo prazo está caindo. Isso apenas acontece quando:

1. Holders a longo prazo que compraram no topo capitulam; ou

2. Quando, há 155 dias, holders a longo prazo acumularam enormes volumes de moedas a preços mais baratos.

Dado que 155 dias atrás teve uma alta recorde em outubro, isso comprova que o item 1 acima é resultado mais provável, sugerindo que holders a longo prazo já capitularam ou estão em processo de capitulação.

Capitalização realizada por holders a longo e longo prazo (Imagem: Glassnode)

Para finalizar esta análise, a Glassnode apresenta o Z-Score de variação da posição líquida na capitalização realizada de holders a longo prazo. Essa métrica:

– calcula a variação de 30 dias na capitalização realizada de holders a longo prazo como um medidor do fluxo de entrada/saída de capital denominado em dólares por esse grupo;

– converte para um Z-Score, permitindo a comparação a ciclos anteriores, quando valorizações em dólares eram bem menores;

altos valores indicam que enormes volumes de valor em dólares estão migrando para o status de holders a longo prazo, aumentando sua base de custo agregada;

baixos valores indicam que a base de custo de holders a longo prazo está caindo significativamente, direcionada pelo item nº 1 e/ou nº 2 acima.

Percebe-se que holders a longo prazo estão vivenciando a maior queda da história em sua base de custo agregada, pois o Z-Score está registrando desvios-padrão de 2,33 abaixo da média.

Quando agrupado à métrica URPD e às métricas das faixas de Lucro/Prejuízo em corretoras, o Z-Score descreve uma redistribuição bem saudável do fornecimento de moedas com preços mais altos a uma nova faixa mínima entre US$ 38 mil e US$ 45 mil.

Variação de posição líquida por capitalização realizada (escore Z) (Imagem: Glassnode)

Conclusões

Mercados de baixa do bitcoin podem ser longos, dolorosos e prolongados. No entanto, eles servem para reorganizar a propriedade da oferta de mãos mais fracas às mãos mais fortes.

O bitcoin registrou uma forte acumulação entre US$ 35 mil e US$ 42 mil, sugerindo que muitos investidores veem uma zona de valor na atual faixa de consolidação.

Nas últimas semanas, aconteceram gastos modestos, em grande parte de moedas mantidas em prejuízo.

Como consequência, as bases de custo agregadas tanto de holders a longo prazo como de holders a curto prazo estão em queda (principalmente a de holders a curto prazo). Até agora, os “touros” de bitcoin forneceram um suporte adequado ao preço.

Sobre o autor

Glassnode é a maior provedora de dados e inteligência de blockchain que gera métricas e ferramentas on-chain para quem realmente quer entender o mercado de criptomoedas.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Glassnode.

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