Promotores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) entraram com um processo de reclamação de confisco contra a Coreia do Norte na quinta-feira (27). No documento, a promotoria requer o controle de 280 contas de criptomoedas supostamente vinculadas a ataques de hackers contra exchanges dos EUA.
“Essa reclamação mostra aos hackers norte-coreanos que eles não podem se esconder de seus crimes cometidos sob anonimato na internet”, disse Emmerson Buie Jr., do departamento do FBI em Chicago.
De acordo com o documento, essas contas foram rastreadas logo depois do primeiro ataque hacker, que ocorreu em julho do ano passado.
Na ocasião, disse a promotoria, foram roubados US$ 270 mil em tokens. Os promotores alegaram ainda que um segundo hack ocorreu dois meses depois. Naquele, foram roubados US$ 2,5 milhões em criptomoedas de uma exchange americana.
A reclamação aponta que os hackers usaram mais de 100 contas para dificultar a localização dos fundos. Descreve, também, que os detentores das contas paticavam a lavagem de dinheiro com apoio chineses.
Conforme as investigações, os hackers norte-coreanos faziam a lavagem dos fundos por meio de OTCs (Mercado Balcão). Segundo o documento, tal atividade já havia sido detectada antes. Eles converteram os fundos em Bitcoin, Tether e “outras formas de criptomoeda”, diz o texto.
De acordo com Buie, as operações internacionais de lavagem de dinheiro com criptomoedas continuam a minar a integridade do sistema financeiro global. Portanto, disse, “as autoridades não medirão esforços para investigar e impedir esses crimes”.
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EUA contra hackers
Na ocasião do anúncio da ação da Justiça dos EUA, em comunicado à imprensa, o procurador Brian Rabbitt disse:
“A ação de hoje expõe publicamente as conexões em andamento entre um programa de ciberhacking da Coreia do Norte e uma rede chinesa de lavagem de dinheiro de criptomoedas”.
Os hackers norte-coreanos se tornaram conhecidos por vários ataques a empresas de criptomoedas. Por ser mais conhecido, o grupo ‘Lazarus’ geralmente é o primeiro suspeito.
Para a empresa de consultoria Chainalysis, especializada em vasculhar a blockchain atrás de esquemas fraudulentos, ataques como estes norte-coreanos ajudaria a exemplificar um dos meios de financiamento do regime do ditador Kim Jong-un.
Supostamente treinados para tal, os hackers combinam o uso de phishing, sites e até robôs de negociação falsos para desviar e lavar dinheiro oriundo das criptomoedas.
Essas investidas, portanto, podem ser uma das estratégias de financiamento do regime norte-coreano. O país asiático está apartado do sistema financeiro internacional devido a sanções econômicas impostas por desenvolver um programa nuclear.
A punição, portanto, teria levado o regime de Jong-un à criação de fontes alternativas de recursos financeiros.