A Coinbase está enfrentando uma ação judicial sob a acusação de violar leis de valores mobiliários e emitir declarações “enganosas” para seus acionistas, aproximadamente uma semana após a corretora de criptomoedas ter sido criticada por revelar que sofreu um grande vazamento de dados.
Em uma queixa judicial registrada em 22 de maio no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Leste da Pensilvânia, o investidor Brady Nessler alega ter sofrido “perdas e danos [financeiros] significativos” devido aos “atos ilícitos e omissões” da empresa de capital aberto.
Segundo o processo, a Coinbase não revelou prontamente que os dados de seus clientes haviam sido vazados, em um incidente que começou em dezembro de 2024 — revelação que só veio à tona em 15 de maio, fazendo com que as ações da empresa caíssem imediatamente 7% e encerrassem o dia cotadas a US$ 244.
A ação também alega que a Coinbase deixou de divulgar informações sobre suas negociações com reguladores do Reino Unido em 2020, cerca de um ano antes de a plataforma de negociação abrir capital nos EUA.
“Como resultado dos atos ilícitos e omissões dos réus, e da queda acentuada no valor de mercado das ações ordinárias da empresa, o autor e outros membros da classe sofreram perdas e danos significativos”, disseram os advogados de Nessler na petição.
Nos Estados Unidos, qualquer pessoa pode abrir um processo judicial, e fazê-lo costuma ser relativamente simples e barato.
“Embora quase qualquer um possa tentar processar por diversos motivos, existem regras e limites importantes”, disse Andrew Rossow, advogado especializado em gestão de reputação e fundador do escritório Rossow Law, ao Decrypt. “Por exemplo, os tribunais podem rapidamente rejeitar casos que não têm base legal, mesmo que tudo o que a pessoa diga seja verdade.”
Rossow acrescentou que quem entra com um processo contra outra parte deve “demonstrar que [foi] diretamente afetado pelo problema e sofreu um prejuízo real” para que o caso seja analisado pelo tribunal.
Momento delicado para Coinbase
As acusações surgem no momento em que as ações da Coinbase continuam se recuperando, após a plataforma de negociação ter revelado, há cerca de duas semanas, que os dados de seus clientes haviam sido comprometidos.
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As ações da empresa estavam sendo negociadas a US$ 263 no momento da redação deste texto, com alta de 7% desde que a Coinbase divulgou pela primeira vez o vazamento de dados.
A Coinbase relatou o incidente de segurança em uma publicação no blog no dia 15 de maio, informando que “menos de 1%” dos nomes, endereços, dados bancários mascarados, documentos de identidade e outras informações sensíveis dos usuários haviam sido vazados.
A corretora revelou que recebeu uma exigência de US$ 20 milhões pelo resgate dos dados roubados, o que a levou a tornar público o vazamento e oferecer uma recompensa por informações que levassem à prisão dos responsáveis.
Embora as ações da Coinbase tenham registrado uma queda próxima de dois dígitos após a publicação do blog post, o preço dos papéis se recuperou rapidamente.
O impacto negativo do vazamento sobre as ações da empresa foi atenuado pelo anúncio, feito no início da mesma semana, de que a Coinbase havia sido incluída no índice S&P 500 — um marco importante para empresas de capital aberto nos Estados Unidos.
Os advogados de Nessler não especificaram o valor da indenização que seu cliente está buscando. A queixa solicita um julgamento com júri.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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