Etiópia pode se tornar o primeiro país africano a iniciar mineração estatal de Bitcoin

Memorando da holding do governo com uma empresa de data center de Hong Kong prevê investimento de US$ 250 milhões em infraestrutura para mineração e IA
Moeda de Bitcoin semienterrada à frente de bandeira da Etiópia

Shutterstock

A Ethiopian Investment Holdings (EIH), braço de investimentos do governo da Etiópia, assinou na semana passada um memorando de entendimento com o Center Service PLC do West Data Group, com sede em Hong-Kong, que, dentre outras iniciativas, pode abrir as portas para a mineração de Bitcoin no país, segundo uma publicação da Forbes na quarta-feira (21).

A parceria está no âmbito de um acordo geral para um projeto de US$ 250 milhões cujo foco é estabelecer infraestruturas de ponta para mineração de dados e operações de formação em inteligência artificial na Etiópia, conforme o documento analisado pela Forbes.

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Assim sendo, a Etiópia pode se posicionar como  líder no espaço de centros de dados em África, com uma estimativa de crescimento de US$ 5,4 bilhões até 2027. Essa avaliação foi feita pela empresa de pesquisa Aritzon Advisory and Intelligence, descreve a publicação.

O EIH, contudo, ainda não confirmou detalhes de suas operações de mineração de Bitcoin ou respondeu aos pedidos de comentários. No entanto, diz a publicação, à medida que o projeto amadurece, mais detalhes do acordo podem ser revelados.

Cabe porém ressaltar que, dados os primeiros passos com a iniciativa de data centers, as portas para a mineração de Bitcoin ficarão abertas, provendo condições para atrair investimentos, como prevê acerca do plano o CEO da Hashlabs Mining para a Etiópia, Kal Kassa.

“O desenvolvimento faz parte do objetivo do governo etíope de impulsionar o crescimento econômico, aproveitando a tecnologia e as fontes de energia para atrair investimentos estrangeiros”, disse ele, de acordo com a publicação.

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A Forbes relembrou de alguns fatos distintos: quando o comércio de criptomoedas foi proibido no país aficano e quando as leis se tornaram mais favoráveis ao setor cripto, mais precisamente em 2022.

Vale lembrar que a Etiópia tem abundância de energia limpa, bem como baixo custo energético, o que já atraiu, por exemplo, a mineradora russa Bitcluster, que construiu a primeira instalação de mineração de Bitcoin de 120 MW, cita a reportagem, além da Hashlabs Mining, que também escolheu a região para fornecer serviços de mineração a clientes globais.

Potencial energético da Etiópia

De acordo com uma previsão de um executivo sênior da Bitmain e relatada pela Bloomberg, o potencial energético da Etiópia poderá rivalizar com o do estado do Texas, EUA,  que atualmente representa 28,5% da taxa de hash global de 40% dos EUA. No entanto, ressalta a Forbes, os mineradores estão cautelosos quanto ao futuro da regulamentação no país.

É cedo para prever se a Etiópia mudará a sua posição em relação à mineração de Bitcoin, tal como o Irã e o Cazaquistão fizeram quando começaram a competir com a procura interna de energia, argumenta.

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Independentemente disso, continua a publicação, o governo está interessado em expandir o seu influxo de moeda estrangeira para mitigar os seus desafios econômicos e vê a mineração como uma oportunidade de investimento convincente para atingir esse objetivo.

Em outra visão, o governo da Etiópia também pode aproveitar o seu abundante excesso de energia verde para fornecer eletricidade aos seus cidadãos através da mineração de bitcoin, já que, segundo apurou a Forbes, 40% da sua população não tem acesso à eletricidade.

Além disso, a inclusão da iniciativa poderia contribuir com milhões de dólares para o PIB do país, de acordo com dados do Project Mano, um colectivo aberto que procura educar o governo sobre os benefícios potenciais do bitcoin para a economia do país.

“A mineração de Bitcoins será, em última análise, uma ferramenta fundamental para enfrentar os desafios económicos de vários países africanos”, concluiu a Forbes.