ETFs de Bitcoin são negociados no Brasil e ao redor do mundo há anos; veja como eles estão se saindo

Quando o assunto é ETF de Bitcoin, o Brasil brilha, o Canadá lidera, e os Estados Unidos estão prestes a fazer uma entrada marcante nesse mercado
bandeira do brasil com moedas de bitcoin

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O Bitcoin está tendo um início de 2024 empolgante, enquanto traders nos Estados Unidos aguardam a SEC aprovar o lançamento do primeiro ETF de Bitcoin à vista do país – sem dúvida, o objetivo mais esquivo da indústria cripto na última década.

No entanto, os ETFs de Bitcoin não são novidade. Eles têm sido negociados ao redor do mundo por anos. Mesmo nos EUA, ETFs e fundos mútuos baseados em criptomoedas estão por toda parte, e as coisas têm se saído bastante bem para esses mercados: sem colapso econômico, sem anarquia e sem ameaças aos princípios sagrados da democracia, apesar do que alguns legisladores e reguladores nos EUA possam dizer sobre as criptos.

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Em vez disso, a atividade de negociação em torno desses ativos alternativos trouxe um pouco de vida de volta aos mercados que sofreram com as dores de uma pandemia global.

Do Brasil e Chile aos vizinhos americanos ao norte, no Canadá, os investidores nesses mercados têm mergulhado no futuro há algum tempo com diversos ETFs de criptomoedas. E esses mercados oferecem uma espiada no que os investidores americanos podem esperar quando um ETF de Bitcoin finalmente chegar ao solo dos EUA.

Veja como os ETFs de Bitcoin têm se saído ao redor do mundo:

ETFs de criptomoedas no Brasil

Os ETFs de cripto na bolsa B3 do Brasil viram uma mistura de retornos ao longo do último ano. Os melhores desempenhos foram para os fundos que rastreiam criptomoedas de peso como Bitcoin e Ethereum.

O ETF QBTC11, vinculado ao preço do Bitcoin pelo índice CME CF Bitcoin Reference Rate, disparou com ganhos de 145% em 2023. Os fundos BITI11 e BITH11, ligados ao Bloomberg Galaxy Bitcoin Index e Nasdaq Bitcoin Reference Price, respectivamente, registraram retornos igualmente impressionantes de mais de 100% no ano passado.

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Desempenho dos ETFs cripto do Brasil (Fonte: TradingView)
Desempenho dos ETFs cripto do Brasil (Fonte: TradingView)

Enquanto isso, ETFs de cripto mais especializados tiveram dificuldades para acompanhar. O ETF NFTS11 despencou 45,71%, ancorado no índice MVIS CryptoCompare Media & Entertainment Leaders, que abrange NFTs e moedas do metaverso como Axie Shards, The Sandbox, Blur e Apecoin. O fundo META11 teve uma leve queda de 0,37%, vinculado a um índice composto de moedas do metaverso e da cultura cripto, como Apecoin, Decentraland, Shiba Inu, Polygon e Ethereum.

No total, a bolsa brasileira agora abriga 13 ETFs de cripto com mais de US$ 285 milhões (R$ 1,3 bilhão) em ativos sob gestão. A atividade de negociação tem sido intensa, com os principais ETFs registrando volumes diários entre US$ 10 milhões e US$ 725 milhões.

Embora ainda representem uma pequena fatia do bolo total de ativos no Brasil, esses fundos injetaram uma dose de adrenalina no mercado de ETFs do país. Os investidores estão perseguindo retornos excepcionais das criptos em ascensão, enquanto as gestoras correm para trazer mais opções especializadas para o mercado.

Em comparação com outros mercados ao redor do mundo, o Brasil realmente abriu as portas para os ETFs de cripto. O HASH11, primeiro ETF de cripto do Brasil criado pela Hashdex, é atualmente o segundo ETF mais negociado no país, ficando atrás apenas do IVVB11, que acompanha o S&P 500. O BOVA11, que rastreia o mercado de ações do Brasil (Bovespa), ocupa o terceiro lugar na lista da B3.

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Como os ETFs de Bitcoin se comparam aos ETFs tradicionais no Brasil (Fonte: Economatica)
Como os ETFs de Bitcoin se comparam aos ETFs tradicionais no Brasil (Fonte: Economatica)

Interesse do Chile em cripto

Enquanto o Brasil avança com uma ampla variedade de ETFs de cripto, o Chile adota uma abordagem mais medida para essa classe de ativos digitais. Em março de 2021, a Bolsa de Santiago recebeu seu primeiro ETF de Bitcoin: o Purpose Bitcoin ETF, emitido pela empresa canadense Purpose Investments.

Esse fundo pioneiro é negociado em dólares americanos sob o símbolo BTCCL e detém diretamente Bitcoin. Ao rastrear o Bitcoin real em vez de derivativos, oferece uma maneira transparente de obter exposição. No entanto, com apenas um ETF de cripto disponível até agora, o Chile está dando os primeiros passos nesse universo, em vez de mergulhar de cabeça.

O ETF atingiu mais de US$ 1 bilhão em ativos sob gestão apenas duas semanas após o lançamento.

Além do BTCCL, os chilenos têm a opção de negociar o HASH11 do Brasil, embora não como um ETF, mas como um fundo de investimento que utiliza as ações do HASH11 como ativo subjacente. Esta é uma solução que facilita a obtenção de aprovação regulamentar, ao mesmo tempo que oferece a segurança que os investidores institucionais procuram.

Até o final de 2023, esse fundo reportou mais de US$ 145 milhões em ativos sob gestão.

Dominância dos ETFs cripto no Canadá

Os canadenses também são mais amigáveis em relação às criptos do que os americanos quando se trata de negociar ETFs de cripto. Desde a aprovação do primeiro em 2021, esses ETFs permitiram que os investidores participassem do mercado de moedas digitais por meio de contas tradicionais de investimento, incluindo contas de poupança livre de impostos ou planos registrados de poupança para aposentadoria, tornando-os atrativos para investimentos de longo prazo e eficiência fiscal.

Os ETFs canadenses de cripto, especialmente o Purpose Bitcoin ETF (US$ 1,6 bilhão em ativos) e o Purpose Ether ETF (US$ 237 milhões em ativos), oferecem acesso simplificado a importantes moedas digitais. O Evolve Ether ETF, com US$ 61,75 milhões, o Evolve Bitcoin ETF, com US$ 144 milhões em ativos, e o Evolve Cryptocurrencies ETF com US$ 28,6 milhões, diversificam as opções para Ethereum e exposição combinada a criptos.

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Na faixa de taxas mais baixas, o CI Galaxy Bitcoin ETF e o Ethereum ETF gerenciam US$ 410 milhões e US$ 94 milhões, respectivamente, atraindo investidores com uma taxa mínima de 0,4%. Da mesma forma, os ETFs Advantage Bitcoin e Ether da Fidelity, com US$ 140 milhões e US$ 2 milhões, respectivamente, fornecem pontos de entrada confiáveis e com baixo custo no mercado de criptomoedas.

Além disso, o 3iQ CoinShares Ether ETF e o 3iQ CoinShares Bitcoin ETF estão disponíveis para investidores de varejo, com US$ 53 milhões e US$ 38 milhões, respectivamente.

Por que os traders de Bitcoin estão tão otimistas?

Os ETFs de criptomoedas estão mudando a forma como as pessoas interagem com moedas digitais, oferecendo uma ponte entre finanças tradicionais e o mundo “velho oeste” que muitos associam às criptos.

Para aqueles não familiarizados com a terminologia técnica de blockchains e carteiras digitais, esses fundos fornecem uma maneira mais simples de investir em criptomoedas. E é por isso que muitas pessoas estão otimistas com a aprovação de um ETF de Bitcoin nos Estados Unidos.

Um ETF puro de Bitcoin exige que o emissor gerencie o ativo subjacente e não um derivativo, o que diferencia os ETFs de Bitcoin à vista dos ETFs de futuros de Bitcoin que atualmente são negociados no mercado dos EUA.

Isso tem o potencial de ter um impacto significativo no Bitcoin e nos criptomercados como um todo. Em teoria, todos os investidores não tecnicamente especializados que negociam ações de um ETF de Bitcoin agora seriam indiretamente parte do ecossistema BTC, tornando-o menos suscetível a manipulações devido ao tamanho de mercado maior. E há também as expectativas sobre a escassez do ativo.

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Há apenas uma quantidade limitada de Bitcoin disponível. Se houver uma forte demanda por ações de ETF de Bitcoin nos EUA, essa pressão de compra tornará o BTC mais escasso, porque os emissores de ETF devem manter um valor semelhante no ativo subjacente. E considerando que os Estados Unidos têm o mercado de ações mais ativo do mundo, estamos falando de um potencial impacto significativo na liquidez da moeda.

E isso sem contar o halving do Bitcoin, esperado em abril, que limita ainda mais a emissão de novos bitcoins a cada quatro anos (aproximadamente), à medida que as recompensas dos mineradores são reduzidas pela metade.

À medida que as regulamentações se tornam mais claras e as tecnologias mais robustas, podemos esperar ver uma aceitação e proliferação mais amplas desses fundos.

Para os investidores, permanecer educado e cauteloso é fundamental; para os reguladores, equilibrar inovação com proteção é crucial. Talvez seja por isso que a SEC hesitou por 10 anos. Mas, com os ETFs de Bitcoin agora aparentemente prontos para começar a ser negociados nos EUA, o impacto pode mudar o curso do mercado de ativos digitais.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.