Estatal chinesa vai lançar blockchains com código aberto no mercado internacional

Como criptomoedas são proibidas no país, redes não terão tokens financeiros; companhia diz que usuários poderão se certificar que governo chinês não terá “porta dos fundos” para acessar informações
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Foto; Shutterstock

A empresa chinesa Blockchain-based Service Network (BSN), que tem financiamento do governo da China, anunciou que irá lançar em agosto o primeiro produto para o mercado internacional, conforme um porta-voz da empresa disse para o portal da rede de noticias CNBC.

Chamada de Spartan Network, a ferramenta irá disponibilizar uma série de blockchains públicas para que os clientes escolham e usem sem necessariamente ter conhecimento sobre a tecnologia e com um elemento forte de interoperabilidade entre elas.

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Blockchains ainda são muito conectadas no imaginário às criptomoedas, mas a BSN irá prover a tecnologia dos registros abertos e verificáveis sem envolver tokens financeiros. Isso porque a China baniu totalmente as criptomoedas em 2021, mas demonstra grande interesse em desenvolver blockchains.

Umas das blockchains que será disponibilizada será uma versão da Ethereum, na qual o gas (taxas para fazer operações na rede) será pago em dólar e não em ethers.

Desconfiança

O CEO da empresa, Yifan He, falou na entrevista sobre a desconfiança de que o governo chinês irá ter acesso e controle sobre as blockchains: “As pessoas irão dizer que a BSN é da China e isso é perigoso. Deixe-me enfatizar: a Spartan terá um código aberto, nós não vamos acessar nada do nosso lado”.

O executivo disse que os usuários poderão inspecionar o código para se certificarem que não existe uma porta dos fundos pela qual o governo da China tenha acesso às informações.

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A BSN tem financiamento do Centro de Informação Estatal, que é uma entidade sob o controle Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento do governo chinês. Além disso, a empresa estatal de telecomunicações China Mobile também tem participação no projeto.

He diz que o objetivo é diminuir o custo do uso de blockchain para o mínimo possível e atrair mais empresas de tecnologia e desassociar a ferramenta das criptomoedas.

“Será difícil emplacar nos primeiros dois anos, pois a maioria das pessoas na indústria do blockchain entende apenas de cripto”.

Em busca da liderança

Em outubro de 2019, o presidente chinês Xi Jinping declarou que a tecnologia blockchain é estratégica e de prioridade nacional. Desde então, a China já lançou sua própria moeda digital, criou a BSN e alcançou domínio mundial no registro de patentes em blockchain.

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Uma das reiterações mais recentes do governo chinês ocorreu na divulgação do 14º plano de desenvolvimento quinquenal da China, de 2021-2025. O documento funciona como um guia para o desenvolvimento social e crescimento econômico do país, trazendo o termo “blockchain” pela primeira vez na história.

No capítulo que discursa sobre a aceleração do desenvolvimento digital da China consta a seguinte afirmação: “Nós promoveremos e fortaleceremos as indústrias digitais emergentes, como IA, big data, tecnologia blockchain, computação em nuvem e a segurança de computadores”. A declaração ratifica o compromisso chinês em sequência ao plano 2020-2022.