Pela primeira vez na história, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (EUA) colocou uma corretora de criptomoedas na sua “lista negra” de sanções. Trata-se da russa Suex.io, que passou a ser investigada pelas autoridades por permitir que hackers utilizassem a plataforma para sacar criptomoedas roubadas em ataques ransomware.
Numa atualização da lista desta terça-feira (21), o órgão explicou que exchange foi incluída “por facilitar transações financeiras para agentes de ransomware, envolvendo produtos ilícitos de pelo menos oito variantes de ransomware”.
A sanção a corretora acontece num momento em que grandes empresas baseadas nos EUA se tornaram alvos de ataques ransomware, uma ofensiva em que hackers “sequestram” um sistema e só liberam o acesso se a vítima realizar um pagamento, geralmente através de criptomoedas como Bitcoin (BTC) e Monero (XMR).
De acordo com o relatório do Tesouro americano, a investigação sobre as operações da Suex mostrou que mais de 40% de todas as transações que aconteciam na plataforma estavam associadas a atos ilícitos.
“O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) impôs, e continuará a impor, sanções a esses atores e outros que ajudem, patrocinem ou forneçam apoio financeiro, material ou tecnológico para essas atividades”, aponta o documento.
A partir da nova medida, nenhum cidadão norte-americano poderá utilizar a plataforma, sob pena de sofrer multa e até mesmo prisão. O Departamento do Tesouro também confirmou que o governo irá fechar qualquer propriedade da Suex dentro de suas fronteiras.
Segundo o Coindesk, o secretário adjunto do Tesouro, Adewale Adeyemo, disse em uma coletiva de imprensa que “exchanges como a Suex são essenciais para a capacidade dos invasores de extrair lucros de ataques de ransomware. A ação de hoje é um sinal de nossa intenção de expor e interromper a infraestrutura ilícita usada nesses ataques”.
Embora essa seja a primeira vez que o tesouro americano tenha imposto sanções a uma exchange, o órgão já havia colocado na “lista negra” endereços de criptomoedas utilizados em outras atividades ilícitas , como o ransomware SamSam de 2018.
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Atualmente, a lista possui 25 endereços sancionados de diversas criptomoedas, como Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Tether (USDT) e XBT.
As operações da Suex
A Suex é uma corretora OTC legalmente registrada na República Tcheca, mas que opera em filiais em Moscou e São Petersburgo, bem como em outras localidades na Rússia e no Oriente Médio.
A empresa global de análise de blockchain Chainalysis revelou em uma publicação desta terça-feira que ajudou a investigar as operações ilegais da Suex.
“Desde a abertura de suas portas em 2018, a Suex movimentou centenas de milhões de dólares em criptomoedas, muitos dos quais provenientes de fontes ilícitas e de alto risco. Somente de bitcoin, os endereços de depósito da Suex receberam mais de US$ 160 milhões de agentes de ransomware, golpistas e operadores de mercado darknet”, apontou a Chainalysis.
A investigação da empresa descobriu que a corretora ajudava os hackers a converter as criptomoedas em dinheiro fiduciário em negociações que aconteciam em filiais físicas da corretora, em cidades como Moscou e São Petersburgo.
De acordo com o relatório, a Suex recebeu 55% de todos os fundos enviados de endereços ilícitos em 2020. Os endereços da Suex também aparecem no Rogue 100, uma lista da Chainalysis que rastreou os 100 principais endereços que facilitaram o crime de lavagem de dinheiro em 2019.
“A designação de hoje é importante porque representa uma ação significativa tomada pelo governo dos EUA para combater os lavadores de dinheiro que tornam lucrativas todas as outras formas de crime baseado em criptomoeda”, conclui a empresa.