Estado de Nova York fica próximo de banir mineração de criptomoedas com combustíveis fósseis

Senado local aprova lei que impõe moratória a projetos que usem o sistema PoW; texto vai para aprovação ou veto da governadora
Bonequinho em cima de uma pilha de moedas douradas de bitcoin fazendo alusão ao processo de mineração

Shutterstock

Nova York está um passo mais próximo de se tornar o primeiro estado a banir a mineração de criptomoedas que depende de fontes de energia baseadas em carbono. Os legisladores do estado deram apoio a um projeto de lei que impede novos participantes de instalarem operações de mineração e suspende renovações para licenças de operação já existentes.

Aprovada pela Assembleia do Estado de Nova York em abril, o Projeto de Lei S6486D do Senado também recebeu aprovação do Senado com 36 votos a favor e 27 contra em uma votação na manhã desta sexta-feira (3).

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Agora, o projeto de lei avança para que a governadora Kathy Hochul o assine ou vete.

#NYSenate Bill S6486D, sponsored by @senatorparker, passed (36-27, unofficial). Relates to establishing a moratorium on cryptocurrency mining operations that use proof-of-work authentication methods to validate blockchain transactions:https://t.co/IagLZWiztp

— New York State Senate (@NYSenate) June 3, 2022

O projeto de lei pede por uma moratória de dois anos para operações de mineração de criptomoedas com combustíveis fósseis, que usam o sistema proof of work (ou PoW, na sigla em inglês) – como o bitcoin -, um método que consome muita energia para verificar transações na blockchain.

O texto também limita o consumo atual de energia elétrica de operações de mineração existentes.

Porém, o projeto não suspende operações que utilizam energias renováveis nem impede o uso de alternativas a PoW que consomem menos energia, como proof of stake (ou PoS), usada por muitas outras criptomoedas na verificação de transações.

O algoritmo PoW é a base das duas maiores criptomoedas do mercado: bitcoin (BTC) e ether (ETH).

No entanto, a previsão é que a rede Ethereum migre para um mecanismo de consenso PoS no terceiro trimestre deste ano.

Preocupações sobre o impacto ambiental da mineração 

Parte do debate em torno do projeto de lei está focada no suposto impacto negativo da mineração de bitcoin ao meio ambiente.

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De acordo com o Índice de Consumo de Eletricidade do Bitcoin (ou CBECI) da Universidade de Cambridge, se a rede Bitcoin fosse um país, seria o 32º maior consumidor de energia elétrica — entre a Argentina e os Países Baixos.

“Existe um crescente número de operações de mineração de criptomoedas em Nova York que estão minerando criptomoedas que utilizam o algoritmo de consenso proof of work, como bitcoin e ether”, segundo o projeto de lei.

“Algumas empresas de mineração de criptomoedas adquiriram usinas desativadas de combustíveis fósseis e começaram a operar a uma taxa bem mais alta do que essas usinas operavam anteriormente. Basicamente, essas empresas estão operando como um centro de geração de energia elétrica que utiliza combustíveis fósseis.”

Além disso, o projeto de lei exige a criação de uma “declaração genérica de impacto ambiental” para a mineração PoW, que fará com que legisladores do estado de Nova York “determinem se o crescimento de empresas de mineração com autenticação via proof of work que operam seus próprios centros de geração de energia elétrica e produzem energia pela queima de combustíveis fósseis é incompatível com nossos objetivos de emissão de gás estufa estabelecidos pela lei”.

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Oposição

Porém, o projeto de lei enfrenta oposição de representantes da indústria cripto, que temem que, caso aprovada, possa prejudicar a economia do estado nova-iorquino.

“Este é um retrocesso significativo para o estado e irá reprimir seu futuro como um líder de tecnologia e de serviços financeiros globais”, afirmou Perianne Boring, fundadora e presidente da Câmara de Comércio Digital, em entrevista à CNBC.

Greenidge Generation Holdings Inc., um grupo de mineração de bitcoin com sede em Nova York, também respondeu à recente moratória, afirmando que “a legislação não irá se aplicar às operações da Greenidge”. Atualmente, a empresa possui as operações necessárias e enviou uma solicitação de renovação antes da aprovação da legislação mais recente.

Ainda assim, a empresa causou a ira de muitos ambientalistas e ativistas do clima porque suas operações podem ameaçar os agressivos objetivos climáticos do estado.

Um aspecto ainda mais importante, segundo Boring, é que a aprovação do projeto de lei como legislação “irá eliminar empregos fundamentais e ainda privar o acesso financeiro a muitas das populações sub-bancarizadas que moram no ‘Empire State’”.

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*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.