O problema que a Binance enfrentou com a dogecoin na manhã desta quinta-feira (11) se tornou muito pior: um erro fez com que a plataforma duplicasse os saques de doge de transações feitas no passado de clientes do mundo inteiro .
A corretora bloqueou as contas das pessoas afetadas e está cobrando os valores de volta para normalizar as operações. Diversos brasileiros foram afetados pela duplicação.
“Há mais de um ano fiz uma transação de 5700 doge para um cliente. Agora estão me cobrando 11800. O que era R$ 80 lá atrás virou R$ 16 mil hoje”, disse ao Portal do Bitcoin o p2p Cassiano Ribeiro, da Otsafe.
Ribeiro teve a conta bloqueada e está com os saldos presos. Ele conta que operação foi feita para um cliente com que ele tem pouco contato e não sabe se vai conseguir devolver o dinheiro. Ele pretende acionar a empresa na Justiça se o problema não for revolvido.
13 horas com o suporte da Binance
Outro caso é o de Bruno Sigiani, um P2P brasileiro que também está com a conta bloqueada. Para ter acesso aos fundos na plataforma, a exchange está obrigando que ele devolva o equivalente a R$ 66 mil em Dogecoin.
Ele contou à reportagem que ficou em contato com o suporte por mais de 13 horas, sem conseguir resolver o problema.
“Ontem eu tentei fazer um saque na Binance por volta das 16h e foi quando apareceu essa mensagem. Não entendi de onde veio essa cobrança, até porque a última vez que eu saquei doge faz uns três meses”, explica Sigiani. “Entrei em contato com o suporte e eles também não conseguiram identificar o problema, disseram apenas que eu teria que pagar isso para eu poder liberar a minha conta”.
Ele continuou dizendo que ficou madrugada adentro tentando contato com o suporte por longas horas sem resposta. Só voltaram a falar com ele por volta das 4h desta quinta (11), mas apenas para informar que não tinha sido possível identificar para qual endereço vinculado a sua conta essas Dogecoin foram enviadas.
Na teoria, o usuário poderia pegar as moedas que recebeu da corretora e devolver. No entanto, cada caso é específico. Bruno, por exemplo, por trabalhar como P2P comprando e vendendo criptomoedas de forma direta de outras pessoas, é praticamente impossível que ele consiga os ativos novamente.
“Sempre que eu uso a Binance, eu mando a moeda de lá direto para o meu cliente. Eu também usava ela para receber a moeda do cliente e transformar em reais. Só que o suporte não conseguiu me dizer para qual carteira foi enviada essa moeda, então não tem como eu descobrir quem foi o cliente que eu enviei na época”.
Mesmo que ele descubra o paradeiro das criptomoedas, é muito improvável que alguém que não está envolvido no problema devolva o equivalente a R$ 66 mil em DOGE.
Enquanto isso, Sigiani segue com a conta bloqueada e sem acesso às criptomoedas que estão presas no seu balanço na exchange.
Valorização da Dogecoin
Outros amigos de Sigiani também passaram pelo mesmo problema. Um deles conseguiu uma resposta mais clara do suporte da Binance, explicando que a plataforma replicou saques realizados pelos usuários em junho de 2020.
Da mesma forma, a corretora exige que os fundos sejam devolvidos para desbloquear o acesso à conta. Vale lembrar que em junho do ano passado, a Dogecoin valia R$ 0,01 e hoje, a cotação da moeda passa de R$ 1,42.
No Twitter, relatos semelhantes de usuários de outras partes do mundo também começaram a surgir: “O suporte ao vivo da Turquia é muito ruim, eles não se importam de forma alguma. 6.000 DOGEs que peguei no passado foram enviados novamente e então você bloqueia minha conta”, escreveu @enes40431261.
Não se sabe nem quantas pessoas foram afetadas nem o total de criptomoedas enviadas. Em nota enviada ao Portal do Bitcoin, a empresa reconheceu o problema:
“A Binance informa que, devido a um problema de tecnologia, alguns usuários receberam indevidamente saques já efetuados no passado na moeda DOGECOIN. Para todos os casos, solicitamos que os usuários entrem em contato com nossa equipe de suporte, que já está orientada para solucionar o caso da maneira mais rápida possível. Pelos transtornos causados, pedimos desculpas”.