Empresas brasileiras importaram R$ 106 milhões em GPUs usadas em mineração de criptomoedas

Placas usadas para computação gráfica tiveram um aumento de consumo no país
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Rig de mineração com GPUs (Foto: Shutterstock)

Empresas brasileiras gastaram US$ 19 milhões (cerca de R$ 106 milhões) para importar pouco mais de oito mil placas de vídeo — usadas para computação gráfica, mineração de criptomoedas como Ethereum e outras funções — no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do ComexStat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior do país.

O valor é quatro vezes maior que o registrado no mesmo período de 2020, no qual sete mil Unidades de Processamento Gráfico (GPU) – nome comercial para identificação desses itens — foram importadas pelo preço de US$ 4 milhões. No ano passado inteiro, o total gasto com esses itens foi de US$ 105 milhões.

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A reportagem do Portal do Bitcoin descobriu esses dados porque nesta nesta quinta-feira (8) a Receita Federal, em resposta a uma ‘solução de consulta’, publicou no Diário Oficial da União a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) – código usado para identificar mercadorias – das placas de vídeos usadas na mineração.

Uma ‘solução de consulta’, segundo Lisandro Vieira, CEO da WTM do Brasil e consultor em comércio exterior, é um instrumento oficial por meio do qual uma pessoa física ou jurídica consulta formalmente a Receita Federal para saber qual é o entendimento do órgão sobre alguma situação, normalmente tributária.

De onde vem as placas e para onde vão

De acordo com o Comexstat, as GPUs importadas pelo Brasil no primeiro trimestre vieram de 31 países diferentes. Não é possível saber, contudo, como as placas foram usadas.

As cinco nações que mais venderam dispositivos para o Brasil no período foram México (US$ 8 milhões), Estados Unidos (US$ 4,3 milhões), China (US$ 3,8 milhões), Canadá (US$ 895 mil) e Suíça (US$ 399 mil).

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Os estados brasileiros que mais receberam os itens foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Amazonas, Bahia, Espirito Santo e Rio Grande do Norte.

As duas principais fabricantes de placas de vídeo são a AMD e Nvidia. No início de 2018 a AMD aumentou a produção de GPUs para atender o mercado de criptomoedas. No ano passado, só a mineração de Ethereum (ETH) rendeu 300 milhões para Nvidia em 2020.

Cabe lembrar que com placas de vídeo é possível minerar apenas altcoins. O bitcoin, por causa da alta dificuldade de mineração, precisa de um equipamento específico para ser ‘fabricado’ ou validado.

Influência da mineração de criptomoedas

Não é possível afirmar que foi só a mineração de ativos digitais que fez o valor gasto com importação desses itens crescer quase 400% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. Porém, há uma escassez global do produto, o que pode tê-lo tornado mais caro.

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Além disso, a tendência da mineração caseira pode contribuído uma que vez que as placas necessárias para a função precisam de alto poder de processamento e são as mais caras.

Embora não existam dados disponíveis, o youtuber Denny Torres, que mantém um canal sobre mineração caseira no Youtube com mais de 50 mil inscritos, acredita que a atividade tem crescido muito no Brasil e que o mercado está aquecido.

Isso ocorre, na visão dele, porque as criptomoedas estão cada vez mais conhecidas e porque as aplicações de renda fixa no Brasil têm rendido muito pouco, o que incentiva as pessoas a pegar dinheiro e investir em negócios que deem rendimentos.

“Esse negócio pode ser montar empresa, contratar gente ou comprar placas de vídeo para minerar criptomoedas. Quando você compra placas, por exemplo, você ganha e alimenta o mercado, pois as lojas vendem mais, pagam seus funcionários, fazem importações de produtos, pagam impostos etc”, disse.