Empresa brasileira anuncia fundo regulado de criptomoedas que não existe

Produto divulgado não tem cadastro na CVM; Mercurius Crypto alega erro de comunicação
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Foto: Shutterstock

Uma empresa brasileira chamada Mercurius Crypto vem divulgando o lançamento do ‘primeiro fundo de gestão ativa fundamentalista em criptomoedas regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)’. O produto, contudo, não existe.

O site do órgão regulador não aponta nenhum produto financeiro em nome da empresa. Além disso, os responsáveis não têm registro no Cadastro Geral de Regulados. Ou seja: eles não têm autorização para gerir ou administrar fundos.

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Questionada pela reportagem sobre a ausência de informações na CVM, a Mercurius Crypto, que se apresenta como casa de análise e pesquisa em criptoativos, disse que na verdade teria adquirido o CNPJ do ‘Leblon – Fundo de Investimento Multimercado Investimento no Exterior’, da fintech Vórtx, e que iria fazer a transferência do nome até outubro.

O fundo Leblon existe e está inscrito no número 37.211.528/0001-10, mas o produto financeiro nunca foi repassado para a casa de análise. Segundo as regras da CVM, uma mudança dessa natureza deve ser comunicada no mesmo dia ao órgão regulador. No site do regulador, ainda consta que o fundo pertence à Vórtx.

Fundo diz não ter relação com a Mercurius Crypto

Consultada pelo Portal do Bitcoin, a Vórtx disse em nota que não tem qualquer relação com a Mercurius Crypto. Falou ainda que vai tomar as medidas cabíveis:

“A Vórtx, na qualidade de administradora do fundo e sua representante legal, não reconhece nenhum relacionamento do fundo com a Mercurius Crypto e, diante dos fatos questionados, a Vórtx irá averiguar a situação e tomar as medidas cabíveis para o exato cumprimento das normas da CVM”.

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“Ainda, a Vórtx afirma que o fundo não possui relacionamento com prestadores de serviço que não os informados no regulamento do fundo ou com outros distribuidores do mercado que não a própria Vórtx”.

Site da CVM (Imagem: Reprodução)

Mudança de versão e erro

Questionada pela segunda vez, a Mercurius Crypto mudou mais uma vez o posicionamento e disse que cometeu um erro ao divulgar o fundo.

“No release, falamos que o fundo foi desenvolvido pela Mercurius em parceria com uma gestora de recursos independente, mas é a gestora que tem a autorização da CVM e o fundo é dela. A Mercurius é um parceiro contratado para desenvolver estudos sobre o mercado de criptomoedas”.

“Dessa forma, a informação de que o CNPJ do fundo está sendo adquirido realmente está errada. Demos uma pausa nas nossas comunicações e estamos ajustando todos os nossos materiais”.

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Logo após as perguntas da reportagem, a Mercurius Crypto tirou do ar a página do suposto fundo. No lugar das informações do produto financeiro agora aparece um erro 404.

As informações, no entanto, ficaram salvas no cache como é possível ver abaixo.

Print da página retirada do ar

Diversos veículos de imprensa, contudo, já publicaram a informação incorreta. Atualmente a Mercurius fornece conteúdo para a corretora Coinext. No passado, também produzia relatórios para a Foxbit. Conforme a exchange, a relação comercial não está mais em vigor.