Emissora de USDC diz que vai cobrir rombo deixado por falência de banco; stablecoin não recupera paridade

Circle diz que vai usar recursos próprios e “capital externo, se necessário” para garantir lastro; USDC melhora patamar, mas ainda registra valor de US$ 0,96
Stablecoin USDC

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A Circle, emissora da stablecoin USDC, afirmou na madrugada deste domingo (12) que vai “cobrir qualquer déficit” causado pelo congelamento US$ 3,3 bilhões de seus fundos mantidos no Silicon Valley Bank (SVB) após o colapso do banco, na sexta-feira (10).

Em uma postagem no blog corporativo, a Circle escreveu que a empresa é legalmente obrigada a “apoiar” o token USDC e cobrirá qualquer déficit usando recursos corporativos próprios – e “capital externo, se necessário” – para garantir que a stablecoin possa ser resgatada mantendo a paridade de um para um com o dólar americano.

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Na sexta-feira, USDC perdeu sua paridade e chegou a recuar para US$ 0,87 em meio ao receio dos investidores de que os fundos presos no SBV significassem que a empresa não teria lastro para a steblecoin.

O anúncio da Circle parece ter acalmado parte mercado: por volta das 10h deste domingo, a criptomoeda havia recuperado parte de sua paridade, operando na casa de US$ 0,96. Outras stablecoins que hav iam registrado movimentos de queda, como BUSD, voltaram a registrar os US$ 1. A exceção fica por conta de DAI, também negociada a US$ 0,96.

Sharing an Update on USDC and Silicon Valley Bank. https://t.co/Ug3qpot8sJ

— Jeremy Allaire (@jerallaire) March 11, 2023

No comunicado, a Circle reafirmou que a USDC é 100% garantida por dinheiro e por títulos do Tesouro dos EUA.

“Atualmente, o USDC tem garantia de 77% (US$ 32,4 bilhões) com títulos do Tesouro dos EUA (com um período de vencimento de três meses ou menos) e 23% (US$ 9,7 bilhões) com dinheiro mantido em uma variedade de instituições, das quais o SVB é apenas uma”, escreveu a empresa.

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A Circle diz que os 23% restantes, cerca de US$ 9,7 bilhões, estão em dinheiro, e que depositou US$ 5,4 bilhões no BNY Mellon para “reduzir o risco bancário”. A empresa diz que o Consumer Bank detém outros US$ 1 bilhão em reservas do USDC, acrescentando que a Circle mantém ainda contas de transação e liquidação para USDC com o Signature Bank.

“US$ 3,3 bilhões das reservas de caixa do USDC permanecem com o SVB”, disse Circle. “A partir de quinta-feira, iniciamos as transferências desses recursos para outros parceiros bancários. Embora essas transferências ainda não tenham sido liquidadas até o fechamento da sexta-feira, continuamos confiantes na gestão da situação do SVB pelo FDIC [órgão regulador federal dos EUA] e estamos prontos para receber esses fundos”.

Embora os problemas do Circle e do USDC decorram do Silicon Valley Bank, a empresa acrescentou que o USDC não tem exposição ao banco cripto Silvergate – que também quebrou na semana passada -, dizendo que a empresa transferiu as “reservas limitadas” que tinha no Silvergate antes do fechamento do banco.

Esperando a segunda feira

À medida que o contágio do colapso do Silicon Valley Bank continua a se espalhar, a Circle observou que, embora a USDC opere on-chain, o horário bancário dos EUA restringe sua emissão e resgate, acrescentando que as operações de liquidez do USDC serão retomadas “normalmente” quando os bancos abrirem na segunda-feira (13).

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“Na prática, nossas equipes estão bem preparadas para lidar com um volume significativo, construído sobre a forte liquidez e ativos de reserva discutidos abaixo”, escreveu a Circle, acrescentando que acredita que o FDIC permitirá transferências iniciadas antes do Silicon Valley Bank entrar em concordata sejam processadas normalmente.

“Esperamos que o FDIC, como receptor, busque uma rápida venda de uma franquia tão forte quanto a do SVB, para garantir que todos os depositantes sejam resgatados”, disse Circle.

*Traduzido com autorização do Decrypt.