O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (17) que a proposta de dolarização da economia argentina feita pelo candidato Javier Milei, em teoria seria possível de ser aplicada.
Em entrevista ao site Poder 360, o economista ressaltou que não teve acesso ainda a todos os detalhes da aplicação do plano de Milei, mas que seria possível não só dolarizar a economia como diminuir o tamanho do Estado. Por outro lado, ele afirmou que isso levaria bastante tempo para ser aplicado.
“Para dolarizar eu preciso ter dólares, e eu posso ter, mas é uma questão de qual o preço que eu vou levar na relação de troca entre o dólar e a moeda que existe hoje para que o dinheiro que está fora retorne ao país e eu comece a ter uma base para a dolarização”, explicou Campos Neto.
Segundo ele, o governo poderia, por exemplo, colocar um valor baixo para o dólar como forma de atrair esse dinheiro externo – seja de empresas, pessoas físicas ou investidor -, mas que isso não é suficiente para dar credibilidade a ponto de realmente ocorrer uma entrada de dólares.
“Não é uma coisa fácil de se fazer no momento atual”, reforçou o presidente do BC ressaltando que vê Milei como um libertário e que algumas de suas ideias são de difícil execução.
Milei defende que ocorra a dolarização da Argentina e em seus livros já avaliou forma de fazer isso. Sua principal ideia aponta que inicialmente o sistema bancário deveria ser mudado para sistema com 100% de reservas obrigatórias. Em seguida ocorreria uma competição cambial entre dólar e peso, e conforme os argentinos escolhessem a divisa americana, seria “eliminado” o Banco Central.
Modelo de transição do peso para o dólar
Campo Neto comentou ainda sobre a possibilidade da Argentina fazer algum modelo de transição como ocorreu no Brasil antes do real. “A Argentina já passou por isso no passado, criar uma âncora onde você tem credibilidade temporária para passar para um sistema mais definitivo”, afirmou.
Porém, ele disse que será preciso esperar para ver qual poderia ser esse tipo de âncora que seria capaz de retomar a credibilidade da moeda da Argentina antes de entrar para um sistema mais estável com o dólar.
“Teoricamente é possível [migrar para um modelo dolarizado], mas não consigo responder mais porque não sei como vai ser a aplicação, e não sei o tempo que ele demoraria para fazer isso”, afirmou.
Por fim, o economista disse ainda que Milei ganhou destaque porque conseguiu fazer uma ligação da falta de credibilidade do governo argentino com a queda do seu poder de compra, colocando a culpa ainda na liberdade do Banco Central de emitir dinheiro como fator determinante para a crise do país.
“Eles entendem que o governo tem tão pouca credibilidade, que fazer qualquer tipo de moeda paralela gerada pelo governo também não teria credibilidade, então teria que ser o dólar”, disse.
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