Educação é chave para tokenização avançar no Brasil, dizem executivos

Segundo participantes do Criptorama/Money Monster Brazil, segmento de tokenização tem potencial “gigantesco” caso consiga superar barreira educacional
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Da esquerda para a direita: Reinaldo Rabelo (MB), Claudia Novo (Liqi), Paloma Sevilha (Bee4) e Rodrigo Monteiro (ABCripto)

A tokenização – o processo de “quebrar” e negociar ativos em pequenas partes – tem um grande potencial no Brasil, mas enfrenta o desafio de educar a população para deslanchar no pais. A avaliação foi feita por executivos de algumas das maiores empresas brasileiras de criptomoedas durante painel no evento Criptorama/Money Monster Brazil, que acontece nesta terça-feira (6) e quarta-feira (7) em Brasília.

“A tokenização tem um potencial gigantesco. Ela pode democratizar o acesso a produtos financeiros que estavam restritos a uma pequena parte da população em um país em que as pessoas ainda investem em poupança e cuidam muito pouco do seu patrimônio”, diz Reinaldo Rabelo, CEO do MB (Mercado Bitcoin).

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Segundo ele, a tokenização pode destravar valores que hoje não encontram saída no mercado financeiro. Um exemplo seria a tokenização de precatórios, iniciada em 2019 pelo MB. “Quantas pessoas conseguiam investir em precatório antes de lançarmos esses tokens? Praticamente ninguém, porque o mercado tradicional não queria oferecer esse acesso. E é um produto excelente, ele só não era oferecido para mais gente”, diz. “Mas a oportunidade carrega junto o desafio”.

Esse desafio é em boa parte educacional, segundo Claudia Novo, head de Novos Negócios da Liqi. “É difícil fazer as pessoas entenderem que o token não é a própria criptomoeda, mas sim algo que representa um ativo adjacente. Hoje já tem muitos influencers que começam a falar sobre esse tema, mas ainda temos um monte de emissores e poucos compradores nos procurando”, relata.

Já Paloma Sevilha, da Bee4, tem um desafio educacional diferente, mais voltado para clientes institucionais. A empresa atua como uma plataforma de negociação de balcão dentro do box regulatório, com foco na tokenização voltada para empresas emergentes e de médio porte.

“Nossa questão é mostrar novos produtos e realizar pitch de vendas em um ambiente que ainda está se consolidando”, explica. Por outro lado, uma facilidade é que a empresa usa ações do mercado de capital como ativo subjacente – um produto já bem conhecido de forma geral.

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Educação patrimonial

Rabelo argumenta que o desafio de educar as pessoas não se limita ao aspecto financeiro, mas que a indústria também deve “educar sobre tecnologia, sobre riscos, sobre educação patrimonial”.

Citando o mercado financeiro tradicional, o executivo afirma: “Ninguém sabe o que é CRI, LCA, CRA, COI. Todo mundo investe através de gestores. Com a educação e a tokenização, podemos facilitar o acesso e fazer com que as pessoas acessem diretamente, de forma mais barata.”

E exemplifica: “Quando você contrata um valet pra estacionar o seu carro, é mais confortável, mas custa mais caro. A tokenização oferece a oportunidade das pessoas ‘estacionarem’ o próprio carro, por assim dizer”.