Na última reunião entre os desenvolvedores principais do Ethereum (ETH), na semana passada, Michael Neuder liderou a discussão sobre uma “modesta proposta” para aumentar o valor máximo atual permitido para staking de 32 ethers (ETH) por validador da rede.
Conforme discutido na quinta-feira (15), investidores poderiam consolidar sua posição para até 2.048 ETH por validador — um aumento de 6.300% – enquanto o limite mínimo seria mantido no atual patamar de 32 ETH.
A proposta ocorre em meio a preocupações sobre a descentralização da rede, derivadas do processo da SEC contra a Coinbase. A corretora norte-americana é o segundo maior validador consolidado na rede do Ethereum, e poderia ser obrigada a encerrar sua participação, dependendo do desenvolvimento jurídico.
Na segunda-feira (12), a DAO Bankless emitiu um alerta de centralização na Lido, explicando a situação futura no caso de um desligamento de concorrentes da plataforma de staking (como Coinbase, Kraken e Binance).
Aumentar a capacidade máxima para staking de ETH
Na proposta original de Michael Neuder, o pesquisador da Ethereum Foundation tratava de possíveis soluções para o mesmo problema: “Grandes validadores precisam configurar múltiplos servidores para pulverizar seus stakings de 32 ETH”; criando ineficiências na rede.
As possíveis soluções seriam: (1) aumentar o mínimo necessário de 32 ETH para se tornar um validador; ou (2) requerer algum tipo de consolidação entre os validadores, como funcionalidade opcional.
A primeira solução foi inicialmente descartada, por criar barreiras financeiras que poderiam piorar a descentralização da rede, tornando muito cara a participação de investidores menores na segurança do Ethereum.
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Já a segunda solução despertou o interesse dos desenvolvedores presentes na reunião, que discutiram a retirada da capacidade máxima atual por validador.
Com uma capacidade máxima programada de 32 ETH, qualquer valor superior alocado em um único validador não recebe os rendimentos correspondentes; nem é contabilizado como proof-of-stake (POS) para a validação dos blocos de transações.
Isso faz com que investidores ou cooperativas que desejam realizar o staking superior ao máximo atual configurem múltiplos nós, cada um com 32 ETH, adquirindo o rendimento (yield) proporcional e também o peso de voto para o sistema de consenso do Ethereum.
Conforme explicado por Neuder, pesquisador da Ethereum Foundation, isso causa ineficiências na comunicação entre todos os pares da rede. Já que precisam passar por um número maior de servidores, para alcançar o mesmo resultado.
A proposta também poderia facilitar implementações futuras que já estão no roadmap do projeto, como a “finalidade por slot único”. Além de incentivar a existência de validadores “solo”, que poderão aumentar suas posições e rendimento sem a necessidade de se juntar a uma cooperativa (pool).
Na metade de maio (15), a fila para se tornar um novo validador ultrapassou o número de 49 mil endereços em espera.
Dados indicam que alguns destes novos validadores pertenciam às mesmas entidades e o valor total investido poderia ter sido consolidado em um único endereço, caso não houvesse a capacidade máxima de 32 ETH por validador.
Alguns dias antes (11 de maio), a rede do Ethereum passou por mau funcionamento, em problema de ineficiência na camada de consenso (Beacon Chain).
Como contraponto à proposta, o pesquisador e outros desenvolvedores apontaram para desafios logísticos envolvendo a necessidade de que os validadores atuais saquem todo seu Ethereum já alocado na camada de consenso, para realocação consolidada.
Isso poderia causar problemas temporários no curto prazo, além de congestionamento na fila para retirada e, depois, depósito dos valores.
Assista o vídeo da reunião dos desenvolvedores principais do Ethereum
Como funciona o consenso na rede Ethereum
A Beacon Chain é a camada de consenso da rede do Ethereum, onde validadores que realizam o staking de ETH publicam blocos de transações, atestam blocos publicados por outros validadores através de votação com base em seu stake e transmitem essas informações para o restante dos participantes.
Ao conseguir dois terços do total de votos da rede, um bloco é considerado final.
Essa camada é organizada por Épocas (epochs, no inglês), que possuem 32 espaços disponíveis para armazenar os blocos de transações. Cada espaço (ou slot, no inglês) precisa ser preenchido a cada 12 segundos com um bloco por um validador escolhido aleatoriamente. Os demais validadores então votam em cada um destes blocos para que eles sejam considerados finalizados.
Ao consolidar maiores quantidades de Ethereum em um número menor de validadores, todo esse processo pode ser tornar mais eficiente, reduzindo erros.
No estado atual da rede, muitos investidores acabam realizando o staking através da plataforma de terceiros como a Lido ou Coinbase, visando apenas o rendimento de cerca de 5% ao ano, ao invés da participação ativa no consenso.
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