O deputado Rui Falcão (PT-SP) pediu na quarta-feira (8) para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigar qual a origem dos recursos usados para financiar os atos bolsonaristas realizados no dia 7 de setembro. Ele citou a possível utilização de bitcoin e outras criptomoedas.
De acordo com a petição, assinada em conjunto pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, há suspeitas que os valores captados também possam ser usados para a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o que caracterizaria crime eleitoral.
A argumentação foi baseada em um vídeo publicado pelo canal ‘Meteoro Brasil’ nesta semana. No material, o jornalista Álvaro Borba diz que bolsonaristas teriam nove contas bancárias para receber recursos. Falou ainda que eles estariam distribuindo camisetas e dinheiro para os participantes dos protestos.
“Aparentemente, há o uso de recursos provenientes do agronegócio, que estariam bancando caminhões em Brasília, e, ainda, o uso de recursos provenientes de doações feitas por Pix e até mesmo por criptomoedas”, escreveram Falcão e Carvalho.
“Há recursos financeiros abundantes e é de se supor que sobras (ou parcelas do que é arrecadado) serão utilizadas, adiante, nas eleições para financiar a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Haveria, em razão disso, prematura arrecadação de recursos para a campanha, à margem do modelo legal estabelecido pela Lei nº 9.504/97 e resolução do TSE”, completaram.
Sobrinho do presidente pede doação em bitcoin
No final de agosto, o sobrinho do presidente Jair Bolsonaro, Léo Índio, pediu em seu perfil no Instagram doações em bitcoin para financiar os atos desta semana.
“7 de setembro vai ser gigante! Contribua com a manifestação em bitcoin”, publicou.
A carteira de criptomoedas informada por ele — abc1q734wusfg95yzg2at777d7lu7cmd3e3ymlzz4g8 — recebeu R$ 6.750 em BTC, segundo consulta na blockchain.
Índio, em outra publicação, também pediu doações por meio Pix para pagar o aluguel de um caminhão, segundo apuração do UOL.
Pautas
Milhares de manifestantes participaram dos protestos desta semana. Só na Avenida Paulista, em São Paulo, cerca de 125 mil pessoas estiveram presentes, segundo dados da Secretária de Estado da Segurança Pública do estado.
Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) feita com 642 pessoas mostra que 29% foram às ruas para pedir impeachment de ministros do Supremo, 28% em defesa da liberdade de expressão, 24% em apoio à ruptura institucional liderada pelo presidente, 13% em defesa do voto impresso e 5% por intervenção miliar.
Em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, os atos também reuniram manifestantes nazistas.