Um relatório publicado pela administração Biden esta semana alerta que ativos digitais apresentam um risco ao programa de sanções dos Estados Unidos.
“Inovações tecnológicas, como criptomoedas, plataformas de investimentos alternativos e novas formas de ocultar transações internacionais podem reduzir a eficácia das sanções americanas”, de acordo com o relatório do Departamento do Tesouro dos EUA.
“Essas tecnologias oferecem oportunidades para que agentes malignos armazenem e transfiram fundos fora do sistema financeiro tradicional. Também dão autonomia para que nossos adversários continuem desenvolvendo novos sistemas financeiros e de pagamento para minimizar o papel global do dólar”, acrescentou.
Até agora, os Estados Unidos já impuseram mais de nove mil sanções.
Há tempos, sanções atuam como um pilar das políticas americanas no exterior, atingindo Estados como a Coreia do Norte e o Irã por conta de seus papéis em abusos aos direitos humanos, terrorismo ou outras atividades ilegais.
O ataque da administração Biden aos criptoativos
No que diz respeito aos ativos digitais, o relatório faz duas recomendações principais.
Primeiro, a administração quer garantir que as sanções sejam facilmente compreendidas, executáveis e adaptáveis.
“[O] Tesouro pode se basear em recursos de alcance existente e de interação por meio da comunicação melhorada com a indústria, instituições financeiras, aliados, sociedade civil e a imprensa, bem como novos distritos eleitorais, principalmente no setor dos ativos digitais”, explicou o relatório.
Segundo, o documento pede que sejam feitos investimentos na modernização do regime de sanções do Tesouro.
“Mais especificamente, o Tesouro deve investir no aprofundamento de seu conhecimento e suas capacidades institucionais do crescente setor de ativos digitais e de serviços financeiros para apoiar o ciclo de vida completo de sanções de atividades”, complementou o relatório.
O relatório do Tesouro também reitera os repetitivos alertas da administração Biden sobre o papel de ativos digitais, como criptomoedas, em atividades financeiras ilícitas.
A abordagem de Biden em relação a cripto
Diversas vezes, a administração Biden demonstrou que leva a sério os riscos à segurança nacional dos ativos digitais e das criptomoedas.
Motivado pelos grandes ataques de ransomware contra a Colonial Pipeline e a empresa de processamento de carnes JBS, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou que ransomware seria considerado como um nível de prioridade parecido com o de terrorismo.
Recentemente, a administração Biden criou uma força-tarefa, encarregada de combater ciberataques e rastrear pagamentos de resgate com criptomoedas.
Na época, Anne Neuberger, vice-conselheira de segurança nacional, afirmou que a administração está trabalhando para reprimir o uso de bitcoin (BTC) e outras criptomoedas por atividades ilegais.
Cripto no mundo
As preocupações em relação a cripto pela administração Biden são bem justificadas, dado a infinidade de evidências de que maus agentes usam criptomoedas para driblar sanções ou criar brechas financeiras.
Este ano, Hamas (considerada como uma organização terrorista pelos EUA, Reino Unido e outros países) admitiu ter passado por um aumento de doações em bitcoin seguido de um novo conflito com Israel.
“Sem dúvidas houve um aumento nas doações em bitcoin”, afirmou um representante do Hamas na época, acrescentando que “parte do dinheiro é utilizado para fins militares a fim de defender os direitos básicos dos palestinos”.
A extrema-direita também descobriu a utilidade das criptomoedas.
Em setembro, foi noticiado que Andrew Anglin (fundador do site neonazi Daily Stormer) recebeu quase US$ 5 milhões em bitcoin desde janeiro de 2017.
Em fevereiro deste ano, Anglin recorreu a monero (XMR), uma criptomoeda com foco em privacidade, possivelmente abandonando o bitcoin por conta das preocupações de que as transações estavam publicamente visíveis.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Decrypt.co.