“Criptomoedas burlam as leis e devem enfrentar mais regulamentação”, diz diretor do BIS

Para ele, as criptomoedas não avançaram em termos de servir como o dinheiro
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Agustin Carstens, presidente do BIS em evento do FMI (Foto: Stephen Jaffe/FMI/Divulgação)

“Criptomoedas são usadas para burlar as leis e devem enfrentar mais regulamentação”, disse Agustin Carstens, diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em entrevista à CNBC nesta quarta-feira (24). Para ele, há ausência de leis contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo para o novo setor. Sobre as CBDCs, argumentou que não vê nelas nenhum perigo ao sistema tradicional.

Entretanto, Carstens, que já foi presidente do Banco Central do México, disse que não vê as criptomoedas como uma ameaça aos bancos centrais e ao sistema financeiro tradicional, pois acredita que seu uso é apenas especulativo. Segundo ele, os ativos digitais não fizeram nenhum avanço em termos de servir como o dinheiro.

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Criptomoedas e CBDCs

Sobre as stablecoins, na modalidade CBDC (Moeda Digital do Banco Central), ele ressaltou suas limitações e que por isso também não vê perigo na nova tecnologia frente ao sistema atual. “Elas têm sua própria função para fins muito específicos. Portanto, não vejo nenhum desafio para o dinheiro soberano”, comentou.

No ano passado, ressaltou o jornal, o BIS e vários bancos centrais, incluindo o Federal Reserve dos EUA, o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra, publicaram um relatório apresentando alguns requisitos essenciais para as moedas digitais dos bancos centrais. Eles recomendaram que as stablecoins estatais fossem um complemento ao sistema, e não uma substituição.

“Acho que precisamos trabalhar na regulamentação para que esses instrumentos sejam adequados para o propósito”, disse Carstens, que não citou nenhum caso controverso específico. A CNBC, porém, lembrou o debate sobre a Tether (USDT), stablecoin da comandada pela chinesa Ifinex, empresa por trás da exchange Bitfinex.

O motivo é que há muito tempo há temores de que Tether pode não ter tido reservas suficientes de caixa para garantir todos os tokens em circulação, disse o jornal, ressaltando um recente acordo entre a empresa e a Procuradoria Geral de Nova York (EUA).

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Na ocasião, em meados de fevereiro, o acordo dividiu a opinião de especialistas brasileiros do setor de criptomoedas. A advogada Tatiana Revoredo, por exemplo, acredita que o acerto deixa o mercado mais transparente. Já o escritor e colunista Christian Aranha disse que o acordo não foi positivo para o mercado.

Da condenação, além de ter que emitir o relatório sobre lastros, Tether e Bitfinex também foram banidas de Nova York e condenadas a pagar uma multa de US$ 18,5 milhões.