O empresário Alex Rodrigo Mesquita, CEO da suposta pirâmide financeira Original Energy, foi preso preventivamente na sexta-feira (2), em Petrolina (PE). A informação foi confirmada na quarta-feira (7) pela Delegacia de Polícia da 214ª circunscrição da cidade e pelo delegado Matheus Prado Amuy Rodrigues, da Polícia Civil do Paraná, responsável pelo caso.
Mesquita é acusado de aplicar um golpe com a compra e a venda de placas de energia solar. Ele vai responder por organização criminosa, estelionato, falsidade documental e falsidade ideológica. O prejuízo pode chegar a R$ 4 milhões. Ele nega a participação.
Outras quatro pessoas — entre eles Fernando Mesquita, irmão de Alex — também foram presas na semana passada nos municípios de Andirá, Londrina e Alto Piquiri, todos no Paraná.
A prisão não está relacionada com a Original Energy, suposta pirâmide financeira montada por Alex, que é alvo de investigações e processos judiciais. O suposto crime envolve uma segunda empresa chamada Energia Solar Original, baseada em Andirá.
Como funcionava o esquema
A Energia Solar Original, da qual Alex é integrante (segundo a polícia), é credenciada por uma empresa fabricante de placas de energia solar de Santa Catarina (primeira vítima na história) para captar clientes interessados na compra desses equipamentos. Esse tipo de parceria é comum no mercado.
Depois que encontra os interessados, a função da Energia Solar Original é reunir as documentações deles e enviar para o banco Santander a fim de conseguir financiamento para a aquisição das placas. Em posse dos dados, a instituição financeira, segunda vítima do grupo, libera os recursos para a empresa de Santa Catarina, que em seguida envia as placas para a trupe.
O grupo suspeito de crime, ao receber os equipamentos, deve realizar a instalação dos mesmos e então enviar as notas fiscais para a empresa fabricante do Sul.
“Acontece que os dados enviados ao banco eram falsos. As pessoas nem sabiam que estavam sendo usadas para pegar financiamento. Com isso, os integrantes induziram o banco ao erro. E logo que recebiam as placas, em vez da instalação, os integrantes do grupo as revendiam para outras pessoas e ficavam com o dinheiro. As notas fiscais usadas eram falsas”, disse o delegado.
Ainda segundo Rodrigues, em outra parte do esquema um dos integrantes do grupo cooptava mais pessoas (também vítimas da história) para emprestar seus nomes para celebrar outros contratos de financiamento para aquisição de placas.
Para elas, esse integrante prometia não só pagar as prestações do financiamento, como também depositar remunerações mensais. Ele dizia que ‘trabalharia’ o dinheiro e, por isso, seria capaz de pagar os rendimentos. “Isso não era feito e as pessoas ficaram com nome sujo e dívidas”.
Todo esse esquema complexo deixou um rastro de R$ 4 milhões.
Original Energy
Alex também é suspeito de aplicar um golpe de pirâmide financeira por da Original Energy, baseada em Petrolina. A empresa alugava supostos módulos fotovoltaicos para os clientes e prometia rendimentos de 16% ao mês, em um contrato de um ano.
Esses valores nunca eram pagos. Em junho do ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que havia “fortes indícios de (a empresa) ser um esquema fraudulento, do tipo que poderia ser classificado como pirâmide financeira”.
Na época, o regulador pediu para o Ministério Público de Pernambuco abrir uma ação civil pública para investigar o caso. Em novembro, a pedido do MP, a Polícia Civil de Pernambuco também instaurou um inquérito para reunir “elementos robustos que configurem a prática delitiva e permitam o ajuizamento de uma eventual ação penal”.
A Original Energy já responde a mais de 100 processos judiciais só nos estados de Pernambuco e São Paulo. Na plataforma de defesa do consumidor do Reclame Aqui há dezenas de reclamações de vítimas.
O que disse a empresa
Contada, a defesa de Alex disse que ele não tem nada a ver com o golpe de placas solares e só foi preso porque a Energia Solar Original tem o mesmo nome fantasia que a Original Energy e por ser irmão de um dos integrantes do esquema. “Estamos juntando documentos para provar que ele não teve participação alguma”.
O próprio Alex também enviou uma nota para a reportagem. “Essas acusações recaem apenas para o CNPJ da loja em questão (de Andirá), da qual, eu, Rodrigo Mesquita, não tenho participação, não sou sócio e nunca participei de gestão ou gerenciamento da mesma”.
Sobre os processos envolvendo a Original Energy, Alex disse que o negócio tem “recursos próprios para trabalhar e honrar com todos os compromissos frente aos seus investidores”.