Criador de stablecoin brasileira defende Tether: “Tem lastro”

Executivo é o responsável pela BRZ, a maior stablecoin pareada em Real
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Thiago Cesar (na esquerda, de camisa branca) defende Tether (Foto: Fernando Martines/Portal do Bitcoin)

A Tether tem fundos para lastrear todos os bilhões de USDTs que emite. A defesa categórica da empresa, já multada pelo governos dos Estados Unidos, foi feita por Thiago Cesar, CEO da Transfero, empresa responsável pela BRZ, a maior stablecoin pareada em Real.

A frase foi dita nesta terça-feira (15) durante um painel de debates sobre stablecoins na Ethereum.Rio, evento que ocorre no Museu do Amanhã, organizado pela Ethereum Foundation.

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Ao longo da conversa, inevitavelmente surgiu o assunto da Tether e suas polêmicas. Cesar foi muito enfático: “Esses caras estão resgatando constantemente bilhões de Tethers em dólares. Eu posso concordar que a decisão de alocar dinheiro em instrumentos financeiros é questionável. Mas eles têm muito mais — mas muito mais mesmo — dólares do que USDT em circulação. Com certeza”.

A Transfero afirma que a BRZ é a maior stablecoin do mundo não pareada ao dólar. A cripto tem como lastro o real brasileiro e, segundo o executivo, no momento seu maior uso tem sido para pessoas que querem internacionalizar fundos ou empresas estrangeiras que querem entrar no Brasil.

Polêmicas sobre a Tether

A Commodity Futures Trading Commission (CFTC) abriu em outubro do ano passado um processo administrativo contra a Tether Holdings Limited (e as empresas associadas a ela) por supostamente ter feito declarações falsas e omitir fatos relevantes sobre o USDT, stablecoin criado pela empresa.

O órgão do governo dos Estados Unidos cobrou uma multa civil de US$ 41 milhões e pare de violar as regras estipuladas no Commodity Exchange Act (Lei do Comércio de Commodities, em tradução livre) e as normas da CFTC.

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Lastro fiduciário da USDT

O processo contra a Tether afirma que a empresa alega que sua stablecoin é 100% lastreada em moedas fiduciárias, incluindo dólares e euros.

Segundo a agência governamental, desde pelo menos 1º de junho de 2016 a Tether fingiu para seus clientes e mercado que tinha reserva em dólares que garantiriam a liquidez de todos os USDT que estavam no mercado, quando isso estava longe de ser verdade.

“Como foi descoberto, a Tether possuía reserva fiduciária para cobrir apenas 27,6% dos seus stablecoins em uma análise feita entre 2016 e 2018”, diz o CFTC.

A comissão afirma que a Tether confiou em entidades não regulamentadas e em terceiros para manter os fundos que compõem as reservas e que mantinha reservas em produtos financeiros não fiduciários.

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Apostando contra a Tether

A Fir Tree Capital Management é um fundo de hedge de US$ 4 bilhões que está vendendo Tether (USDT) a descoberto (ou “shorting”) ao mesmo tempo em que a maior stablecoin do mercado cripto enfrenta a supervisão de reguladores. Ou seja, está apostando contra a Tether.

Segundo clientes da empresa e um artigo da Bloomberg, Fir Tree criou uma maneira de vender USDT a descoberto em um “trade assimétrico”. Em outras palavras, o risco é minimizado e o potencial de gerar lucros – alegam os clientes da empresa – continua alto.

O fundo de hedge também pode estar apostando que sua decisão gere lucro em até 12 meses.

As preocupações da empresa giram em torno dos US$ 24 bilhões em papéis comerciais de alto rendimento da fornecedora de stablecoin, que a empresa também acredita estarem ligados a promotores imobiliários chineses.

*Correção: A versão inicial de reportagem citou Thiago Cesar de maneira incorreta. Ele disse Tether em vez de Petros. O texto foi corrigido.