Sam Bankman-Fried, criador da FTX
(Foto: Reprodução/YouTube)

O criador da quebrada corretora de criptomoedas FTX, o ex-bilionário Sam Bankman-Fried (SBF), foi interrogado pela polícia e pelas autoridades reguladoras do setor financeiro das Bahamas no sábado (12), apenas um dia após o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo.

A informação é de reportagem publicada neste domingo (13) pela agência de notícias Bloomberg, citando uma fonte inteirada do assunto. O bilionário não respondeu aos questionamentos da Bloomberg sobre o tema.

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A FTX tem o seu quartel-general sediado formalmente nas Bahamas, um paraíso financeiro localizado do Caribe. Diversas empresas de criptomoedas transferiram formalmente sua sede para a região nos últimos anos. De acordo com as leis locais, o interrogatório policial não significa necessariamente que o interrogado será preso ou acusado de algum crime.

Em comunicado ao portal Decrypt, a Força Real de Polícia de Bahamas disse que “um time de investigadores financeiros está trabalhando em conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários de Bahamas para averiguar se houve alguma conduta criminal nesse caso”.

Antes da quebra oficial da FTX na sexta-feira, os reguladores locais já haviam congelado os ativos e suspendido os registros da corretora, além de pedir à Justiça local a liquidação da empresa.

A FTX abriu sua nova sede nas Bahamas em setembro de 2021, depois de mudar a operação de Hong Kong, chamando as Bahamas de um dos poucos países a estabelecer uma legislação adequada para as criptomoedas.

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Ataque hacker suspeito 

O interrogatório acontece durante um final de semana marcado por suspeitas sobre Bankman-Fried. Na manhã de sábado, mais de US$ 600 milhões em criptomoedas – o equivalente a cerca de R$ 3 bilhões – foram drenados de carteiras da FTX, pouco após o pedido de recuperação judicial do grupo.

Após incertezas iniciais sobre a movimentação, a empresa confirmou que um ataque hacker é o responsável pelo roubo dos ativos. Diversos tipos de tokens deixaram as carteiras da FTX, incluindo Ethereum, Solana e BNB. Eles foram levados para exchanges descentralizadas como a 1inch. Na sequência, o autor do dreno começou a liquidar as criptomoedas.

Mais de US$ 12 milhões em tokens Chainlink (LINK) foram vendidos em duas transações diferentes em corretoras asiáticas. O suposto hacker aceitou perdas de US$ 10 milhões nas negociações para acelerar o processo – um indicativo de pressa para se desfazer dos ativos.

No Twitter, membros da comunidade de criptomoedas começaram a especular que o dreno pode ter sido causado por algum funcionário da própria FTX, apontando que uma ação desse tipo, com carteiras de espalhadas por várias empresas, exigiria um alto grau de coordenação e conhecimento de sistemas internos do grupo empresarial. A identidade do hacker ainda não foi anunciada.

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Desaparecimento de US$ 1 bilhão

Ainda no sábado, foi revelado que SBF manteve uma rota secreta – um backdoor, no termo em inglês – nos sistemas da exchange para poder mexer nos registros financeiros e movimentar fundos sem alertar outras pessoas, incluindo os demais executivos da FTX e autoridades da área de compliance (fiscalização).

Uma parte do dinheiro movimentado neste canal secreto, que inclui recursos de clientes da quebrada corretora, estaria desaparecido, o que pode ser um indício de corrupção na gestão de fundos do grupo. Reguladores do governo americano já anunciaram investigações sobre a companhia antes mesmo da revelação do sistema.

A rota secreta de Sam Bankman-Fried teria sido criada com ajuda de um software customizado. Sua arquitetura seria tal que nem mesmo auditores externos seriam notificados de mudanças nos registros da FTX.

Segundo a Reuters, o empresário teria usado essa rota mais cedo nesta semana, no início da crise que derrubou a FTX, para transmitir cerca de US$ 10 bilhões – incluindo dinheiro de clientes – da FTX para o braço de investimento Alameda Research, para tentar estancar o sangramento que afetava a companhia. Por meio desse canal secreto, nenhum alerta foi emitado sobre a transferência.

No entanto, pelo menos US$ 1 bilhão dessa transferência estariam desaparecidos – uma das fontes da matéria chega a falar que o valor não contabilizado chagaria a US$ 2 bilhões.

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Sam Bankman-Fried – que renunciou na sexta-feira ao cargo de CEO do grupo FTX após a empresa ter pedido recuperação judicial nos EUA – negou a existência da rota secreta.

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