Criador da Dogecoin explica por que abandonou as criptomoedas: “Cartel de ricos”

Ele acredita que as criptomoedas se tornaram uma tecnologia hipercapitalista de direita, controlada por um “poderoso cartel de figuras ricas”
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Imagem: Facebook Dogecoin/Reprodução

Jackson Palmer, um dos responsáveis por criar a Dogecoin em 2013, voltou a ativar a sua conta no Twitter na quarta-feira (14) para dar um fim definitivo ao seu relacionamento com as criptomoedas.

O desenvolvedor que ficou anos distante das redes sociais reclamou que constantemente é questionado quando vai retornar para o meio cripto, pergunta para a qual a sua resposta curta e grossa é “nunca”, e ele explica o porquê:

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“Depois de anos estudando isso, acredito que a criptomoeda é uma tecnologia hiper-capitalista inerentemente de direita, construída principalmente para amplificar a riqueza de seus proponentes por meio de uma combinação de evasão fiscal, supervisão regulatória reduzida e escassez artificialmente aplicada”.

Na visão de Palmer, os princípios de descentralização que as criptomoedas carregavam no início foi se perdendo ao longo do caminho à medida que o setor passou a ser controlado por um “poderoso cartel de figuras ricas” que incorporam as características do sistema financeiro que pretendia substituir.

A crítica se estende para todo o ecossistema que estimula uma cultura puramente centrada na ideia de enriquecimento rápido, projetada para tomar o dinheiro de pessoas “desesperadas” e “ingênuas”.

“A criptomoeda é quase criada com o propósito de tornar o funil de lucratividade mais eficiente para os que estão no topo e menos protegido para os vulneráveis”, explica.

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De acordo com o desenvolvedor, o meio cripto herdou o pior do sistema capitalista de hoje —  corrupção, fraude e desigualdade — e passou a usar a tecnologia para impedir a atuação dos mecanismos regulatórios que existem para proteger a pessoa comum.

“Perdeu a senha da sua conta poupança? Culpa sua. Foi vítima de um golpe? Culpa sua. Bilionários manipulando mercados? Eles são gênios”.

Em um dos raros momentos que Palmer voltou a fazer comentários públicos, ele fez questão de lembrar a todos que Elon Musk não passa de “vigarista egoísta”. O comentário foi feito no dia seguinte ao anúncio de que Tesla deixaria de aceitar pagamentos com bitcoin e que Musk estava trabalhando com os desenvolvedores da Dogecoin.

Jackson Palmer e Dogecoin

Jackson Palmer criou a Dogecoin em 2013 como uma piada inspirada no meme do cachorro da raça Shiba Inu, junto com o seu amigo Billy Markus, um programador da IBM.

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Agora o programador leva uma vida anônima em São Francisco, onde trabalha como diretor de produtos da Adobe. Ele abandonou oficialmente o projeto da Dogecoin em 2015.

No final de sua série de tweets, Palmer disse que não estava mais disposto a se envolver com algo que não se alinha com suas crenças.

“Eu aplaudo aqueles com energia para continuar fazendo as perguntas difíceis e aplicando as lentes do ceticismo rigoroso a que toda tecnologia deve estar sujeita. A nova tecnologia pode tornar o mundo um lugar melhor, mas não quando desvinculada de sua política inerente ou de suas consequências sociais”, conclui.