Imagem da matéria: Corretora brasileira de bitcoin não devolve dinheiro de pensão de senhora de 82 anos
Foto: Shutterstock

*Atualização: a reportagem foi alterada após a publicação.

Dona Elza, de 82 anos, conheceu o universo das criptomoedas por um de seus netos e passou a investir o dinheiro que recebia de pensão. Quando criou uma conta na corretora Pitaia Trade, da empresária Simone Abravanel, não imaginou que nunca mais receberia o que era dela.

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Elza, que pediu para não ter o sobrenome relevado, contou ao Portal do Bitcoin que aprendeu a fazer trading na Pitaia e conseguiu lucrar alguns reais até o início de 2020. Desde março, no entanto, ela afirmou que não consegue retirar 0,15 frações de bitcoin (cerca de R$ 15 mil) presos na corretora. Naquele mês, o site da Pitaia foi retirada do ar.

“Entrei em contato com o suporte da empresa e a própria Simone, e eles me falaram que o site estava em manutenção, mas que iria voltar em breve e que meus satoshis seriam devolvidos. Depois, falaram que a pandemia do novo coronavírus atrapalhou o trabalho deles. Desde setembro, no entanto, ninguém me responde mais”, disse.

Reclamações e processos

Por causa do atraso, a dona Elza entrou com um processo por danos materiais contra a Pitaia Serviços Digitais Ltda, nome empresarial da startup. O valor da ação, que corre no Juizado Especial Adjunto Cível da Comarca de Iguaba Grande (RJ), é de R$ 13 mil. A audiência está marcada para maio de 2021, segundo trecho do processo enviado para a reportagem.

Além do processo da aposentada, nos tribunais de Justiça do Rio e de São Paulo há apenas outras três ações que citam a Pitaia. Nenhuma é referente a atrasos na liberação dos saques. No Reclame Aqui, Google Play e no YouTube, há cerca de 15 reclamações sobre a corretora, algumas delas da própria Elza.

A Pitaia foi lançada com com a promessa de criar um “banco blockchain”, algo que nunca saiu do papel e que, apesar das propagandas, nunca obteve autorização do Banco Central. Inicialmente, a empresa tinha como sócio Augusto Santos, que retirou ter atuado na empresa de seu perfil no Linkedin.

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Um dos clientes da empresa falou na plataforma de aplicativos do Google, por exemplo, que a “exchange simplesmente fechou e levou todo meu dinheiro que estava lá; fui roubado da Abravanel”. No YouTube, o youtuber “Iron fatos da vida” também relatou que está com saldo bloqueado.

Empresa promete pagar

A reportagem conversou com Simone, fundadora da Pitaia. Ela disse que os atrasos ocorreram porque no começo deste ano ela decidiu trocar a plataforma da exchange. O projeto de mudança, no entanto, não teria dado certo por causa da pandemia do novo coronavírus e a exchange saiu do ar.

Além disso, Simone falou que passou por algumas adversidades nesses 10 meses. Ela contou que foi contaminada pelo Covid-19 e que também passou por problemas pessoais.

“Sei que a pandemia e questões pessoais não são desculpas para o atraso e os clientes não têm nada a ver com isso, mas tudo isso atrapalhou”, disse.

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Segundo Simone, a empresa está em posse de apenas três bitcoins que pertenceriam a seis clientes e que que, por a plataforma ter saído do ar, os pagamentos para os investidores estão sendo feitos de forma manual. Em setembro, pediu para os investidores enviarem e-mails autorizando a mudança na forma de pagamento.

“Todos que encaminharam mensagens dando ok para a alteração já receberam. E aqueles que enviaram e não receberam ainda, peço desculpa e me comprometo a pagar todo mundo até o final deste ano. Foi falha minha.”, disse.

A dona Elza, por exemplo, enviou e-mail para a Pitaia autorizando a transferência dos satoshis dela para outra exchange onde tem conta faz cerca de dois meses. Até agora, no entanto, as criptomoedas não foram devolvidas.

Trader dona Elza

Apesar das frações de btc na Pitaia, Elza não parou de investir em bitcoin. “Só que agora, para não ter perigo de minhas criptomoedas ficarem presas, eu adquiri novos ativos digitais e coloquei um pouco em três corretoras diferentes”, falou.

Ela também contou que acompanha diariamente o sobe e desce das criptos por meio dos gráficos do Portal do Bitcoin. “Eu vendo btc na alta e compro na baixa. É meu passatempo preferido, principalmente agora que não posso sair de casa por causa desse vírus”, finalizou.

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