Introdução
Foram citadas em artigos anteriores diferentes formas de armazenar seus Bitcoins. Tais maneiras foram separadas em alguns grupos, como carteiras de papel, online e afins. O que poucos sabem é que há diversas outras maneiras de armazenar que não se encaixam muito nesses modelos padrões. É comum surgir inovações a respeito disso, vez ou outra alguma Startup aparece com alguma ideia nova e são essas ideias que irei mostrar aqui. Algumas dessas coisas estão disponíveis para comprar no Brasil, outras não, o que dificultará a compra, mas ainda servirão de curiosidade.
A maioria desses “dispositivos” de armazenamento que citarei são basicamente uma mistura de Hardware Wallet com Papper Wallet. Elas não permitirão fácil manuseio dos Bitcoins, são apenas formas de armazenar com segurança ou de fazer transferências físicas da moeda, mas colocarei também alguns dispositivos que se destinam ao gerenciamento dos valores. Caso busque por carteiras que possibilitam o manuseio de forma mais fácil, recomendo a leitura de outros textos presentes aqui no Portal do Bitcoin.
Opendime
Esse pequeno dispositivo foi um dos mais uteis já desenvolvidos para o Bitcoin. O mesmo tem o tamanho de um pendrive e tem a função de servir como uma moeda real. Na primeira vez que o dispositivo for conectado ao computador ele pedira que jogue uns arquivos dentro do mesmo, gerando uma carteira aleatória para que você deposite os Bitcoins. O valor armazenado poderá ser conferido toda vez que o dispositivo for conectado a um computador. Qualquer um também poderá verificar o endereço do mesmo, sem ter o dispositivo em mãos.
Dessa forma o dispositivo pode ser passado de mão em mão como uma moeda, garantindo que o valor esteja sempre nele. Para retirar a quantia presente no dispositivo é necessário que se faça um furo na área demarcada no próprio dispositivo. Ao atravessar uma agulha, irá danificar o plástico e o próprio dispositivo, ficando a mostra para qualquer um que o mesmo já foi violado, perdendo então sua utilidade. Após realizar o furo, basta conectar o dispositivo em um computador que um arquivo de texto surgirá com a chave privada da conta, para que o usuário possa acessar e remover a quantia. Se alguém tentar passar o Opendime violado, o outro saberá pela própria aparência ou ao conectar em um computador.
O Opendime já é bastante inovador na forma atual, em versões futuras podemos imaginar que o mesmo faça conexões diretas com Smartphones o que facilitaria muito a utilização, se pensarmos mais a frente ainda podemos imaginar até algum tipo de visor e a diminuição do custo. As possibilidades são inúmeras. Atualmente o dispositivo é vendido em um pack com 3 por cerca de 37 dólares, dependendo do site. Fora o revendedor oficial, também podemos comprar na Amazon por 39 dólares, ou em alguns lugares no Brasil por volta de 150 Reais. O dispositivo também pode ser encontrado em pack com diferentes quantidades, a partir de 3 unidades.
CryptoSteel
Essa placa de aço inoxidável é utilizada para armazenar de forma offline sua chave privada. Você pode pensar que poderia armazenar em um papel ou qualquer outro material, mas a vantagem desse se dá pelo material utilizando na construção que é a prova de fogo, água, choque e outros desastres que possam vir a ocorrer. É recomendada se você quer guardar uma grande quantidade de Bitcoins por um período indeterminado e que não pretende verificar o mesmo ou fazer backups.
O produto vem com uma serie de letras e números separados, permitindo que o usuário monte sua chave como desejar. Por ter esse formato automaticamente se torna compatível com outras criptomoedas que utilizem uma chave privada semelhante à do Bitcoin. Suporta diferentes tipos de chaves privadas. O CryptoSteel é fabricado na Polônia com material reciclado e custa entre 79 e 199 dólares dependendo do modelo. No Brasil pode ser encontrado na faixa de 500 reais o modelo que suporta BIP39.
BitLox
Esse dispositivo poderia facilmente se enquadrar nas características de uma Hardware Wallet, porem possui algumas particularidades por isso decidi enquadra-lo aqui, pois as diferenças são significativas, além de outro ponto que citarei ao final.
A primeira diferença significativa que temos é de certa forma uma inovação bastante útil. O BitLox utiliza uma tela de e-ink, mesma tela utilizada no Kindle e outros dispositivos de leitura. É uma espécie de tinta eletrônica que não emite luz. Uma de suas vantagens é poder deixar a tela com uma imagem fixa por tempo indeterminado sem gastar bateria. Tal função é muito útil aqui, pois podemos deixar o QR Code e o endereço da carteira na tela. Esse tipo de tela é muito econômico então a bateria que acompanha o dispositivo tem uma boa autonomia e pode ser carregada por uma entrada micro usb.
O BitLox possui Bluetooth e pode se conectar com seu celular permitindo que se faça transações pelo mesmo sem a necessidade de nenhum fio, algo também bastante útil que não está presente nos outros dispositivos. Essa Wallet também oferece uma série de recursos para proteção de conta. Pode-se utilizar contas falsas, permitindo por mais de 50 contas. É possível configurar um pin para autodestruição dos dados, tudo isso de forma imperceptível. Não há forma alguma de saber que há outras contas cadastradas. Também há outras pequenas funcionalidades de segurança. Seu teclado físico com muitos botões facilita na hora de digitar os pins e afins. Tudo isso em um dispositivo do tamanho de um cartão de credito e de apenas 4mm de grossura feito de um metal indestrutível (Informações do fabricante).
O dispositivo possui 3 versões, variando de 98 a 198 dólares. Apesar de todas as inovações, o dispositivo possui desvantagens consideráveis. O mesmo só suporta Bitcoins. Seu funcionamento pode se apresentar bastante lento em comparação as outras opções no mercado e seus botões físicos são desconfortáveis. Mas essas desvantagens não se comparam a pior de todas que é motivo por não ser tão disseminada e também motivo pelo qual não a coloquei nas Hardware Wallets. Tal desvantagem é o fato de não ser Open Source. Seu código é proprietário, não há como sabermos como tudo isso funciona, somente o fabricante tem acesso. Isso é muito incomum no mundo das criptomoedas, um mundo dominado pela cultura do software Livre. É bastante estranho, tendo em vista que o Bitcoin é de código aberto e que todas as outras carteiras citadas até aqui também. No mínimo devemos acreditar que a segurança da carteira é baixa ao ponto de não disponibilizarem o código, pois acharíamos falhas fáceis de serem exploradas. Sendo mais alarmantes ainda temos a possibilidade de o fabricante ter acesso aos nossos Bitcoins.
Denarium
A Denarium é uma moeda física do Bitcoin, podendo ser feita de latão, bronze, prata ou ouro. A moeda basicamente funciona como uma carteira offline de Bitcoin. Sua chave privada está protegida dentro da moeda por uma espécie de papel holográfico inviolável, somente danificando o mesmo que temos acesso ao endereço com saldo da moeda. Há uma parte do endereço que fica visível, o endereço público, para que o cliente possa verificar o valor presente na moeda.
As moedas foram projetadas para facilitar transações pessoais, mas acabaram sendo utilizadas majoritariamente como uma espécie de Paper Wallet. Há versões vazias e versões com quantidades pré-definidas, mas ambas permitem que seja inserido mais Bitcoins na moeda, bastando enviar para seu endereço. Há moedas de 19 dólares até 2500, dependendo do modelo. O valor que virá junto pode ser definido na hora da compra.
Conclusão
Obviamente que existem inúmeros outros dispositivos no mercado, mas procurei mostrar nesse post os que mais se diferem dos que estamos acostumados. A grande maioria dos outros que irão encontrar são espécies de Hardware Wallet ou de Paper Wallets (armazenamento frio) que não oferecem nada de desconhecido. Obviamente podem haver dispositivos que não conheço e que sejam interessantes, se for o caso, podem comentar dispositivos que gostariam que fossem colocados aqui no Portal do Bitcoin.