Eles voltaram. À medida que o ciclo de baixa no mercado de criptomoedas piora, os “haters” estão voltando do além para zombar de uma indústria que há tempos eles insistem que não é nada além de um esquema superhypado.
Usuários veteranos do setor cripto já viram esse filme antes. Aconteceu em 2010, 2014, 2018 e está acontecendo de novo: Sabichões da imprensa e observadores casuais — muitos dos quais não sabem nada sobre cripto — estão apresentando os mesmos argumentos para afirmar que sempre estiveram certos.
Sites cripto noticiam as partes boas, ruins e feias da indústria cripto — e é preciso admitir que, recentemente, existe muita coisa ruim. Mas cripto é fascinante e está aqui para ficar. E com a recente leva de manchetes de zombaria celebrando a queda, parecemos estar novamente em um dèja vu.
Em 2018, o economista americano Nouriel Roubini havia tuitado:
Conforme o bitcoin caiu em quase 80% desde seu auge (de US$ 20 mil para US$ 4 mil) e todas as outras criptomoedas caíram entre 80% e 99%, não tenho mais nada a dizer [além de] que essa bolha cripto estourou de uma vez por todas. Então ficarei uns dias fora desse CriptoTwitter tóxico. É uma perda de tempo convencer [esses] fanáticos.
Felizmente, estamos aqui para ajudar. Da próxima vez que um “especialista” começar a explicar durante um jantar por que cripto não é nada além de uma enganação para trouxas caírem, mostre esses contra-argumentos. Arme-se com todas essas retóricas — que podem te ajudar a manter a pressão sanguínea baixa.
“Cripto é um grande esquema de pirâmide. O preço dos tokens só sobe quando uma quantidade suficiente de trouxas para comprar mais”
Alguns projetos de tokens e “shitcoins” parecem ser esquemas de pirâmide? Com certeza. Mas é possível dizer o mesmo sobre muitas ações baratas e outros investimentos de alto risco. No histórico de preço de mais de uma década do bitcoin (BTC) e de outras criptomoedas, como ether (ETH) e XRP, seu valor nunca chegou a zero — que é o que acontece com um esquema de pirâmide.
Em vez disso, cada uma se recuperou de diversos ciclos de baixa e ultrapassou seus recordes anteriores.
“Cripto não tem valor intrínseco. Diferente de moedas nacionais, cripto não é lastreado em nada”
Desde que o dólar saiu do padrão-ouro em 1971, também não é lastreado em nada. O bitcoin tem valor por conta da tecnologia que lhe serve de alicerce. Legítimos projetos cripto têm o apoio de enormes e crescentes comunidades on-line, cuja riqueza e influência agora excede a de pequenos países.
“Cripto não é seguro. As pessoas continuam sendo hackeadas”
Hacks acontecem quando as pessoas são vítimas de esquemas de phishing e dão acesso à sua carteira, assim como esquemas similares nas finanças tradicionais, fora do setor cripto. Novatos que usam plataformas seguras, como Coinbase, Gemini ou FTX, não perderam um centavo sequer em fraudes.
“O bitcoin foi inventado em 2008 e não deu certo até agora”
A internet foi inventada em 1969, mas a primeira febre da web entre usuários — a que precedeu a “bolha das pontocom” — não aconteceu até meados da década de 1990. Em 1995, havia apenas 40 milhões de pessoas na internet. O bitcoin já possui mais de 100 milhões de usuários em todo o mundo.
O amplo uso da internet via celular, de aplicativos, redes sociais e do “e-commerce” (chamado de “Web2” pelo setor cripto) não aconteceu até a criação do iPhone em 2007. Isso já faz 18 anos. O bitcoin só existe há 13 anos.
“Cripto é coisa de criminoso”
O mesmo vale para cédulas de US$ 100 ou vales-presente — ambos são muito populares em cartéis de droga. Enquanto o bitcoin e outras criptomoedas se tornaram um método preferido de pagamento para certos tipos de crime, principalmente ransomware, o número de transações criminosas como uma proporção da atividade total com criptomoedas é relativamente pequena e está diminuindo a cada ano.
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Além disso, autoridades conseguiram o que era considerado impossível: rastrearam e recuperaram criptomoedas roubadas.
Por fim, em 2019, dados da Chainalysis e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ou UNODC) descobriram que, para cada US$ 1 em bitcoin gasto na darknet, US$ 800 em dólares são lavados.
“Blockchains não servem para nada”
Aplicações em blockchain são úteis toda vez em que algo puder ser melhorado ou se tornar mais eficaz por meio da descentralização, como o software antiquado usado por bancos — razão pela qual até bancos estão testando blockchains. A tecnologia de registro distribuído (ou DLT) já se tornou parte integral do setor tecnológico.
“Ainda não consigo comprar um cafezinho usando bitcoin”
É verdade que o bitcoin ainda não está sendo usado como um meio de pagamento cotidiano. A criptomoeda ainda é volátil e até mesmo pequenos pagamentos com cripto — incluindo o de um cafezinho — podem resultar em declarações fiscais.
Mas a tecnologia blockchain está evoluindo rapidamente e já passou por grandes avanços em termos de pagamentos na forma de stablecoins não voláteis (como USDC), via Lightning Network e outros meios pagamentos desenvolvidos em blockchains, além de projetos de leis pendentes no Congresso Americano proporem isenções fiscais para transações cripto inferiores a US$ 200.
“Cripto está destruindo o planeta”
O design do Bitcoin que consome muita energia não diz respeito à maioria das blockchains que implementam uma tecnologia chamada “proof of stake” (ou PoS) e têm um impacto ambiental bem mais leve.
A migração do Ethereum para o PoS será finalizada em breve. E mineradores da rede Bitcoin estão cada vez mais reconhecendo a necessidade de migrar do uso de energia de combustíveis fósseis para a energia solar ou outras formas de energia limpa.
“A Web3 é complicada e difícil demais de usar”
Em comparação a aplicativos populares, como Instagram ou PayPal, grandes serviços Web3, como OpenSea ou MetaMask, podem parecer estranhos ou absurdamente complicados.
Em relação a jogos — um setor que a Web3 tem a capacidade de ser um encaixe natural —, as iniciativas cripto mais importantes (como Axie Infinity) são assuntos simples que priorizam a venda de tokens em vez da diversão. Então a Web3 ainda não é bonita ou fácil, tornando-se a crítica mais válida.
Mas a boa notícia é que todo mundo no setor cripto sabe disso. Desenvolvedores Web3 destacam que a principal prioridade para a indústria é a infraestrutura “back-end” do que a experiẽncia de usuário (ou UX).
Agora que a infraestrutura está implementada, isso está mudando e novas ferramentas estão focadas em ótimas UX. Quando a próxima febre cripto chegar, o design Web3 provavelmente já terá avançado significativamente.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.
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