O bitcoin (BTC) enfrentou uma segunda semana consecutiva de variação de preço após a drástica queda no início de dezembro.
Após abrir a semana valendo US$ 50.093, o preço do BTC bateu uma alta de US$ 50.186 e uma baixa de US$ 45.671 ao longo dos últimos sete dias, uma variação comprimida que variou apenas US$ 4.515, fazendo o bitcoin encerrar a semana com uma queda de 6,1%.
Havia muita atenção voltada aos comentários do Federal Reserve após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) na última quarta-feira (15), que também levou os mercados mais amplos a serem negociados em busca de consolidação ao longo da semana.
Nesta edição do relatório semanal sobre o comportamento do bitcoin, a Glassnode explora como investidores da criptomoeda estão se posicionando nas seguintes áreas:
– uma desaceleração notável tanto da realização de prejuízos como da obtenção de lucros;
– uma avaliação de quais grupos de fornecimento estão transacionando na blockchain agora;
– uma tendência contínua de comportamento de acumulação inabalável por investidores de mãos mais fortes.
Moedas gastas ficam mais novas
Um comportamento comum quando preços atingem novas altas é que moedas rentáveis sejam gastas na força de mercado.
Holders de moedas compradas a preços mais baixos querem recompensar a si mesmos pelo esforço de esperar e tomar risco, resultando na obtenção de lucros e na atividade elevada de grupos de moedas mais antigas.
As Faixas de Volume Gasto por Idade (SVAB), filtradas abaixo para mostrar moedas gastas e acima de seis meses de existência, ilustra como o volume de gastos deve ficar.
Na tendência de alta durante o fim de 2020, mais de seis milhões de moedas gastas totalizavam 7% do volume em blockchain. Desde então, auges sucessivos de gastos desse grupo caíram, chegando a apenas 3,5% de volume diário a altas recentes.
Essa dinâmica também é visível nas Ondas de Capitalização Realizada de HODL, que distribui o fornecimento em circulação por sua respectiva ponderação na Capitalização Realizada, ajudando a enfatizar gastos recentes.
Uma observação fundamental nas Ondas de Capitalização Realizada de HODL é a compressão da onda de três a seis meses, que são os donos de moedas compradas entre meados de junho e setembro (basicamente, as baixas do ano).
Uma compressão da faixa de três a seis meses enquanto a faixa sênior de seis meses a um ano sinaliza para fora mostram a maturação da moeda conforme bitcoins ficam dormentes e envelhecem, graduando para o grupo mais antigo mencionado acima.
Em sintonia com o crescimento do grupo mais antigo de seis meses a um ano está um aumento nas faixas mais jovens em outubro e novembro durante o topo histórico do mercado.
Esse comportamento mostra que moedas mais antigas estão sendo gastas, redefinindo suas vidas úteis para zero.
Com base na compressão da faixa entre três a seis meses (e da faixa de um a três meses a um nível menor), grande parte dos gastos recentes emanou desses holders a médio prazo.
A principal lição aqui é que grande parte dos gastos de moedas sendo feitos parece ser de moedas adquiridas nos últimos três a seis meses em vez de holders a longo prazo.
Dentre os investidores que anteciparam a tomada de ação nas recentes altas estavam os Holders a Longo Prazo, que são distribuidores consistentes na descoberta de preço. A natureza cíclica de Holders a Longo Prazo é a seguinte:
– acumulação estável em fases pessimistas do mercado, eventualmente atingindo um nível de ‘auge de HODL’;
– gasto de moedas rentáveis em altas recordes, realizando lucros em força de mercado;
– quando o preço atinge seu auge e despenca, Holders a Longo Prazo começam a acumular moedas novamente.
Eventos de distribuição, visualizados abaixo como a variação de sete dias no Fornecimento de Holders a Longo Prazo, geralmente resultam em auges de 2% ou mais de fornecimento movimentado para novos compradores.
Porém, as recentes altas recordes e a subsequente queda teve um auge na taxa de gastos de apenas 0,6%, apenas 30% da quantia esperada por Holders a Longo Prazo.
Esses investidores de baixa preferência temporal parecem estar reticentes em gastar a preços atuais, o que pode indicar uma sofisticação em suas tomadas de decisão.
Moedas a curto prazo brincam de dança das cadeiras
Novos investidores fazem parte do primeiro grupo testado durante o enfraquecimento do preço do bitcoin. Nos dias após a alta recorde em novembro e além da grande liquidação em 4 de dezembro, a realização de prejuízo em blockchain de US$ 50 milhões a US$ 100 milhões era comum.
Para que a realização de prejuízo aconteça após uma alta recorde, esses gastadores precisam ser os grandes compradores.
O Lucro/Prejuízo Realizado Líquido visualiza o resultado do gasto em blockchain em dólares. Observe:
– obtenção consistente de lucros em torno de altas recordes conforme moedas de preços mais baixos são gastas para novos compradores;
– realização acentuada de prejuízo nos dias seguintes conforme o preço caiu mais de 30%. Prejuízos realizados após altas recordes indicam que moedas foram adquiridas no auge;
– atividade relativamente fixa nas duas últimas semanas, sugerindo que o interesse de investidores está atingindo um ponto de exaustão a preços atuais.
Entendendo que o gasto de moedas mais antigas está caindo e Holders a Longo Prazo estão de lado, pode-se sugerir que a recente atividade de moedas está dentro do grupo de Holders a Curto Prazo.
Uma análise à proporção de Lucro/Prejuízo de Holders a Curto Prazo pode mostrar a saúde do fornecimento desse grupo e ilustra períodos de ação de preço superaquecido.
– Altos valores acima de mil (cor vermelha) indicam momentos de extrema rentabilidade para novos investidores. Esses momentos são breves e, geralmente, precedem reversões locais;
– Valores entre cem e mil (cor amarela) significam que novos compradores estão tendo lucros saudáveis;
– Valores abaixo de um (cor azul) indicam que Holders a Curto Prazo estão tendo prejuízo;
– Baixos valores próximos ou abaixo de 0,1 (cor verde) são momentos de elevada vulnerabilidade para novos compradores e frequentemente marcam baixas locais, onde o valor é estabelecido.
O Lucro/Prejuízo de Holders a Curto Prazo disparou drasticamente no fim de outubro conforme o bitcoin bateu recorde de preço.
Compradores da moeda entre agosto e setembro de repente se viram com um lucro de mais de 60% e o mercado teve de se corrigir para acomodar a obtenção de lucros.
Atualmente, Holders a Curto Prazo se encontram em prejuízo agregado, apesar do ritmo da queda ter diminuído junto com o preço.
Enquanto essas moedas continuarem em rotatividade, suas vidas úteis continuam jovens e permanecem como membros do Fornecimento de Holders a Curto Prazo.
A rotação de moedas entre novos donos também pode ser vista na taxa de variação do Preço Realizado de Holders a Curto Prazo.
Como donos do fornecimento mais jovem, sua base de custo é mais responsiva a preços do que seus primos, os Holders a Longo Prazo. A interpretação da base de custos para cada grupo é diferente:
– o Preço Realizado de Holders a Curto Prazo sobe quando moedas são gastas de preços mais baixos, fazendo com que sejam reprecificadas a um preço mais alto e, assim, aumentam a base de custo agregada do grupo;
– o Preço Realizado de Holders a Curto Prazo cai quando o preço cai. Moedas de preços mais altos são reprecificadas em novas mãos a custos mais baixos, puxando sua base de custo para baixo;
– o Preço Realizado de Holders a Longo Prazo aumenta quando moedas amadurecem de preços cada vez maiores conforme o bitcoin valoriza. O atraso na adesão desse grupo torna sua base de custo menos responsiva ao preço e mais obrigada ao comportamento de amadurecimento por holders;
– o Preço Realizado de Holders a Longo Prazo raramente diminui e, geralmente, apenas em mercados de baixa prolongados. Em vez de cair, tende a ir para os dois lados conforme moedas amadurecem durante longos períodos de variação de preço.
Note o recente aumento no Preço Realizado de Holders a Curto Prazo durante as altas de outubro e novembro, mostrando a reprecificação de moedas a preços mais altos conforme novos investidores compraram na alta.
A perspectiva da rotação de moedas no grupo de Holders a Curto Prazo é vista no Percentual de Entidades Lucrando. Uma observação notável nesse gráfico é a tendência arqueada do fim de julho até agora:
– no fim de julho, o preço era de US$ 32,3 mil e 76% de todas as entidades em blockchain estavam lucrando;
– quando novas altas foram criadas em outubro e novembro, 100% das entidades estavam lucrando – um resultado esperado da descoberta de preço;
– agora, no fim de dezembro, o preço é de US$ 47,6 mil (US$ 15 mil mais alto) e novamente existem apenas 76% de entidades obtendo lucro.
Para que o preço esteja US$ 15 mil mais alto (mais de 47%) do que no segundo trimestre enquanto a mesma quantidade de investidores está lucrando, desconsiderando o gasto antigo, uma grande mistura de moedas teve acontecer no topo e dentro do grupo de Holders a Curto Prazo.
Isso significa que a maioria das moedas foram compradas desde julho e indica que a composição do suporte atual é pesada – muitas moedas foram compradas no topo e, agora, estão submersas.
Como a cereja do bolo desta discussão sobre fornecimento muito pesado, analisamos a Distribuição de Preço Não Realizado, que mostra todos os bitcoins em circulação com base no seu preço na última transação.
Uma rápida observação revela que 24,6% de todo o fornecimento do BTC está acima do preço atual em cerca de US$ 47 mil, ou seja, 1 em cada 4 BTC está atualmente submerso.
Apesar do enfraquecimento, fortes investidores continuam acumulando bitcoins
Um comportamento que deixou sua marca no mercado do bitcoin em 2020 é a acumulação constante por investidores com um histórico limitado de gastos.
O Fornecimento Ilíquido é a quantia de bitcoins armazenados por entidades em blockchain com fluxos maiores ou iguais a 75% em seu histórico de registro.
O fornecimento em posse dessas entidades ilíquidas foi liquidado em maio junto com grande parte do mercado. Desde então, mantiveram uma pressão consistente de acumulação e agora estão em posse de moedas a uma taxa de 3,4 vezes a emissão diária.
Em outras palavras, holders de mãos firmes estão absorvendo o fornecimento em mais do triplo da taxa de novas moedas sendo mineradas todos os dias.
Investidores de mãos firmes não são os únicos que estão tirando moedas de possíveis compradores. Após um grande impulso de depósitos a corretoras em maio (mais de US$ 300 milhões em 14 dias), o bitcoin esteve sendo armazenado offline nos meses seguintes.
O gráfico abaixo mostra o volume de transferência líquido de/para todas as corretoras, que é a diferença entre todos os depósitos e todos os saques em dólares.
A primeira alta recorde do bitcoin no fim de outubro teve cerca de US$ 100 milhões de fluxos de entrada, mas as semanas seguintes foram dominadas pelo volume consistente de fluxos de saída de corretoras, com valores médios de menos US$ 150 milhões e US$ 175 milhões em 14 dias.
Até agora, o enfraquecimento de preço não gerou uma corrida para as saídas, conforme investidores estão criando fricção entre sua governança e a capacidade de vender seus bitcoins.
Um grupo que não tem a reputação de ser mão firme são os mineradores, que têm uma fonte consistente de pressão de gastos na rede Bitcoin desde sua criação. Bom, talvez sua reputação precise de uma reestruturação!
Nos últimos dois anos, o comportamento dos mineradores passou por uma transformação.
Chips novos e mais poderosos melhoraram a eficiência operacional, e a expansão de mineradores para a América do Norte deu a muitos deles acesso ao capital operante ao exercitar a dívida barata e o patrimônio corporativo.
Em 2021, o minerador médio é mais resiliente do que as gerações passadas.
O que antes era um confiável fluxo de saída de gastos de carteiras de mineradores mudou desde 2019 e, agora, mineradores estão depositando mais fornecimento emitido em seus tesouros do que antes.
O gráfico abaixo mostra a soma de 90 dias do Volume de Fluxo Líquido de Mineradores (em dólares) como uma porcentagem da Capitalização de Mercado, e o aumento multianual é evidente.
Se mineradores evoluírem para holders, um grupo que é naturalmente incentivado a gastar, então adquirir novos bitcoins no futuro pode se tornar cada vez mais difícil.
Caso você tenha perdido, na última semana o fornecimento em circulação ultrapassou a marca de 90% de seu limite futuro, conforme o fornecimento em circulação ultrapassou 18,9 milhões de bitcoins.
Em menos de 13 anos, nove décimos do fornecimento total do bitcoin foi emitido a mineradores.
Porém, o cronograma determinístico da emissão de bitcoin ainda tem um longo caminho para percorrer, pois 10% do fornecimento restante será emitido ao longo dos próximos 119 anos, terminando aproximadamente no ano de 2140.
Com muitos tipos de holders armazenando bitcoin a longo prazo, oportunidades futuras de adquirir o primeiro criptoativo absolutamente escasso do mundo serão cada vez mais limitadas.
Sobre o autor
A Glassnode é a maior provedora de dados e inteligência de blockchain que gera métricas e ferramentas onchain para quem realmente quer entender o mercado de criptomoedas.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Glassnode.