“O bear market é o momento de se desenvolver, aprofundar e firmar raízes”, como dizem por aí. E, de fato, muito tem acontecido debaixo do solo do mundo das criptomoedas. Das cinzas do projeto Diem da Meta (ex-Facebook) estão surgindo duas novas blockchains, liderados pelos antigos engenheiros do Diem.
Este ano, Sui e Aptos chamaram a atenção dos fãs de cripto e dos capitalistas de risco. Ambos arrecadaram mais de US$ 300 milhões de “peixes grandes” do mercado, como a16z, em avaliações multibilionárias.
Mo Shaikh e Avery Ching, que cofundaram Aptos, trabalharam no projeto Diem da Meta, que foi rejeitado pelos reguladores que se opunham ao lançamento de uma stablecoin atrelada ao dólar pelo grupo.
A equipe de cinco pessoas por trás de Sui também trabalhou no Diem, embora os dois projetos não estejam em colaboração.
Contudo, eles têm muitas semelhanças. Ambos utilizam a nova linguagem de codificação Move, que foi originalmente desenvolvida para o Diem. Ela é baseada em Rust, a linguagem das blockchains Solana e Near, para que possa fornecer um processo de integração fácil para desenvolvedores familiarizados com esse código.
Sem entrar nos detalhes granulares, a Move procurou resolver alguns dos problemas do código Solidity do Ethereum, utilizando o processamento paralelo e armazenando os dados dentro dos próprios ativos em vez da blockchain. Ao armazenar dados em ativos, você pode otimizar as transações enviadas aos operadores de nós.
“Se um usuário quiser publicar algo na cadeia, ele pode, pois é o dono”, disse Kostas Chalkias, cofundador da Sui e criptografista chefe em uma sessão de perguntas e respostas em junho. “Se eles quiserem transferir algo para outra pessoa, não precisam de um consenso completo.”
Embora as velocidades de processamento na rede principal do Ethereum sejam prejudicadas pela natureza linear de seu mecanismo de consenso de blocos (as transações devem ser processadas e ordenadas antes de serem adicionadas a um bloco e confirmadas), o Move divide os processos de execução e confirmação e os executa em paralelo.
Com um armazenamento de dados mais eficiente e processamento paralelo, ambas as cadeias alegam ser mais rápidas do que todas as concorrentes.
Além disso, tanto Sui quanto Aptos suportam a fragmentação horizontal como uma solução de escala, que não é exclusiva, pois Ethereum está fazendo o mesmo. No entanto, isso permite que novas cadeias criem fragmentos especializados que aproveitam as diferentes soluções de armazenamento ou se concentrem em um conjunto específico de transações, permitindo assim maior eficiência.
A disputa pela blockchain mais eficiente do mercado
Tudo isso permitiu que a Aptos obtivesse uma velocidade de até 130 mil transações por segundo (TPS), com Sui não muito atrás, com 120 mil TPS. No entanto, essas velocidades foram alcançadas em um ambiente devnet, e no caso da Aptos, focaram apenas na execução e não incluíram o processo de consenso.
Para explicar isso melhor, estas velocidades são aproximadamente duas vezes mais rápidas do que a Solana, que é uma das blockchains mais rápidas atualmente, com velocidades de até 65 mil TPS (devo mencionar que Solana tem um “limite teórico” de 710 mil TPS, sendo possível se a tecnologia melhorar a expectativa da equipe Solana).
Ethereum está ficando para trás com apenas 15,7 TPS. No entanto, à medida que a cadeia é atualizada, os desenvolvedores esperam que ela exceda 100 mil TPS.
O mecanismo de consenso da Aptos atualiza automaticamente as rotações do validador e gerencia cuidadosamente o desempenho dos nós em termos de tempo de atividade e honestidade. “A cadeia distribui recompensas com base no desempenho do node”, disse um desenvolvedor da Aptos em seu servidor Discord.
Ambas as cadeias esperam ser totalmente descentralizadas usando mecanismos especializados de comprovação de consenso. No entanto, leva tempo para atrair desenvolvedores e operadores de nó, de modo que deve demorar algum tempo até que essas novas cadeias possam competir com o Ethereum em termos de descentralização.
Embora o mercado cripto possa estar ansioso pela blockchain de “um milhão de TPS” que resolverá todos os nossos problemas de escalabilidade e integrará um bilhão de usuários, é fácil ignorar as melhorias graduais de design que surgem à medida que esse universo evolui. Sui e Aptos podem ser o futuro do design de blockchain.
Sobre o autor
Nathan Thompson é redator líder de Tecnologia da exchange de criptomoedas Bybit. Antes disso, trabalhou como jornalista por mais de dez anos cobrindo o Sudeste Asiático.