Imagem da matéria: Com CEO desaparecido e centenas de processos, Atlas Quantum quer R$ 3,2 bilhões da CVM
Onde estará Rodrigo Marques dos Santos, o criador da Atlas Quantum? (Reprodução/Youtube)

A Atlas Quantum — pirâmide de criptomoedas que há dois anos não libera saques para seus clientes e responde a cerca de 800 processos só na Justiça de São Paulo — resolveu comprar uma nova briga contra a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Na quarta-feira (11), a falsa empresa processou o regulador em R$ 3,2 bilhões por danos morais e materiais e pediu para a Justiça anular um stop order emitido em agosto de 2019, no qual foi proibida de ofertar títulos ou contratos de investimento coletivo.

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Na petição do caso, assinada pelo advogado Danilo Palinkas Anzelotti, a empresa alega que quebrou e deixou um rastro de dívidas por causa da deliberação da CVM daquele ano:

“Proibida de atuar, a Atlas experimentou (e ainda experimenta) uma crise de imagem e econômica sem precedentes: centenas de colaboradores demitidos, sua sede (até então vista como modelo de local para se trabalhar) fechada e inúmeros processos judiciais promovidos por clientes para reparação dos danos sofridos pela perda dos criptoativos”.

A ação foi distribuída na 24ª Vara Cível Federal de São Paulo. A CVM ainda não se manifestou no processo. Em nota, o regulador disse que, por meio de sua Procuradoria Federal Especializada, acompanha os desdobramentos do caso e que neste momento “não fará comentários adicionais.”

Não vai para frente, diz advogado

Artêmio Ferreira Picanço, conhecido no mercado de criptomoedas pelas centenas de processos que tem contra a Atlas Quantum, disse que o processo não deve ir para frente.

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“Isso porque há contradições na peça, ora se fala que as criptomoedas dos clientes estão bloqueadas, ora se fala que estão perdidos. Estranho ainda é que é o processo cita um endereço tanto do Rodrigo Marques (CEO da Atlas) quanto da empresa como se existissem, mas esses endereços são negativos nos processos”, falou.

Picanço também falou que é curioso a empresa ter processado a CVM somente dois anos depois do stop order. “Acho que foi mais uma tentativa de frear o fenômeno da prescrição”.

O advogado ainda citou o fato de a defesa da Atlas Quantum ter divulgado as informações dos clientes na petição, o que fere a legislação.

“Dentro dessa ação foi colocado um anexo com e-mails e saldos dos clientes para comprovar que existia esses saldos. Isso vai contra a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)”.

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Em grupos de criptomoedas em aplicativos de conversa, um especialista que pediu para não ter o nome divulgado disse que a atitude da empresa mais parece mais uma aventura jurídica.

“Se ganharem, podem levar algum dinheiro para garantir as condenações. Se perderem, será só mais um passivo que não pagarão. E ainda usarão isso como cortina de fumaça sobre o motivo de estarem onde estão. A honestidade intelectual passa longe”.

Falsas promessas

A Atlas Quantum vem enrolando seus clientes com falsas promessas de pagamentos desde o final de 2019. A plataforma chegou a adquirir outra exchange — que é um suposto golpe – e fundar plataformas para tentar reestruturar o negócio, mas nada deu certo.

No início deste ano, a Atlas passou a oferecer acordos abusivos para os investidores. Em alguns casos, a empresa dava desconto de mais de 90% nos valores que as pessoas deveriam receber.

Muitas das vítimas aceitaram a proposta, na esperança de recuperar pelo menos parte do dinheiro perdido, mas no final Marques não pagou ninguém.

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