A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul prendeu na quarta-feira (25) o empresário Marcos Walevein, acusado de usar criptomoedas para lavar o dinheiro de uma organização criminosa que traficava drogas em vários estados do Brasil.
No seu perfil do Instagram, onde se define como “coach financeiro”, Walevein falava sobre criptoativos e promovia sua empresa de investimentos WK Trading.
Na sua última publicação, feita na terça-feira (24), um dia antes de ser preso, ele repercutiu a queda da criptomoeda Luna. Walevein também ostentava a vida de luxo na rede social e postava fotos portando armas de alto calibre.
Em depoimento à polícia, o empresário disse atuar no ramo de investimentos por meio da sua empresa de criptomoedas, segundo reportagem do portal G1. Através do seu negócio, Walevein afirmou ter movimentado quase R$ 22 milhões, possivelmente de origem ilícita.
Portanto, ele é visto pela polícia como um “contador”, que lavava dinheiro para a organização criminosa investigada desde julho de 2020. Neste período, as autoridades conseguiram o afastamento do sigilo bancário e fiscal de investigados e solicitaram o bloqueio de mais de R$ 85 milhões da empresa que estava no nome de Waleivein.
Outro lado
O advogado de Marcos Walevein disse ao G1 que entrará com um pedido de Habeas Corpus em nome de seu cliente assim que conseguir acesso aos autos da investigação.
Conforme ele declarou ao veículo, sua visão é que a prisão preventiva do acusado foi ilegal: “Está fora do tempo a prisão. […] Durante os dois anos o juiz tinha todos os dados dele, porque não agiu antes? Vejo a prisão como ilegal. Não houve nenhum bloqueio bancário”.
Intruso
As investigações da operação “Intruso” foram comandadas pela Polícias Civis de Pernambuco e Sergipe e contou com o apoio de oficiais de outros estados, além do núcleo de criptomoedas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
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Segundo uma nota oficial das autoridades, seis mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária foram cumpridos durante a operação, e levaram à prisão de Walevein em Dourados (MS).
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil de Pernambuco disse que não pode informar quais criptomoedas e empresas da área eram usadas para a lavagem de dinheiro, nem se algum valor em criptoativo foi apreendido.
Conforme mostram imagens divulgadas pelos oficiais, quantias de dinheiro em espécie, joias, computadores e celulares foram confiscados durante a operação.
Desdobramentos
A investigação da organização criminosa está em andamento desde 2020 e pelo menos 20 suspeitos já foram presos nesse período.
Em nota, a Polícia Civil de Sergipe informou que a organização era liderada por Mauro Sérgio de Souza Feitosa, conhecido como “Maurinho”. Ele continuava atuando no tráfico de drogas mesmo preso em uma unidade prisional de Abreu e Lima (PE) antes de ser transferido para outro presídio de Mato Grosso do Sul.
Mayra Evangelista, uma das delegadas responsáveis pelo caso, afirma as prisões desta semana concluiu as investigações sobre o caso.
“É a operação final de uma série de outras operações que foram desencadeadas, também inclusive no estado de Sergipe. [..] A operação resultou não só na apreensão de drogas, identificação de autorias, mas também em prejuízo financeiro aos criminosos, com a apreensão de bens, sequestro de valores e bloqueio de contas”, finalizou.