Imagem aérea de Isla Mujeres, México
(Divulgação/ Prefeitura de Isla Mujeres)

Moradores adeptos à liberdade financeira de Isla Mujeres (Ilha das Mulheres), cidade de Quintana Roo, no México, têm muito a comemorar com a chegada do BTC Isla, um projeto conduzido pela peruana Isabella Santos, cujo objetivo é criar na pequena ilha com 23 mil habitantes uma economia circular de Bitcoin.

O BTC Isla oferece gratuitamente aos moradores um curso sobre Bitcoin que abrange tanto suas tecnologias adjacentes quanto conhecimentos de economia. O projeto é financiado exclusivamente por entusiastas da maior criptomoeda do mundo, que fomentam uma ‘vaquinha’ na plataforma Geyser.fund.

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“São eles que fizeram isso acontecer”, disse Isabella ao Portal do Bitcoin em uma entrevista recente.

A iniciativa arrecadou até agora US$ 5,2 mil em BTC. Desta forma, o BTC Isla patrocina 100% do curso de cada aluno, fornecendo material didático, alimentação e um estímulo de 250 pesos mexicanos para cada aula assistida, o que perfaz na formação um total de 2.500 pesos (cerca de R$ 800) em incentivos.

As aulas são ministradas no segundo andar de um restaurante de Isla Mujeres chamado Mayakita. Isabella tem um acordo com o proprietário que se resume ao pagamento de uma taxa de manutenção. Como o local de estudo é aberto, o espaço funde aulas de Bitcoin, criptomoedas, blockchain com a beleza da ilha, incluindo a força de vontade de Isabella.

Isso porque até bem pouco tempo Isabella morava em Miami, na Flórida, EUA, e atravessava constantemente o continente para trazer materiais, comida e bebida para os alunos.

“Começamos com sete alunos, e quatro alunos concluíram o curso”, disse Isabella, afirmando que o cronograma prevê duas turmas por mês. “Esta foi minha primeira turma a se formar, então preparei o curso com cerca de nove aulas e mais um projeto final seguindo o currículo do Mi Primer Bitcoin”.

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Formandos do BTC Isla (da esq. p/ dir): Claudio de alba, Maria isabel canto trujillo, Héctor José Pelayo González, Noe Ezequiel Ku Garrido (Imagem: Divulgação)

‘Mi Primer Bitcoin’ (Meu Primeiro Bitcoin) é o nome de uma ONG de El Salvador cuja sede fica na capital San Salvador — é a entidade que emite os certificados do BTC Isla. O projeto, como define em seu site oficial, “foi criado em torno de um conceito central: que a educação independente, imparcial e liderada pela comunidade sobre Bitcoin mudará o mundo”. 

“Cada aula tinha um quiz no início sobre a aula anterior e durava até duas horas. Após cada aula, os alunos que compareciam ganhavam alguns sats por participar e sacrificar seu tempo. Na próxima turma, quero fazer cerca de seis aulas em vez de nove”, explica Isabella.

Encontro com Bitcoin e efeito “orange-pilled”

Isabella atribui a criação do BTC Isla à “pílula laranja” — uma referência ao Bitcoin, considerando seu símbolo de cor laranja, mas em analogia à pílula vermelha do filme Matrix. Em resumo, ser “orange-pilled” ou “tomar a pílula laranja” significa declarar sua dedicação ao Bitcoin.

Aliás, a história de como Isabella conheceu o Bitcoin surpreende. Ela conta que ouviu sobre a criptomoeda pela primeira vez em 2016, época de faculdade, e pediu para seu pai investir, já que ela ainda não tinha renda própria. “Ele não me ouviu, então eu deixei de lado”.

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O encontro com o BTC veio cerca de cinco anos depois, quando trabalhava em um jornal online e decidiu cobrir um evento do Bitcoin Magazine. No entanto, o jornal não forneceu subsídio para o trabalho e sugeriu que ela  tentasse um ingresso gratuito.

Isabella Santos em Madeira, Portugal (Foto:Reprodução)

Isabella conta que na ocasião a entrada na conferência lhe custaria no mínimo US$ 300 e por isso resolveu montar uma barraca de café e donuts o mais perto possível da entrada principal e o mais próximo possível da equipe de checkup.

E ela ainda tinha uma plano B: “Enviei mensagens para todos os palestrantes da conferência, eram mais de 100. De todos eles, apenas dois responderam: Btc Sessions e Aleks Svetski”, descreve.

“Resumindo, Svetski me acolheu e conseguiu um ingresso de assessoria de imprensa para mim. Eu então consegui entrevistar literalmente todas as pessoas que havia contatado, incluindo Mr. Wonderful do Shark Tank”, relata.

“Svetski me apresentou a Francis Pouliot e Madex. Como eu morava em Miami, eu os levava para os eventos e eles me faziam entrar, enquanto eu recebia sessões de “orange pilling” no carro. Entrei na conferência de Bitcoin como uma pessoa e saí como outra”, contou.

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Aquele ano também foi o auge do Bitcoin, conta Isabella. “Vendi todas as minhas ações e comprei Bitcoin. Depois disso, comecei a pesquisar o máximo que pude para realmente entender”.

Insight no Peru e a idealização do BTC Isla

Isabella é cofundadora da Get Based, uma agência que produz conteúdos para programas e documentários, com foco em ajudar outras empresas a construir suas comunidades. 

Ela conta que em dezembro do ano passado fez um documentário no Peru sobre a ONG MOTIV, que estava construindo economias circulares de Bitcoin em todo o país, especialmente nas periferias.

“Eles não estavam apenas usando o Bitcoin como uma ferramenta de liberdade, mas estavam fazendo o trabalho de Deus lá. Estavam ensinando as pessoas dessas aldeias a criar negócios, a cozinhar, falar inglês, construir filtros de água em lugares que não tinham água limpa”, conta Isabella. “Depois de vê-los criar e melhorar comunidades, percebi que precisava fazer mais do que ‘orange pilling’ na ilha”.

Isabella e equipe Get Based em visita a comunidade no Peru (Imagem: Reprodução)

Desde fevereiro ela mora em Isla Mujeres; enquanto se adapta à nova vida, toca o BTC Isla de perto. Segundo ela, seu estilo de vida atual se resume a “meio caótico” — Isabella é empresária, apresentadora e produtora de conteúdo. Em pesquisa feita pela reportagem, ela já entrevistou várias personalidades do mundo cripto, como Michael Saylor, por exemplo.

No final deste mês, sua equipe vai filmar um documentário em Jeckyll Island, uma Ilha na Geórgia e, nesse meio tempo, ela ainda toca o ‘Bitcoin Backstage‘, um programa sobre cripto do Bitcoin Magazine, e também participa como palestrante da Bitcoin Conference 2024, que aconteceu neste fim de semana em Nashville, Tennessee, EUA.

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Isabella tem sonhos atrelados especificamente ao BTC Isla. Seu objetivo é integrar pelo menos 100 comerciantes do varejo local. Segundo ela, três deles já aceitam a criptomoeda como meio de pagamento.

Ela pretende também abrir outro período de curso, atualmente oferecido de manhã, para alunos da tarde, e também oferecer curso de inglês. E não para por aí: a Isla Mujeres ideal para ela é ter 100 negócios aceitando Bitcoin, como táxis por exemplo, retiros, dentre outros serviços para os moradores.

“Planejo integrar muito mais. Tem sido difícil fazer isso sozinha, quero expandir a equipe e ter alguém para me ajudar com todas essas ideias que tenho para a ilha”.

Sobre a Iha das Mulheres

Isla Mujeres é um dos 11 municípios do estado de Quintana Roo, com uma área de 1.100 km². Cercada pelas belezas naturais e com economia próspera, a ilha é um dos destinos preferidos de milhares de visitantes nacionais e estrangeiros.

Segundo o Governo do México, entre 2010 e 2020, a população de Isla Mujeres aumentou em 40%, perfazendo cerca de 23 mil habitantes, sendo 49,1% mulheres e 50,9% homens.

Atualmente, a ilha, que fica a cerca de 15 min de barco do centro de Cancún, conta com 65,3% de cidadãos economicamente ativos e uma taxa de desemprego de apenas 2%.

(Imagem: Divulgação/Prefeitura de Isla Mujeres)

Acerca do nome ‘Isla Mujeres’, há várias teorias, sendo uma das mais antigas ligadas à ocupação Maia, quando a porção de terra era chamada de “Ixchel”, que na mitologia maia remete aos termos “deusa do amor”, “deusa da fertilidade”, entre outros, conforme conta a Folha em um artigo sobre a ilha.

Mas talvez o verdadeiro motivo ainda esteja escondido em algum lugar, assim como algumas praias de Isla Mujeres, que, segundo Isabella, só são alcançáveis mediante escaladas de muitos penhascos.

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