Imagem da matéria: Brasileiro ganha bolsa internacional para estudar o código do Bitcoin
Foto: Shutterstock

A fundação Brink anunciou na segunda-feira (04) os ganhadores de sua bolsa de pesquisas para desenvolvedores que atuem no código aberto do Bitcoin. Entre eles está o brasileiro Bruno Garcia, que trabalha como desenvolvedor back end no Mercado Bitcoin e irá conciliar as funções de pesquisador com o emprego.

Garcia ganhou notoriedade na comunidade Bitcoin ao identificar um ponto a ser corrigido no código do Taproot, atualização mais importante do Bitcoin e que foi implementada em novembro do ano passado.

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O brasileiro achou uma inconsistência no código e sugeriu uma correção no teste funcional do Taproot. Todo o debate sobre a identificação da inconsistência e como manejar a situação podem ser lidos (em inglês) no Github.

Agora, com a bolsa, Garcia quer continuar esse caminho de identificação de falhas em testes funcionais.

“O foco é continuar ajudando nos testes e revisões de pull requests, melhorar os testes funcionais cobrindo mais funcionalidades, estudar mais sobre testes de mutação para implementar no Core e algumas outras coisas mais de wallet, network, peer to peer”, afirma ao Portal do Bitcoin.

O desenvolvedor explica que pull request é quando alguém quer adicionar/remover/modificar algo no código, só que pra isso ser aprovado e aceito, é necessário que outros desenvolvedores analisem e testem o que está sendo proposto.

Já testes de mutação são um tipo de teste automatizado no código que “modifica” alguma parte do código de propósito para ver se acusa algum erro. “A ideia é aplicar isso como mais uma ferramenta que ajuda os devs a testarem a aplicação”, diz.

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Perguntado sobre qual espaço enxerga para melhoria no projeto Bitcoin como um todo, Garcia afirma que existem projetos interessantes sendo tocados no Bitcoin Core.

“Algumas melhorias no build (guix), o projeto do assume UTXO, melhorias em alguns aspectos referentes a mempool, implementação do BIP324, entre outros”, diz.

Fundação Brink

A Fundação Brink foi fundada em 2020 com um aporte financeiro de John Pfeffer e Wences Casares. A organização tem como meta fomentar projetos que ajudem a desenvolver e fortalecer o Bitcoin e faz isso por meio de bolsas para pesquisas.

Casares é um dos pioneiros do Bitcoin na Argentina e foi responsável por espalhar a palavra de Satoshi no Vale do Silício, nos Estados Unidos.

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Bruno Ely Reis Garcia, 22 anos, encontrou uma falha no Taproot (Foto: Arquivo pessoal)

Brasileiro de destaque na comunidade Bitcoin

Bruno Ely Reis Garcia, 22 anos, é um dos 16 nomes que constam na lista de colaboradores do Bitcoin Core 0.21.1, a versão da criptomoeda que deu início ao período de ativação da Taproot — a atualização mais importante do bitcoin em quatro anos. Ele é único brasileiro que colaborou diretamente com melhorias na nova versão do código aberto do bitcoin

Garcia ouviu falar em criptomoedas pela primeira vez em 2015 e já naquela época, tentou minerar bitcoin em um computador velho que tinha em casa, mas sem sucesso. Deste então, o interesse pela área só aumentou e ele passou a estudar a parte teórica do criptoativo, se formando mais tarde em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

alteração #21081 do brasileiro removeu uma instrução de retorno desnecessária que estava atrapalhando o andamento dos testes automatizados. Esses testes são importantes para garantir que não haja qualquer brecha no código que possa ser explorada por um agente mal-intencionado no futuro.

O erro que ele identificou estava no código escrito por Pieter Wuille, um dos desenvolvedores mais respeitados da indústria e um dos criadores da Proposta de Melhoria do Bitcoin (BIP, na sigla em inglês) que introduziu a Taproot.

Taproot e a redução de custos

Taproot é um protocolo que facilita transações complicadas e reduz as taxas da rede. Do jeito que era antes dele, as transações complexas do Bitcoin adicionam muitos códigos à blockchain e são facilmente identificáveis.

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Isso torna mais fácil rastrear o fluxo de dinheiro, aumenta desnecessariamente a rede e encarece as taxas. Não é ideal para um sistema de pagamentos com foco na privacidade e com pouco espaço.

A Taproot junta transações complexas com as simples, tornando difícil identificar a procedência delas, enquanto economiza dados. Isso também reduz os custos para transações complicadas.

A última grande atualização foi a Segregated Witness (SegWit) em 2017, que removeu alguns dados de transações para permitir que os blocos lidassem com mais transações.

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