O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (02), em entrevista em um evento ao vivo organizado pela Bloomberg, que o Brasil deve ter uma moeda digital em 2022.
Ao ser questionado sobre tema pelo jornalista Erik Schatzkerm, Campos Neto afirmou que a moeda digital era consequência de uma construção de elementos e enumerou o que chamou de ingredientes necessários:
“Deve-se ter um sistema de pagamentos eficiente e que seja interoperacional, um sistema aberto no qual exista competição e precisa de uma moeda que tenha credibilidade e seja conversível e internacional”.
A entrevista entrou alguns aspectos polêmicos como a saúde macroeconômica do país, a independência do Banco Central e o aumentos do gastos públicos.
No final da conversa, entrevistador também perguntou sobre o motivo do Banco Central não ter apoiado o Facebook nos testes do WhatsApp Pay, sendo que a entidade se considerava uma grande incentivadora de tecnologias de pagamento.
Campos Neto negou não ter apoiado e disse que se trata de um procedimento padrão, onde todas as empresas de arranjo de pagamento têm que passar por certos processos antes de serem aprovadas.
“O que pedimos foi que eles passassem por todos os processos necessários para ter autorização, assim como qualquer empresa do mercado. Como eles são uma empresa gigante, com potencial de atingir mais de 100 milhões de pessoas, é necessário trilhar esse caminho antes de entrar no mercado”, disse Campos Neto.
Por fim, o presidente do BC disse estar conversando com Google e Paypal para saber como eles podem aumentar o mercado de pagamentos no Brasil. “Queremos que todas as BigTechs possam estar no Brasil para aumentar a competição e eficiência e diminuir os custos dos pagamentos
Planos anunciados pelo governo
No dia 20 de agosto, o BC anunciou pela primeira vez os planos estudar uma moeda digital nacional, embora não tenha mencionado nenhum tipo de prazo.
Atualmente, já existe uma equipe dedica da pensar a implementação do projeto no país. Ela tem doze especialistas focados para a analisar os desafios para a emissão do token brasileiro.
O grupo é coordenado por Aristides Andrade Cavalcante Neto e Rafael Sarres de Almeida, ambos do Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf).
O objetivo, segundo o Banco Central, será de propor um modelo adequado de emissão da chamada CBDC, com identificação de riscos, incluindo a segurança cibernética, a proteção de dados e a aderência normativa e regulatória.