O blockchain está no centros dos planos da Meta – empresa empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram – para o desenvolvimento dos seus plano de criação de um metaverso. “O Blockchain é essencial para a segurança do metaverso”, resumiu nesta quarta-feira (12) Maren Lau, vice-presidente da companhia para a América Latina, durante live promovida pelo jornal Valor Econômico.
Durante o evento, Maren sinalizou que a companhia tende inclusive a focar mais em blockchain do que em criptomoedas. O Portal do Bitcoin perguntou à executiva o papel dessas duas tecnologias na construção do conceito de metaverso. Maren louvou o primeiro e praticamente ignorou o segundo.
“O blockchain vai permitir a segurança no metaverso, pois será um local onde será possível ver toda as transações do produto ou serviço. O blockchain é bem importante para o metaverso porque estamos falando de transações digitais e essa tecnologia permite registrar, ter transparência, fazer uma rastreio do histórico de transações desse produto ou propriedade intelectual”, disse a executiva. “
Já sobre cripto, a executiva se limitou a afirmar que “tem um papel no sentido no papel em que é construído no blockchain e faz que seja uma moeda digital segura”. A Meta já tentou, sem sucesso, uma série de projetos de criação de uma criptomoeda própria da companhia.
“Blockchain, não Bitcoin” é uma linha de pensamento clássica de parte da indústria. De acordo com os adeptos, o mais importante no setor cripto não são as moedas ou os tokens em si, mas sim a tecnologia sob a qual tudo é feito.
Na live, Maren disse ainda que a empresa espera que demore de cinco a 15 anos para o metaverso ser plenamente desenvolvido e que, em dez anos, cerca de um bilhão de pessoas já terão acesso a alguma face do universo virtual. “Vai ser a maior mudança para o comércio desde a chegada da Internet”, afirmou.
Nem todos estão contentes com os plano da empresa para o metaverso, no entanto. Ainda nesta quarta, Frances Haugen – a executiva que delatou o Facebook sobre os problemas da empresa no enfrentamento às fake news – novamente criticou sua antiga empresa, argumentando que os planos da Meta para o metaverso podem resultar em “uma repetição de todos os problemas” em relação à segurança e privacidade dos consumidores.
Intensa compatibilidade
Em dezembro do ano passado, o jornal The New York Times teve acesso a uma publicação interna da Meta na qual a empesa afirma buscar “intensa compatibilidade” com a tecnologia blockchain.
“Minha orientação geral é atingir uma intensa compatibilidade com o blockchain. Não existem muitos locais onde eu espero que nós dependamos dela exclusivamente ainda, mas se virmos uma oportunidade de trabalhar em conjunto com empreendedores do setor Web 3, espero que valha a pena”, disse Andrew Bosworth, futuro diretor técnico da Meta, em um comunicado interno.
Embora ele tenha sugerido cautela, Bosworth afirmou que a tecnologia blockchain pode ter “impactos profundos em nossa indústria na próxima década”.
Bosworth também reconhece que usuários estão escolhendo equivalentes descentralizados a plataformas tradicionais de redes sociais e tecnologia. No entanto, ele disse que essas pessoas continuam sendo a minoria.
Vida e morte da cripto do Facebook
Em junho de 2019, a então Facebook anunciou a Libra. O projeto havia sido promovido como uma “moeda global sem fronteiras” que teria lastro em uma Reserva da Libra, uma “coleção de ativos de baixa volatilidade, como depósitos bancários e valores mobiliários governamentais, bem como moedas de bancos centrais estáveis e boa reputação”.
Em seus primeiros quatro meses, a Libra Association perdeu oito de seus membros fundadores, incluindo grandes nomes como PayPal, eBay, Stripe e MasterCard.
Libra mudou seu nome para Diem, assim como Calibra (o aplicativo de carteira do Facebook para o armazenamento de Libra), virou Novi.
Mas a própria Diem fracassou. Inicialmente ele reduziu suas ambições para se tornar uma simples stablecoin lastreada ao dólar americano. O mercado cripto já possui várias como Circle, Paxos e Binance (USDC, USDP, BUSD, respectivamente). Mais tarde, vendeu de seus ativos para a Silvergate por US$ 200 milhões, segundo o jornal The Wall Street Journal. Isso significou, pelo menos por enquanto, o fim do projeto de uma criptomoeda própria da Meta.