O antigo economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) Roberto Luis Troster vai ministrar um curso sobre bitcoin na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A seminário, chamado “O futuro da moeda e dos bancos“, custará R$ 800 e ainda não tem data definida.
Consultado pelo Portal do Bitcoin, Troster disse que as aulas não têm um público específico. Qualquer interessado no tema pode participar das atividades. “O objetivo”, explica, “foi apontar mudanças e tendências do sistema financeiro, mais especificamente de uma mudança que tem potencial de ser o começo de uma grande transformação, uma desintermediação segura”.
Segundo a ementa do curso, a ideia é “identificar as principais inovações financeiras, conceitos fundamentais, seu contexto, evolução e potencial, de maneira a situar o participante e facilitar o entendimento de sua dinâmica. Provocar uma reflexão sobre a importância de uma visão de futuro mais fundamentada, num ambiente com muitas inovações financeiras, para entender as transformações e definir as estratégias”.
Bitcoin veio para ficar
Para o economista, que hoje é consultor do Banco Mundial e do FMI, é necessário que todos os setores econômicos, inclusive os mais tradicionais, saibam lidar com o fenômeno do Bitcoin e das criptomoedas.
“Tudo indica que o Bitcoin veio para ficar”, acredita. A falta de interesse e até hostilidade com que essas novidades têm sido recebidas são reflexo das “incertezas e inseguranças” que aparecem naturalmente “num primeiro momento”.
“A questão é qual vai ser o futuro e como adaptar-se a ele. As empresas de criptomoedas saíram na frente, depois as corretoras e agora os bancos. A evolução dessa disputa variou de país para país.”
Na opinião do economista, em breve a disputa entre bancos e corretoras de Bitcoin será resolvida. “Minha bola de cristal, prevê que a médio prazo os bancos vão participar ativamente desse mercado”. É preciso ter em mente, afirma Trostes, “que a velocidade de adaptação no Brasil é baixo, ainda não é permitido ter conta em dólares aqui, para Bitcoins vai demorar um pouco mais”.
O curso é relevante, especialmente levando-se em conta a disputa corrente entre bancos e corretoras de Bitcoin que está em curso no Brasil. Bancos recusaram-se a abrir ou fecharam contas de corretoras, num movimento que foi visto como eliminação injusta da concorrência.
Bancos x corretoras e Bitcoin
Um processo administrativo que tramita no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fará com que o órgão terá de analisar as respostas enviadas – por e-mail – pelas empresas que negociam criptomoedas no Brasil.
Das 12 empresas notificadas pelo órgão regulador, 10 responderam ao questionário. Duas delas, a Coinbr (da Stratum) e a Bitcambio pediram um prazo maior, o que foi concedido. A punição por deixar de enviar o documento até o dia 19 era uma multa diária de R$ 5 mil, podendo chegar R$ 100 mil.
Essas respostas servirão para auxiliar o inquérito administrativo aberto pela Superintendência-Geral do Cade a fim de apurar se os bancos violaram possível conduta anticoncorrencial, prática vedada pela Lei 12.529/2011.
Braziliex, Profitfy, BitBlue, Walltime, Foxbit, Bitcoin Trade, E-Juno, Mercado Bitcoin, Atlas e Capital Digital Aberto (OTC) enviaram os questionários.
No início desse mês a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia oficiado dez exchanges e uma OTC. A empresa de arbitragem Atlas também foi oficiada.
As respostas apresentadas mostram a necessidade de se ter uma conta corrente para manter as atividades, pois toda transação é feita por transferência bancária. Nem todas as corretoras, contudo, tiveram contas encerradas pelos bancos. É o caso da Protiffy cujo problema maior foi a abertura de novas contas.
“Até o presente momento não foram esclarecidos quais os motivos que fundamentaram a recusa, em que pese nosso interesse em operar também com esses bancos”, afirmou a empresa.
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