Depois de semanas de quedas e mais quedas do Bitcoin (BTC), a criptomoeda líder do mercado deu um alívio aos investidores ao ensaiar uma recuperação mais significativa de preço nesta quarta-feira (20).
O maior salto do bitcoin aconteceu no final desta manhã, quando ultrapassou a casa dos US$ 24 mil depois de passar mais de um mês abaixo desta marca. Ao bater um topo diário de US$ 24.190, o bitcoin registrava uma alta de 8% no dia, ganhos que chegaram a superar 24% no acumulado da semana, segundo o CoinMarketCap.
Embora no final desta quarta a criptomoeda tenha recuado para US$ 23 mil com a notícia de que a Tesla vendeu 75% da sua reserva de bitcoin, os atuais ganhos 18% que o BTC registra nos últimos sete dias se mantêm.
A questão que surge neste momento é se esse movimento de alta do bitcoin representa o início do fim do ‘inverno cripto’, ou se não passa de uma flutuação passageira de preço.
Antes de responder essa pergunta, o especialista Lucas Passarini, trader do MB, traça o cenário que levou o bitcoin a performar de forma mais positiva nos últimos dias:
“Os mercados tradicionais estão tendo desempenhos melhores, principalmente as bolsas americanas que estão superando resistências locais. O que impulsionou o mercado nesta quarta foi a Netflix divulgar dados melhores do que o esperado, o que dá um ritmo mais positivo ao mercado que passa a aceitar tomar mais riscos, vendo que as previsões gerais de queda não se concretizaram”.
Na visão de Passarini, é esse cenário positivo que faz com que investidores, pelo menos neste momento, fiquem mais suscetíveis a voltar a se expor a criptomoedas como o bitcoin.
Apesar disso, o especialista ressalta que esse atual movimento de alta não está sustentado por grandes fundamentos macroeconômicos, já que inflação continua aumentando nos EUA enquanto as taxas de juros voltam a subir na Europa.
Para onde vai o bitcoin
“Tudo se encaminha para que esse rali do bitcoin seja um movimento circunstancial”, analisa Passarini. “Com o enfraquecimento das forças vendedoras que pressionaram bastante os mercados nas últimas semanas, é natural que se abra um espaço para os compradores ditem o ritmo do mercado, mesmo que brevemente.”
Embora não seja possível prever quão breve será esse respiro, o analista estima que essa alta do bitcoin possa durar no máximo duas semanas, pelo menos até que novos indicadores de economia global tragam mais informações sobre o apetite por risco dos investidores.
Leia Também
O analista de criptomoedas e trader Marcel Pechman desenha um cenário parecido, em que uma recuperação mais robusta do bitcoin demore mais do que o esperado para acontecer.
“Por enquanto, não há grandes fatores ou fluxos para sustentar uma recuperação do bitcoin acima de U$ 26 mil, pois ainda há muita incerteza nos mercados tradicionais e de ativos digitais”.
Neste ritmo, o especialista projeto que ainda é muito cedo para dizer que o “fundo” do bitcoin ficou para trás. “Caso ocorra uma piora no cenário macroeconômico, é bem provável que a criptomoeda teste novamente o nível entre U$ 18 mil e US$ 20 mil”, sugere.
João Paulo Oliveira, CEO da Nox Bitcoin, também se previne de fazer projeções positivas para o bitcoin nas próximas semanas. “Sempre é difícil chutar preço porque ninguém sabe exatamente para onde os mercados vão. Mas eu chutaria que o bitcoin vai ficar nessa região entre os US$ 20 mil e US$ 30 mil por muito tempo ainda, subindo e caindo”.
Fim do inverno cripto?
Na visão de Oliveira, as altas do bitcoin nos últimos dias não apagam o fato de que a criptomoeda enfrenta atualmente um mercado de baixa.
“É normal, mesmo nos mercados de baixa, que haja volatilidade para cima. Essa alta que estamos vendo vem simplesmente de uma tranquilidade do mercado. Quando o mercado caiu e atingiu o fundo, houve uma percepção de medo um pouco exagerada. Agora, com o mercado mais tranquilizado, o bitcoin sobe um pouco à medida que pessoas voltam a comprar”.
Para Lucas Passarini, ainda é muito cedo para dizer que a atual recuperação do bitcoin signifique o fim do inverno cripto, conforme sugere o comportamento histórico da criptomoeda:
“Os invernos cripto não duram um semestre, duram de um ano e meio a pouco mais de dois anos. Durante o inverno, é possível que tenhamos movimentos de alta. O bitcoin, desde a sua máxima histórica, chegou a cair mais de 70%. Desde a mínima deste ano, subiu 35%. Isso mostra que o mercado não sobe nem cai em linha reta, ele forma padrões de queda e recuperação”.
Numa análise mais ampla, ele relembra que ainda há muitos fatores de risco que o bitcoin precisa superar, não apenas questões internas do ecossistema cripto mas principalmente do cenário macroeconômico.
“Estamos à beira de uma recessão na principal economia do mundo que é os Estados Unidos, e também precisamos ter atenção de como vai se desenrolar a inflação nos próximos meses, se as medidas adotadas pelos bancos centrais vão frear a inflação que está persistente”, conclui Passarini.
Não sabe qual o melhor criptoativo para o seu perfil? No Mercado Bitcoin, quem está começando a investir tem a melhor experiência de negociação e fica informado sobre tudo! Saiba mais sobre o Mercado Bitcoin!